sábado, 16 de março de 2013

SER POETA



SER POETA

(Homenagem a Coelho Neto,
poeta de um só soneto)

Francisco Miguel de Moura*

Ser poeta é andar por sobre um fio
de acrobata, é imolar-se por prazer,
não vacilar jamais contra seu ser,
e no poema escorrer-se como um rio.


É não ceder à letra por desvio
e, assim, matar certezas sem alarde,
sepultando os desejos que mais tarde
ou bem mais cedo explodirão sem brio.


Ser poeta é ser deus e, por tão pouco,
deixar que o chamem de profeta ou louco...
É ter, sem vaidade, a alma sem hímen.


É tudo isto e mais: Ao tempo impune,
gozando das delícias que Amor une,
ir sofrendo as paixões que nos redimem.

*Francisco Miguel de Moura, poeta brasileiro, batalha por todos os seus direitos, inclusive os autorais. Isto, porque cumpre todos os seus deveres.

2 comentários:

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  2. Ser poeta", na composição canônica que consagrou o soneto como uma forma poética universal e, portanto, intemporal, reafirma (Haveria necessidade de o fazer aqui ao se tratar de um artista do verso do seu alto nível estético?) a esta altura de sua obra poética diversificada, e não estou falando do que em outros gêneros se tem manifestado o seu talento, sobretudo na crítica e no ensaio, nos quais tem páginas definitivas na história literária piauiense. De sua capacidade de julgar e analisar por dentro e com intimidade que os poetas têm em superior nível hermenêutico,uma obra penetrar em todos os segredos possíveis à bitola do crítico, não paira nenhuma dúvida.
    O soneto "Ser poeta", escrito de maneira circunstancial para prestar tributo ao Dia da Poesia, é mais um exemplo de dois componentes de sua criação literária no domínio do Poético: 1) Ao aproximar-se o mais possível daquela forma ideal esperada pelo poeta, no ritmo, na métrica, na rima, num ponto em que se diria intransponível aos seus propósitos de criador; 2) m outro componente é saber fundir os dois lados da moeda no uso da palavra poética e, no soneto em questão, da metapoesia de corte tradicional. Isso nos leva à seguinte conclusão: não importa o forma poética velha e surrada do soneto. Importa, sim, como empregar poema de forma fixa sem o tornar uma composição velha e surrada e, no caso deste soneto, não há como sonegar-lhe a voz lírica ecoando por todos os tempos e espaços da poesia.
    Vale nele acentuar o elevado fundo filosófico, à maneira de alguns grandes poetas parnasianos. Não diria quais, mas basta a sua leitura para despertar-nos as inúmeras interferências de alusões. Um belo soneto!
    Cunha e Silva Filho

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