Por sua estratégica localização entre os rios Parnaíba e Poty; pelo volume d’água destes rios que corre em seus leitos, engrossados por inúmeros afluentes; pelo grande número de lugares, povoações e cidades que banham ou cortam, ou ainda por sua importância econômica e social no contexto piauiense e nordestino, Teresina pode ser cognominada a Mesopotâmia Piauiense. O Parnaíba nasce na Chapada das Mangabeiras, próximo às divisas dos estados da Bahia e Tocantins no extremo sul do Piauí e percorre todo o estado de sul a norte. O Poty tem sua fonte na serra da Joaninha, próximo ao município cearense de Crateús, corta o Piauí em na largura e corre ora manso, ora impetuoso, de leste a oeste até sua confluência com o Velho Monge no bairro Poti Velho. Tem um curso de 450 quilômetros de extensão dos quais 300 quilômetros ficam no Piauí.
Sobre o Parnaíba, um rio genuinamente piauiense com cerca de 1500 a 1700 quilômetros de extensão, sem o qual não haveria um Piauí autônomo, foram construídas poucas pontes, se comparadas com as que se ergueram sobre o Poty, das quais se cogita neste artigo.
Até meado de 2010 eram oito as pontes construídas sobre o rio Poty, na zona urbana da Capital, visando descongestionar seu trânsito de veículos, trens, bicicletas e pedestres, adiante designadas, de montante (nascente do rio) para jusante (para onde corre o rio).
Tancredo Neves, ligando o conjunto Dirceu Arcoverde e lugares vizinhos à Estação Rodoviária de Passageiros;
Metálica, construída em 1960 pelo 2º Batalhão de Engenharia de construção (2º B.E.Const) e Wall Ferraz, nas proximidades do Terminal de Petróleo (zona sudeste) ligando à zona sul da cidade (Quartel da Polícia Militar, maternidade Evangelina Rosa, Avenida Miguel Rosa, Estádio Albertão, Justiça Federal de Primeira Instância, etc.);
Dupla denominada Presidente Juscelino Kubitscheke ligando as zonas centro e leste através das avenidas Frei Serafim e João XXIII, com duas pistas de ida e volta.
Estaiada Mestre João Isidoro França. O jornal Diário do Povo, de 2 de abril de 2010, informou que já existe uma via pública (alameda) com o nome desse mestre-de-obra, no bairro Poty Velho. Para fundador de Teresina desse jaez, toda homenagem é pouca. Com seu elevado e imponente mirante, a Ponte Estaiada Mestre Isidoro França liga as zonas leste e norte da Capital, entre si, pela avenida Dom Severino (leste) e alameda Parnaíba (norte), nas imediações do bairro Porenquanto e não muito longe do Tribunal de Justiça, Centro de Convenções, Assembléia Legislativa, OAB-PI, praça do Marquês, parte norte da Avenida Miguel Rosa, 25º BC e adjacências. A cognominada ponte Estaiada, Mestre João Isidoro França (é nome que realmente pegou bem), construída sobre o rio Poti, a meio caminho eqüidistante um quilômetro entre a ponte dupla da Frei Serafim ou Jucelino Kubtscheke e Primavera, foi efusivamente inaugurada, a partir das 18:30 horas da noite de 30.03.2010. Inauguração festejada no local onde fora edificada, com a presença de piauienses de todas as classes, ministro, governador, governados, prefeito, parlamentares, engenheiros e construtores (mestres-de-obras, pedreiros, serventes e outros trabalhadores), todos efusivamente animados pelo show (som, movimentos corporais e voz) de Elba Soares, que emprestaram ao ambiente intenso brilho e valorização sócio-econômico e cultural. Disseram que pela ponte passarão cerca de 40.000 mil veículos e o problema do congestionamento do tráfico será solucionado na capital. Ótima a iniciativa do ex-Prefeito Municipal, Sílvio Mendes, ao homenagear numa placa metálica memorável os nomes de todos aqueles que participaram com sua direção e trabalho. Informes registrados em jornais de ampla circulação local dão conta de um razoável descongestionamento do trânsito pela ponte dupla da Avenida Frei Serafim e João XIII, de que reduziu por metade o tempo gasto no trajeto entre a região leste, centro e vice-verso.
