domingo, 6 de março de 2011

FUGA AO PASSADO

ELMAR CARVALHO



Uma da tarde. O apito da Moraes
estridula no ar. Emocionado
sinto como se o tempo houvesse parado
e eu me encontrasse ainda
preso às âncoras do passado.
O apito me deixa comovido
e eu não sou mais eu
mas alguém que já fui e que
no esquecimento se deixa escondido.
E aquele tempo perdido
inverte a rota da ampulheta
e retorna intacto como se jamais
deixasse de ter existido.
E o tempo se embaralha
sem passado, sem futuro e sem presente
e as recordações comovem tanto
que a própria alma de tanto
sentir não se sente
e evola para um tempo
sepulto pela areia da ampulheta.

2 comentários:

  1. "...alma de tanto sentir não sente..."
    Muito bom o ritmo empregado no poema. A escolha das palavras, a leveza, tudo se encaixou no tema escolhido.
    Não conhecia seu trabalho. Mas, desde já, parabéns; e estarei sempre lendo suas criações.

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  2. Obrigado por suas palavras de estímulo, e de já agradeço-lhe as futuras visitas.

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