Evocação
I
Lucídio
Freitas (1894 – 1921)
Dias
bons que passei... Horas filigranadas
De
ouro real... A primavera abria em flor
O
campo e o céu, e andavam longas revoadas
De
asas, verdes e azuis, na apoteose da cor.
Dias
bons... Alvas mãos, doces e perfumadas,
Esperavam
por mim à hora do sol se por...
E
eu beijava-as, feliz... e elas frias, beijadas,
Desfaziam-se
ao luar em carícias de amor...
Vida
passada... dor... todo o meu sonho extinto...
Céu
azul, verde mar, rosas vermelhas, sinto
Que
hoje tudo morreu, desespero medonho!...
Não,
nem tudo morreu... vaga felicidade...
A
saudade ficou, pois não morre a saudade,
E
o sonho anda a viver dentro do próprio sonho...
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