Elmar Carvalho fotografado por Elmara Cristina |
A TOGA E A BOLA
Elmar Carvalho
No sábado, à tarde, estive na
churrascaria que leva o nome do falecido Chico Nunes, que tive a oportunidade
de conhecer muitos anos atrás. Trata-se de uma das primeiras a comercializar
capote na região de Campo Maior, e é a mais famosa nessa especialidade
gastronômica. Fica em aprazível localidade, perto do povoado Alto do Meio, às
margens da rodovia que vai para Castelo.
Com o falecimento do Chico, sua
mulher e filhos continuaram a tocar o negócio. Como as cozinheiras são as
mesmas, a qualidade permanece inalterável. Quando o filho do Chico, de nome
Valdemar, que havia sido aluno do Zé Francisco Marques, veio conversar conosco,
começamos a falar sobre futebol, mormente sobre os velhos atletas
campomaiorenses, em virtude de que o Zé Francisco havia dito que o rapaz fora
um grande jogador, tanto em quadra como no futebol convencional.
Lembramos, entre outros, os nomes
de Escurinho, Cabo Dulce, Vicentinho, Chico Galo, Chico Catita, Deca, Zé
Duarte, Geraldinho, Mormaço, Cabo Valter, João de Deus, Zé Moura, Edmar Pinto e
Augusto César. Falamos sobre os goleiros Coló, Beroso, Icade e José Olímpio
Filho, este um dos melhores em futebol de salão.
Nesse ponto, o Zé Francisco fez
questão de dizer que eu havia sido um bom goleiro, e que o Bartolomeu, seu
primo, só iniciava os jogos de que seu time participava quando eu chegava para
defender sua meta. Como eu perguntasse se ele não estava exagerando, passou-me
um pito, e pediu-me que não mais duvidasse de sua palavra, pois não tinha
necessidade de me incensar.
O Valdemar Nunes, depois de saber
que eu era juiz de Direito, espontaneamente, talvez por associação de ideias,
deu o seguinte depoimento sobre o desembargador Alencar: quando ele era o
titular da Comarca de Campo Maior, foi participar de um jogo no Alto do Meio.
Contou-nos que lhe fizeram um lançamento. Ele dominou a pelota no peito;
habilmente, deu um “banho de cuia” no adversário, para em seguida dominar a
bola novamente e tocá-la para o seu
companheiro de equipe.
O Valdemar, então um menino,
achou tão bela a jogada, que nunca a esqueceu, mesmo depois de ter atuado no
futebol profissional do estado e no time de futebol de salão do Armazém
Paraíba. O desembargador ainda hoje atua no time da AMAPI, que recentemente, na
categoria máster, foi campeão em torneio nacional da magistratura. Foi ele o
capitão da equipe, enquanto o meu amigo e colega Rodrigo Alaggio foi
considerado o melhor jogador do campeonato na categoria. Devo dizer, sem
puxa-saquismo, que o jogador Alencar tem um estilo elegante, avesso que é às
rifas dos chutões.
Tem bom domínio de bola e sabe
distribuir os passes com categoria, sem colocar em dificuldade o companheiro. É
lutador e aguerrido, com preparo físico invejável para a sua idade, que não
irei declinar.
Agora, por favor, não me
perguntem se algum dia ele já fez algum gol contra. De qualquer sorte, isso faz
parte dos azares e vicissitudes pebolísticas, e quem nunca cometeu uma jogada
infeliz que lhe atire a primeira pedra.
26 de outubro de 2010
"Sem querer puxar o saco, mas o jogador Alencar tem um estilo elegante, sempre fugindo das rifas dos chutões."
ResponderExcluir"Rifa dos chutões":
O uso criativo das palavras sempre dá um drible na mesmice e, de quebra, traz um humor refinado.
O leitor anterior se antecipou à minhas palavras !
ResponderExcluirO futebol é um atrativo que domina não só o campo, acima de tudo faz delirar a arquibancada e, às vezes, arrancar fios de cabelo, quando, o time perdendo e o atleta perde um gol. Porém, há craques que são excelsos tanto na caneta quanto com os pés brincando com a bola.
ResponderExcluirDois homens de Magistratura, com a toga, então, merecem frases contundentes, assim, uma bela: "Rifa dos chutões.
Wilton Porto
Muito obrigado, caros amigos, pelo acesso e comentários. Abraço.
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