Cunha e Silva Filho
Na
campanha política para prefeito do Rio, que acompanhei pela tevê e
pelo jornal, há um tema que não foi debatido com toda a urgência
que merece: a violência. Estou pensando que as autoridades não
estão dando o real peso a esta questão que delas exige
prioridade máxima. É bom que se ressalte não serem o Rio e São
Paulo apenas os dois estados em que a violência chegou a
proporções alarmantes e sem precedente na história social de nosso
país. O mal se arrasta pelo país inteiro.
A
sociedade, que está sofrendo toda espécie de violência, não se
uniu como um todo a fim de mobilizar seus membros a reivindicar
firmemente dos governos providências efetivas que façam com
que a violência caia para níveis aceitáveis.
Assaltos
em ruas, em praças, em residências, em bancos, nas capitais, no
interior, seja em que nível social for, são ações criminosas
diárias que não vêm tendo a mesma intensidade de repressão à
altura pelos órgãos policiais. Não queremos paliativos, ações
pontuais, que nada resolvem e, ao contrário, ainda mais açulam a
sede de perversidades, de atos de covardia e de ações ousadas
realizados pelos facínoras. É preciso sem delongas reverter este
quadro epidêmico de selvageria. Não foi gratuito o título deste
artigo tirado de duas frases separadamente, uma de Roberto
DaMata, e outra de Guimarães Rosa (1908-1967), respectivamente, de
um conhecido antropólogo e de um genial ficcionista brasileiro. Não
pretendo exagerar na dose, mas a verdade é que as pessoas não podem
andar sozinhas, à noite, sobretudo, nas grandes capitais
brasileiras, tendo como os dois centro mais violentos São Paulo e
Rio de Janeiro.
Ultimamente,
até para a polícia tem sido arriscado, haja vista o crescente
número de policiais que estão sendo assassinados na capital
paulista. O fato é que o brasileiro evita sair muitas vezes para
alguns lugares, mesmo para o centro, com receio de ser assaltado nas
ruas, na saída de bancos, em bairros metropolitanos, nos subúrbios,
espaços que se transformaram em perigo potencial. Só esperamos que
os governos não venham na verdade só fechar a
porta da criminalidade, com aparato bélico até das Forças Armadas,
quando estiverem bem próximos dos dois grandes eventos de que o país
será anfitrião, a Copa do Mundo e as Olimpíadas. Devem agir agora,
com urgência, e não esperar por aqueles eventos
de grande porte. Não só os turistas nacionais e
estrangeiros merecem ter segurança nesses eventos. A segurança das
pessoas terá que ser preocupação permanente, constante, quer
dizer, sem sofrer solução de continuidade.
Os
reis estão nus e não se aperceberam de sua nudez. Provavelmente,
porque têm forte segurança que os protegem já que moram em
palácios cercados de guardas e de armas, como nos tempos dos
senhores feudais, dos vis bandidos que pululam em todos os cantos das
cidades e, sobretudo do Rio de Janeiro e de São Paulo.
As
UPPs , instaladas pelo governo do Rio de Janeiro, e outras formas de
repressão contra o crime, são bem-vindas – não há como negar -
, mas não são ainda a palavra final, a vontade política e corajosa
de as autoridades de segurança, de a presidente da República e dos
governadores e prefeitos, todos juntos equacionarem metas e
estratégias de combate ao crime organizado, e a outros tipos de
crimes praticados por bandidos ou pequenos grupos isolados. É óbvio
que as Forças Armadas poderão ser grandes parceiros , pelo respeito
que têm junto ao povo, no sentido de darem apoio logístico e de
equipamentos de combate à alta criminalidade.
Entre
as ações que teriam efeito mais imediato mencionaria as seguintes:
1)
Determinar-se que a polícia militar e a civil entrem em ação, com
a a presença nas ruas, nos bairros, fazendo-se presentes e
ostensivas, inibindo qualquer ousadia de bandidos nos diversos
lugares onde possam aparecer para infernizar a vida normal da
população;
2)
Formular estratégias de combate mediante a perseguição sem trégua
nos gargalos por onde passam as armas pesadas ou leves de criminosos.
