Em 1994, ao tomar posse na Academia Parnaibana |
O açude e o mar de El mar
Elmar Carvalho
O caro Acoram me mandou o seguinte haicai, por WhatsApp:
Respondi-lhe imediatamente, por áudio, elogiando-lhe o texto, mas ele disse que o poema não era de sua autoria. Vi, então, que abaixo da postagem constava o nome de nosso amigo comum, o poeta Dílson Lages.
Em outro áudio, disse que o elogio valia para o Dílson, uma vez que eu não elogiara propriamente o autor, porém, os versos. Acrescentei que o poeta fora criativo com o uso da vírgula, que dera ao poema um duplo sentido, com a alusão implícita a Campo Maior, onde fica o Açude Grande nele referido.
Em seguida, praticamente de improviso, lhe enviei o poema abaixo, uma espécie de paráfrase ou paródia ao célebre poema de Drummond e sua pedra no meio do caminho:
No meio do caminho
Tinha uma vírgula
Tinha uma vírgula
No meio do caminho
Que modificou
Todo o sentido
E me deixou
Sem sentido.
Acoram me retrucou com o poema abaixo, em que brinca com o meu nome:
Sobre a minha paráfrase drummondiana, ele disse:
Uma poesia de repente
De poeta competente!
Diante do seu poema, que evoca o pequenino Açude Grande de Campo Maior, eu lhe disse que numa entrevista, que ainda não foi ao ar, o amigo e apresentador Octavio César, em sua abertura, falou que quando vai ao litoral, ao passar pelo paredão desse açude, o considera como sendo o mar de El mar.
Vendo o que esses bons amigos disseram, recordo que no meu discurso de posse na Academia Parnaibana de Letras, ainda em plena juventude, ou, pelo menos, me sentindo jovem, tive a ousadia de proclamar que, com o nome que tinha - Elmar - eu não apenas amava o mar, mas era-o, era o próprio mar.
Agora, coroado de algas e de mágoas, me sinto apenas um Netuno decadente, despojado de seu tridente.
Mestre, excelente crônica. Só não concordo com o último parágrafo do texto. Na minha opinião, o grande Elmar foi e continua coroado com folha de louros que representa a vitória. Na mão direita, carrega um cetro de ouro que se configura como uma uma autoridade no campo do Direito. Parabéns.
ResponderExcluirEita! Magníficas palavras. Muito obrigado, amigo Acoram.
ResponderExcluirPela paisagem linda com a serra no fundo vem na mente Campo Maior .O açude grande parecendo um braço de mar juntando ao poeta fica um notório El Mar.
ResponderExcluirPoeta é um ser sempre muito criativo! Bastou escrever o apelido materno incorporado ao próprio nome, para torná-lo um nome único!
ResponderExcluirMuito interessante este argumento entre Elmar e Acoram. O trocadilho da pedra de Drumond pela vírgula de Acoram. Valeu poetas.
ResponderExcluirMuito obrigado, distintos amigos, pelo acesso e comentários.
ResponderExcluirAçude grande apenas no nome. Uma das maiores sacadas.
ResponderExcluirElmar Carvalho esteve em embates, que eu também estive: Movimento Inovação; Diretório 3 Três de Março: Campus da UFPi, em Parnaiba, Academia de Letras de Parnaiba e grupos e blogs...
ResponderExcluirInclusive, já prefaciou livro meu.
Acredito que, tenho em Elmar, alguém de estima mútua.
Lembro, que aproveitei o poema do Drummond, Uma Pedra no Caminho, para homenagear o Poeta Elmar Carvalho, que é privilegiado no nome:
El mar = o mar
Carvalho = planta de grande porte e muitas propridades.
E Elmar diz, que se sente o próprio mar. Ele é grande pela dimensão do caráter, da bondade, do acolhimento e, claro, pelo potencial como literato, agindo como Poeta, Cronista, Crítico Literário, Romancista...
No tocante a Campo Maior, cidade natal do Vate, ele já a mostrou de vários ângulos. No livro, se não me engano Cromo de Campo Maior, o eu-poético eleva a cidade com suas belezas, traduzindo-a nas suas cores multicores. Elmar se mistura com o reflexo da água doce do açude, encanto que percebemos tão logo chegamos em Campo Maior, que Dilson bem retrata como de azul extenso como o céu.
(El) mar possui a beleza e influência do mar de Parnaiba e o encanto e serventia do Açude Grande de Campo Maior. E a crônica ora em epígrafe, em que enlaçam Elmar-açude, demontra a dimensão deste Juiz, que em literatura é tão imenso que, o Juiz se perde, diante da trajetória do Escritor.
Comentário acima de Wilton Porto
ResponderExcluirO comentário acima, de meu amigo Wilton Porto, grande poeta e grande alma, me comoveu à beça, pelas lembranças pessoais, além de ter analisado com muita acuidade e pertinência o meu texto brincalhão. Muito obrigado, estimado amigo.
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