Petrônio Portela ou do bairro Primavera, unindo este à zona leste, nas proximidades da Universidade Federal do Piauí, por intermédio das avenidas Universitária e Petrônio Portela à região norte, bairros Aeroporto, Buenos Aires e Mocambinho, a qual está sendo alargada com a implantação da terceira faixa de trânsito reversível.
Heráclito Fortes ou do Poty Velho. Depois de gerar muitas curvas em sua rota final, preparar-se e endireitar-se para a emocionante confluência, barra, embocadura ou comunhão indissolúvel com o Velho Monge, pouco antes desse emocionante encontro, foi construída a ponte adequadamente batizada com o topônimo de Poty Velho, que é o mais ancião, legendário e tradicional bairro da Capital Piauiense. Liga-o ao bairro de Santa Maria da Codipe e ao do Aeroporto, todo o norte e parte do centro da Capital. Traz, também, o nome de Heráclito Fortes, por ter sido construída durante sua gestão de prefeito e, em apenas, 100 dias.
Opa. Ia me esquecendo que se encontra em construção, para ser concluída até o fim deste ano (2010), mais uma ponte sobre o rio Poty. Desta feita, ligando entre si os bairros Mocambinho e Pedra Mole com as zonas Norte e Leste da capital, através da avenida Freitas Neto. Segundo o jornal O DIa, de 02.07.2010, a nova ponte custará dezesseis milhões de reais, terá 190 metros de extensão e 3,20 metros de largura. Assim, já não são mais somente oito pontes, mas nove, no final do ano.
Comenta-se que, não obstante a grande contribuição das pontes para o melhoramento do trânsito em Teresina, seu máximo aprimoramento só acontecerá com a seleção, direcionamento e preparo de muitos outros logradouros por onde possam transitar normalmente os veículos, vindos e fluindo naturalmente de um lado e do outros das margens do rio. Demais disso, à semelhança do que existe na Escandinávia, urge desafogar o trânsito, também, por meio da construção de diversificadas passagens para pedestres e bicicletas, túneis e viadutos em quaisquer vias públicas que se fizerem necessárias. Foi o que se notou, por exemplo, na Suécia, Noruega e Dinamarca, ao saber do empenho desses governos e percorrer por terra algumas de suas cidades e capitais.
Por escassez de pontes de união sobre o Poty, em matéria de tráfico, o teresinense não tem mais o direito de reclamar, a não ser de aqui a uns 20 anos. Não se tem certeza, se na velha Babilônia, localizada entre os rios Tigres e Eufrates e na atual Istambul, esta dividida numa parte européia e outra asiática pelo estreito do Bósforo (ou seja, unindo o Ocidente e Oriente através dos continentes europeu e asiático), o sistema de trânsito de veículos flui sem congestionamento. Contudo lá, proporcionalmente, não existem tantas pontes como em Teresina (PI). A atual Istambul, com mais de nove milhões de habitantes, afora os numerosos barcos que sulcam diuturnamente aquele belo e inebriante estreito (continuação do mar de Mármara, vindo do Mar Egeu, ligando este ao Mar Negro) não tem mais do que uma ponte de mais ou menos mil metros de largura, sobre o Bósforo. Mas nem por isso o trânsito era tão caótico em 1996. Aqui as ligações, uniões ou separações através das pontes sobre o rio Poty fazem-se apenas em logradouros da mesma cidade. Lá esse laço de união abrange, cidade e continentes.
(*) Professor de Direito da UFPI. Especialista em Direito Constitucional. Mestre em Filosofia e Teoria do Direito. Advogado militante.
Poeta, contista, cronista, romancista, memorialista e diarista. Membro da Academia Piauiense de Letras. Juiz de Direito aposentado. *AS MATÉRIAS ASSINADAS SÃO DE RESPONSABILIDADE DE SEUS AUTORES, E NÃO TRADUZEM OBRIGATORIAMENTE A OPINIÃO DO TITULAR DESTE BLOG.
quinta-feira, 12 de agosto de 2010
A MESOPOTÂMIA PIAUIENSE E SUAS PONTES
JOÃO BORGES CAMINHA (*)
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