quarta-feira, 20 de novembro de 2013

ROMPIMENTO


ROMPIMENTO

Elmar Carvalho

Dedo em riste,
muito feroz e muito triste,
o homem, grosso e imundo, falou:
Lembra-te, tu já lambeste meu cu!
A mulher, com gestos abstratos
feitos do mais singelo recato,
elegante e delicada, retrucou:
Lambi, mas não lambo mais ...
O homem quedou-se transformado
em pesada estátua de pedra e dor.
A mulher se foi
            – leve e evanescente –
anjo que se libertou.       

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