Neste caso específico, fortalecer as nossas fronteiras com os países
vizinhos, assim como fiscalizar pesadamente os limites entre os
estados e municípios, com o trabalho da polícia militar
de cada estado e o suporte da polícia rodoviária federal;
3)
Combater intensamente o tráfico de drogas, desbaratar as milícias,
moralizar os presídios, dificultando que criminosos perigosos tenham
acesso a armas e a aparelhos de comunicação com asseclas fora dos
presídios;
4)
Valorizar os policiais, dando-lhes salários compatíveis com a alta
missão social que lhes cabe cumprir, melhorando a qualidade da
formação do militar, com exames de seleção rigorosos nas questões
de competência e comportamento moral, incorporando somente os
melhores, os que demonstrarem real vocação para esta atividade. Os
policiais precisam de ser estimados pelas comunidades e para
alcançarem este prestígio somente a atuação deles indicará quem
são os melhores.
A
sociedade civil não está mais suportando tantos atos criminosos
ceifando m ilhares de inocentes e indefesos. Os criminosos não tão
numerosos que até parece que vivemos num estado permanente de guerra
civil. Crianças jovens, adultos, velhos estão sendo vítimas fatais
da criminalidade em todo o país, especialmente nos estados do Rio de
Janeiro, com um saldo mais negativo para São Paulo, naturalmente por
ser uma metrópole maior.
Um
país não pode apenas limitar-se a atingir níveis econômicos
maiores, nem melhorar unicamente o nível de pobreza. Um país
melhor tem que aprimorar-se em vários outros aspectos de
sua estrutura governamental: educação, saúde,
transporte, moradia, lazer etc.
No caso do tema central deste artigo, cumpre também aos governantes olharem para os mecanismos utilizados pelos poderes da Justiça federal e estaduais, i.e., cabe aos diversos órgãos do judiciário o mesmo empenho na luta contra a criminalidade, através dos ministérios públicos e de toda a máquina disponível do judiciário. Se o combate for eficiente e por tempo indeterminado, com a pressão da sociedade civil e diversas organizações auxiliadoras na luta contra o crime, dificilmente chegaremos aos níveis de excelência atingidos pelos países com uma vida em sociedade muito mais segura do que a nossa. Cabe finalmente, aqui lembrar o a papel de relevo que deve ter os legislativos estaduais e o federal na elaboração de leis que venham atualizar novos mecanismos que redundem numa mais eficiente punição para os criminosos.
No caso do tema central deste artigo, cumpre também aos governantes olharem para os mecanismos utilizados pelos poderes da Justiça federal e estaduais, i.e., cabe aos diversos órgãos do judiciário o mesmo empenho na luta contra a criminalidade, através dos ministérios públicos e de toda a máquina disponível do judiciário. Se o combate for eficiente e por tempo indeterminado, com a pressão da sociedade civil e diversas organizações auxiliadoras na luta contra o crime, dificilmente chegaremos aos níveis de excelência atingidos pelos países com uma vida em sociedade muito mais segura do que a nossa. Cabe finalmente, aqui lembrar o a papel de relevo que deve ter os legislativos estaduais e o federal na elaboração de leis que venham atualizar novos mecanismos que redundem numa mais eficiente punição para os criminosos.
A
palavra de ordem que vejo na atual situação de desespero da
sociedade brasileira é endurecimento das leis contra os diversos
graus de delinqüência. Refiro-me particularmente, com os crimes
hediondos praticados por adolescentes. As leis precisam ser mais
rigorosas . As punições devem ser aplicadas e os marginais devem
cumpri-las, eliminando-se as benesses de que hoje se auferem o
sentenciado brasileiro, seja de que nível social for. Os juristas
que estão atualizando o Código Penal Brasileiro não podem deixar
de ter toda essa complexidade ocasionada pelos novos tipos de
criminalidade surgidos com a modernidade.
Uma
sociedade tão violenta em que se transformou a sociedade brasileira
de nossos dias, merece tratamento diferenciado e envolvendo todos os
recursos técnicos e humanos de que já dispomos. O que é necessário
é pô-los em prática e com enorme responsabilidade de toda a
máquina do Estado brasileiro. Cumpre dar respostas às questões
aqui afloradas, às sugestões de um simples articulista,
que não é um expert questões criminais, mas que é alguém
que está sempre preocupado com o bem-estar de seus concidadãos. Os
perigos e os riscos pertencem a todos e podem atingir a todos
indiscriminadamente.
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