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19 DE ABRIL - UM LEGADO CULTURAL DO BRASIL
Valério Chaves
Des. aposentado do TJPI
A cultura
indígena sempre esteve presente no cotidiano dos brasileiros.
Quando comemos farinha de mandioca; quando tomamos guaraná ou
mate; quando pronunciamos palavras como:
tapera, arara, maracujá, jacaré
ou quando fazemos bolsas trançando fios e fibras, estamos sendo influenciados
pela cultura dos povos primitivos do Brasil.
Em 1943 o então presidente Getúlio Vargas assinou o decreto
5.540 instituindo o dia 19 de abril como o Dia do Índio, com base em um fato
histórico acontecido no México nesta data no ano de 1940 - 1º Congresso
Indigenista Interamericano, com a presença de índios da América.
A partir de então muitas manifestações culturais começaram a
ser realizadas em todo o Brasil para realçar a importância do índio no cenário
cultural brasileiro.
Recordo-me que em 1977, época em eu exercia a profissão de
jornalista em Teresina, a Secretaria da Cultura do Piauí promoveu um concurso
de poesia (sonetos) focalizando o índio como tema e premiar os autores dos três
melhores sonetos.
Mesmo sem possuir dotes poéticos para tanto, resolvi
participar do certame na condição de um mero "enxerido", como se diz
na linguagem popular do Nordeste, com o soneto intitulado HEROI ANÕNIMO.
Para minha surpresa, fui classificado com este soneto em
homenagem ao índio. Não fui o primeiro colocado, mas recebi como prêmio de
consolação, além dos aplausos, uma taça cromada que guardo comigo até hoje.
HEROI ANÔNIMO
Quem é este bravo soldado errante
Que solene, se impõe ao brado inimigo
Escudado de arco e flecha na mão
A um tempo do mundo esquecido
Carregando na testa cabelo liso caído
Crente no Deus do Sol e do Trovão?
Quem és tu Tupinambá?
Da tribo forte do Norte
Festes do branco um dia escravizado?
Amante da terra virgem
Que ainda busca no tempo a origem
De uma raça indígena do passado?
Quem te compreende!
Oh! viandante ordeiro,
O Sol Nascente ou o vasto horizonte?
É o teu filho-amado na terra
Onde o amor puro se encerra
Na serena imagem de tua fronte.
Sou o primitivo ser do Brasil
Testemunha da Cruz da descoberta
Que antes reinava em qualquer lugar,
Hoje vivendo velando humilhado
Recordando o tempo passado,
Implorando um canto pra morar!
(Abril/2024)
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