Coração
Taumaturgo
Sotero Vaz (1869 – 1921)
Quando
eu morrer, virgem formosa e pura,
Se
acaso for o meu corpo cremado,
Vai
e, entre a cinza que restar, procura
O
coração que eu tenho em mim guardado.
Vai,
que hás de vê-lo, doce bem amado,
Cheio
de vida entre a poeira escura,
Como
um astro que em pleno céu nublado
Surge
valente e com vigor fulgura.
Hás
de encontrá-lo palpitante e forte
Entre
esses restos do que soube em vida
Amar-te
e certo o saberá na morte...
Que
o coração, querida, de quem ama,
Não
se consome, pois é lei sabida
Que
a chama não consome a própria chama.
Fonte:
Antologia da Academia Piauiense de Letras, de Wilson Carvalho
Gonçalves
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