segunda-feira, 23 de setembro de 2013

SÉRGIO FARIAS, UM MESTRE DAS LETRAS

Foto meramente ilustrativa

SÉRGIO FARIAS, UM MESTRE DAS LETRAS

Marcos Damasceno
Escritor


Eis um gigante do Piauí. Um homem de brilhante história e com larga lista de serviços prestados à Terra Querida. Um piauiense que nos orgulha, e que bota nosso Estado para cima e para frente. Numa só pessoa: o cidadão exemplar, o pedagogo experiente, o editor dinâmico, o revisor perfeccionista, o pesquisador catedrático, o crítico literário embasado, o intelectual humilde e o ser humano cortês. Estas são as notáveis qualidades dele. Ele nasceu predestinado a servir ao próximo. Por trás daquela fisionomia séria, há um ser humano ético, bondoso, extrovertido e verdadeiro.
Sérgio Farias tem mais de 30 anos de profissão. Iniciou seu trabalho no Jornal “O Dia” (na capital Teresina), e depois fundou a SERGRAF (Serviços e Edições Gráficas Ltda), prestando serviços para diversas gráficas do Estado, bem como realizando trabalhos de editoração para escritores piauienses e de outros estados. Sua atuação profissional é extensa: já editou mais de 500 obras literárias. Sua história é irretocável, a qualidade acompanha a quantidade.
Sempre me recebe em sua casa aos sábados, aonde chego às 07h00min. Tomo café e almoço lá, a seu convite, e volto às 17h00min. Entre uma xícara de café e outra, surge nosso debate sobre o cotidiano e sobre vários temas. Inevitavelmente recordo a minha infância, das conversas de varanda com meu avô Joaquim Damasceno e meu tio-avô Zeca Damasceno. Ao tempo em que é agradável conversar com ele, é também edificante.
Lembro-me o dia e a hora em que o conheci. Conheci-o pessoalmente em 2007, através do escritor William Palha Dias, que logo me deu boas referências dele. Disse-me, inclusive, que o editor era o divisor de águas entre a edição capenga e a de alto nível, ocorrendo assim uma revolução literária sem precedentes na história cultural do Piauí. Surgiu um interesse maior, e uma preferência mais acentuada, pelos registros de nossas raízes. Proclamaram-se, a partir daquela ocasião, os valores históricos telúricos, contemplados em nossa literatura. Depois de mais de três décadas desse fato, o Piauí literário se faz forte.
Ele é cofundador dessa tradição literária, e um dos pioneiros dessa caminhada. Editor de livros do povo, assim como “Guerra do Pau de Colher: massacre à sombra da Ditadura Vargas”. Aliás, ele editou todos os meus 19 livros. Sempre tem uma postura ética e participativa na obra que está editando: ler o conteúdo... Questiona, debate, faz críticas, opina e colabora. Costuma dizer que “os valores da sociedade são as bases da literatura”.
Ele é um homem de posição. Mais do que isso, é um homem de convicção. Inquebrantável convicção. Com isso, tonou-se nosso senso psicológico e nosso compromisso estético. Seu compromisso selado durante décadas, com trabalho obstinado, legou às gerações posteriores um caminho e uma maneira de caminhar. A maior lição é que a gente deve viajar para dentro, e valorizar as nossas coisas; em vez de viajar para fora e valorizar as coisas dos outros.
Ele é determinado. Abridor de portas e criador de oportunidades. Em nossa caminhada encontramos muitas portas abertas e caminhos criados por ele, no seu passado emancipatório e através do seu ato fundante. Ele é influente, articulado e bem relacionado na sociedade.
Há alguns anos a triste notícia: sofreu um AVC (acidente vascular cerebral), algo que me fez aproximar mais dele. Fez-me, também, ver o mundo numa visão mais humana. Eu ia ao hospital, com o pensamento de animá-lo, e ele é que me animava. Tem uma motivação de vida inabalável. Ele é exemplo de superação. Não vimos, em sequer momento, ele reclamar de nada. A única observação que fez: “Meus amigos ficaram poucos agora”. Lembrei-me a frase do Confúcio: “Para conhecermos os amigos é necessário passar pelo sucesso e pela desgraça. No sucesso, verificamos a quantidade e, na desgraça, a qualidade”.
Parafraseando o líder popular João Amazonas, “Sérgio Farias não é velho, é tradição”. Ele está na galeria dos meus melhores amigos. Tratam-se, estas singelas palavras, de um reconhecimento e uma homenagem. Permita-me, caro editor, na minha plena gratidão, dividir contigo o mérito da concretização desta obra. Gratidão eterna.    

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