TREMEMBÉS – O GENTIO NO LITORAL
PIAUIENSE
Vicente de Paula Araújo Silva
(Potência)
O homem americano pré-histórico
habitou o Piauí há mais de 65.000 anos e outros povos também
passaram na região em tempos mais próximos existindo até hoje
marcas dessas vivências , encontradas em diversos sítios
arqueológicos espalhados por todo o estado.
Já no final do século XV na
região compreendida entre o atual litoral maranhense a partir do
delta do Parnaiba até a foz do rio Acaraú no Ceará, o domínio da
terra era mantido pelos tapuias Tremembés. Esse povo ameríndio
vivia da caça , pesca e do comércio com corsários europeus. Eram
exímios nadadores e se movimentavam nos manguezais com a mesma
facilidade dos animais e crustáceos lá existentes que também eram
base de sua alimentação.
Usavam o arco e a flecha como
instrumento de sobrevivência natural. Eram artífices na fabricação
de canoas, objetos de barro cozido, macuque (machado), jequi, landuá
e curral de peixe feito de buriti, instrumentos estes ainda hoje
utilizados pelos seus descendentes. Plantavam para o sustento
principalmente a mandioca.
Comiam em suas épocas de produção
o guajirú, o caju e o genipapo, sendo que desses dois últimos
frutos silvestres faziam o vinho azedo denominado mocororó, o
qual, bebiam em dias de festas trajados com suas vestimentas
embelezados por conchas, búzios e sementes silvestres como o
mulungu. Os Arajós ou Araiós pertenciam a essa nação e habitaram
o delta do rio Parnaíba, transferindo-se posteriormente para as
margens do rio Magu.
Bem perto de onde moravam , nas
cercanias da Serra da Ibiapaba e nos vales dos rios que lá nascem ,
transitavam outras tribos como os Tabajaras, Carirís, Tacarijus e
Alongás , que nas suas andanças chegavam até o encontro dos rios
com o mar, praticando o escambo com os valentes Tremembés que
detinham o poder de comercializar com corsários estrangeiros a
madeira e outros produtos notáveis em uso na época pelos europeus.
Esse, era o ambiente no habitat dos
Tremembés quando os portugueses Diogo Leite em 1531 visitou o Delta
do Parnaíba, Luiz de Melo em 1554 e Nicolau de Rezende em 1574
naufragaram na costa maranhense e percorreram o litoral piauiense
passando pelas barras dos rios Portinho e Camurupim e indo até a
foz dos rios Ubatuba e Timonha.
A respeito de Nicolau de Rezende
existem lendas que tratam do seu tesouro perdido e de suas citações
poéticas a respeito do delta, quando teria se expressado "As aguas são labirintos entre florestas intocadas e a vida acompanha
o pulsar incessante das marés". E
referindo-se ao porvir, continuou "Quantos no futuro colherão as riquezas desse tesouro ... Esse
Paraíso resistirá aos futuros desbravadores
? "
Da Série : Estórias a Respeito da
História da Parnaíba
Phb. O8/10/2013 - Vic.
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