José
Maria Vasconcelos
Cronista, josemaria001@hotmail.com
Minha
fé cristã, de vivência católica, dispensa fronteiras. Membros da
Igreja Batista costumam convidar-me para reuniões em
família. Estuda-se a Bíblia, associada ao cotidiano das
pessoas, sem confrontos de igrejas, ora-se, serve-se lanche. Neste
dezembro, comemorou-se a tradicional confraternização
natalina, com amigo oculto, reflexões bíblicas,
brincadeiras, sucos, a ceia. Espírito natalino do qual papai-noel
não faz parte, mas Cristo aniversariante. Pediram-me a palavra,
destaquei algumas profecias messiânicas do Antigo Testamento.
Fantásticas, porém desconhecidas de muita gente, inclusive de
habituais paroquianos.
Textos
bíblicos começaram a ser produzidos, a partir de quase mil e
quinhentos anos antes de Cristo. Primeiro autor, Moisés, descendente
do patriarca Abraão, educado na alta corte de Faraó, colheu
informações da memória coletiva e escreveu o Gênesis, entre
outros. No terceiro capítulo, início da civilização humana, Deus
revela a primeira profecia messiânica, um libelo contra a serpente
(o Maligno): “Porei ódio entre ti e a mulher, entre a semente da
tua descendência (filhos do pecado original) e a semente da mulher
(o Messias). Ele te visará a cabeça e tu lhe visarás os pés.”
Teólogos apontam, nesta profecia, a futura mãe de Jesus, e a luta
do Salvador contra o Satanás na descendência de Eva. No Nargum
(textos que circulavam nas comunidades judaicas, até 250 anos antes
do nascimento de Cristo, que serviam de orientação para leitura da
Bíblia), encontra-se uma passagem significativa sobre a profecia:
“Quando a descendência da mulher guardar os mandamentos da Lei,
eles se voltarão diretamente contra ti (o Maligno) e esmagarão a
tua cabeça. Mas quando abandonarem os mandamentos, tu te voltarás
diretamente para eles, e tu os ferirás no calcanhar. Contudo para
eles haverá um remédio... No futuro, eles estarão em paz com o
calcanhar, nos dias do rei, o Messias”.
Dois
milênios antes de Cristo, Deus promete ao patriarca Abraão, raiz do
povo hebreu: “Na tua descendência (o Messias), serão benditas
todas as nações”. (Gênesis, 22). O projeto da salvação humana
não se restringe só ao povo judeu. Jesus enfrentou essa ideologia
judaica, comendo com pagãos, visitando e curando romanos imperiais,
visitando territórios inimigos dos judeus.
Jacó,
filho de Abraão, no leito de morte, abençoou cada um de seus 12
filhos. Ao por as mãos sobre Judá, profetizou: “Não se apartará
o cetro (reinado) de Judá, nem o bastão de comando, até que venha
aquele (Messias) a quem devem obediência aos povos”. Jesus
descendia dessa tribo.
Aproximadamente,
dez séculos antes de Cristo, o profeta Balaão, em êxtase,
profetizou: “Vê-lo-ei, não agora, nem de perto. Uma estrela (o
Messias) procederá de Jacó, de Israel subirá o cetro...”
(Números, 24). Profeta Isaías, sete séculos antes, anteviu o
Messias: “Do tronco de Jessé (pai do rei Davi), sairá um rebento,
e das suas raízes um novo rebento (o Messias)” (Isaías, 11). Mais
adiante: “Uma virgem conceberá e dará à luz um filho, chamado
Emanuel (isto é, Deus no meio dos homens).” Naquele mesmo tempo, o
profeta Miquéias anunciava: "E tu, Belém de Éfrata, de ti,
tão pequenina, sairá o que há de reinar, cujas origens são desde
a eternidade.” Esta profecia me chama atenção para o primeiro
capítulo do evangelista João, uma obra-prima da literatura
universal: “No princípio era o Verbo (o Messias), e o Verbo estava
junto de Deus e o verbo era Deus. Ele estava no princípio junto de
Deus,... e o Verbo se fez carne e habitou entre nós”. Paro por
aqui. Um arrepio de espírito natalino me toma conta. Nem a ceia
natalina e presentes me seduzem tanto.
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