domingo, 28 de abril de 2024

FLAGRANTES DE TERESINA

Fonte: Google

 

FLAGRANTES DE TERESINA


Elmar Carvalho

     

           I

 

À meia-noite

percorria a praça.

A noite era silente e fria

e nenhuma estrela luzia ...

O manto escuro tudo

envolvia e ninguém existia.

Apenas o olhar cego

do Conselheiro, ao longe,

indiferente, me via.

 

           II

 

Em criança

a carranca do Barão

em seu assombro me fascinava.

Seu bigode recurvo espetava o ar

a ceifar a brisa como às nuvens

e ao céu o alfanje lunar.

Um besouro inoportuno

bolinou o bigode do Barão

e o bigode de bronze

imperceptivelmente se moveu.

 

 

           III

 

Na praça Saraiva

uma flor fez-se borboleta

e desferiu um voo rasante

sobre a cabeça do Conselheiro

que permaneceu

impassivo e contemplativo

em sua dura

postura de escultura:

hierático e estático.

8 comentários:

  1. Belo poema! Parabéns! Gostei do bigode que imperceptivelmente se moveu

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  2. Imperceptivelmente se moveu.

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  3. Caríssimo, o alfange lunar espetando as nuvens e o céu foi demais!!!
    E esse poema parece ser novo!
    Maravilha 🙌🙌🙌

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  4. Vc foi e sempre será um grande.poeta e um grande homem.Parabéns primo.

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  5. Além da beleza dos versos nesse poema, o que me chamou a atenção foi a observação do poeta. A beleza está em tudo e em todo lugar, compete ao poeta revela-la para todos.

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  6. Quando uma pedra for simples pedra, não existirá mais poesia. Disse certa poetisa.

    Lembrei-me, também, do trecho de "Estátuas" - de Luís Vernando Veríssimo:

    (...) Uma estátua é um equivoco em bronze – diria o Mario Quintana, para começar a conversa.

    – Do que nos adianta sermos eternos, mas imóveis? – diria Drummond. (...)

    Parabéns!!

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  7. Correção: "Estátuas", de Luís Fernando Veríssimo. Att

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