quarta-feira, 30 de abril de 2014

Para onde vai o Brasil?


Cunha e Silva Filho


              Numa entrevista  de televisão  feita com  o  já saudoso  ator  José Wilker,  a certa altura de suas  respostas à entrevistadora, o ator, refletindo sobre o  que pensava  do país,  confessara que, nas suas andanças  por dever do ofício de artista,  passando  por vários  estados brasileiros,  sentia  ser o Brasil um lugar  dividido em  quatro  países.

           Cada um desses países singularizava-se  por suas    diferenças,  costumes,  cultura, níveis sociais  etc. Pouco tempo depois,  - acrescentou -  com as mudanças  grandes  operadas  na estrutura   da nação,  com mais   progresso,   melhoria de comunicações, entre  outros aspectos novos, sua opinião  era outra, i.e.,  já  pensava  no país  como  um todo, porém  não um todo  que lhe viesse dar  satisfação  e alegria.

            O país era um só, mas o ator  não via  no horizonte  nenhuma    possibilidade  definida  de uma  estado de melhoria das condições diversas  do país. Havia em suas palavras o tom de  sinceridade e ao mesmo tempo de perplexidade  no que diz respeito a um caminho  mais definido para a solução dos problemas nacionais. Para Wilker, não havia o mínimo vislumbre de uma  saída,  de uma via  em direção  a uma realidade  futura   e de bem-estar  para o  povo. Percebi que  o ator  não estava contente com  o país e o tom  de suas   palavras era de permanecer  por enquanto  na indagação,  na dúvida,  na expectativa  de  não  divisar  um horizonte.

Foram suas palavras  inquiridoras,  inteligentes,  lúcidas que me inspiraram  a escrever   esta crônica. E, pegando  aquele  gancho  indefinido  do que falara  Wilker, também aqui  me dirijo a tantas  perplexidade diante do que  vemos  no país contemporâneo.

Sem  fazer  nenhuma previsão  geral  quanto ao destino  que  está  reservado  ao meu país, não posso deixar de repisar  questões  que cada vez mais  me  deixam  indignado, sendo a primeira delas  a da insegurança,  na qual vive o país. Continuo a afirmar que nosso  problema  nº 1 é a violência contra  as  pessoas no país afora, e não serão as Forças Armadas que darão cabo  dessa anomalia  onivora que está   matando  o resto  da esperança  do povo brasileiro.

 As Forças Amadas, por melhor boa vontade que tenham, ora  incumbidas de proteger  uma  parte das favelas cariocas,  com data até julho  deste ano, apenas  atenderão a razões  mais  da  imagem do pais com as proximidades da  Copa  Mundial.

Quando as tropas  se retirarem, os velhos hábitos  do crime  retornarão com  toda a força e perversidade nas favelas   temporariamente monitoradas.  Pouco  ou quase nada  vão fazer os militares  para  minimizar  os massacres cometidos pela criminalidade, principalmente  porque as Forças Armadas não  têm  experiência  e know-how nessa  área de atuação. Não é sua  seara específica e constitucional.

 Ontem mesmo,  às  oito horas da manhã,  um  professor de  educação física, no bairro da Tijuca,   foi mais um número  fatal da  estatística  de uma país  de altíssimo nível de   violência. Depois de tomar um cafezinho   numa padaria  perto da academia em que  trabalhava, na saída,  foi surpreendido na calçada  por  dois  meliantes adultos, um deles magro  e baixo e o outro um  homem  grande e massudo.  Usavam bicicletas. Exigiram-lhe  um relógio e  um cordão de ouro  (“Perdeu! Perdeu!," a macabra expressão  usada  por criminosos), que usava no pescoço.

 O professor, de cinquenta e cinco anos,  respondeu-lhe  com um palavrão e avançou contra  os facínoras, um dos quais  lhe atirou à queima-roupa no peito, ou no pescoço. Levaram  o professor a um pronto-socorro mais  próximo, porém  era tarde. Já  estava morto. Uma câmara,  certamente a da padaria, filmou toda a cena  assustadora  e covarde e, assim, pudemos constatar que, enquanto  o adulto magro anunciava o assalto com uma arma de fogo  em punho, o homem  grande e massudo veio  por detrás atacar  o professor  tentando dar-lhe  um golpe no   pescoço.

 Não há um só dia, leitor,  em que  a  TV brasileira  não  reporte uma agressão, um assalto, um homicídio, acontecido no eixo Rio - São Paulo ou em outras regiões do país. Grande parte dos assassínios é cometida  por  menores, que ficam impunes e voltam a matar outras pessoas,  outros brasileiros, jovens,  adultos,  velhos e até crianças.

O país  exige reformas  urgentíssimas no Código Penal e da mesma maneira  exige dos legisladores  aprovação de leis  que  diminuam a maioridade  penal a fim de que  tirem  o país  dessa fase  espantosa  de crimes e de impunidades. O país  exige  que  se implante  a prisão perpétua para  crimes  hediondos.

O povo  não mais  suporta  tanta  sangue derramado  por inocentes na rua, em casa,  em qualquer parte. Urge dar-se,  com rigor,  um freio  nessa deplorável   passividade  do poder  público  diante  do que está  ocorrendo  em todo o território nacional. Não é bom para o estrangeiro que veja toda essa carnificina   cometida  em nosso  país.

Os nosso  legisladores  em Brasília  precisam  entender  de uma vez que o Brasil  não é terra de ninguém, que  tem  condições de impor  leis  severas contra  quem  é bandido, seja  de menor idade, seja  adultos.Todos os  brasileiros  conscientes  estamos  esperando  uma  posição  da Presidente da República a fim de que  ela  se sensibilize cm  o inferno em que se transformou  o país   nessa escalada  interminável  de violência  contra  inocentes, cujo  número de mortes  equivaleria  a verdadeiras   guerra civis.

Que não venham  os  sabichões do direito,  da sociologia e da antropologia  com discursos elitistas,  segundo o qual a violência  tem causas   assim e assado.  O discurso  esotérico  de especialistas  não  pega mais nem convence a ninguém.   

Desejamos, sim, ações  concretas,   palpáveis e   decisivas  que alterem o status quo da legislação penal  no combate à criminalidade e que  revertam  com   políticas de segurança pública viabilizadas,  dando  satisfação aos anseios  do povo clamando  por justiça, justiça, justiça contra  o crime.

Desejamos, enfim, que o  cidadão em casa ou na rua,  em qualquer parte do país,  na cidade e no campo, nas megalópoles ou “monstrópoles,”  palavra cunhada  recentemente em  notável  e patriótico artigo publicado  emO Globo (“Concerto das cidades”) pelo ilustre  senador   Cristóvão Buarque  para designar  estas grandes urbes  infernais em que  se transformaram  São Paulo,  o Rio de Janeiro e outras capitais.  Somente desejamos que o povo tenha  sossego, paz e confiança  em que  este país melhore, ou se não,  vai cair  no  poço  do caos  e da  anarquia.     

segunda-feira, 28 de abril de 2014

Será o Drone?



Será o Drone?

José Maria Vasconcelos 
josemaria001@hotmail.com

          De repente, olhei pro céu, início de noite. Algo estranho me prendeu a atenção por quase uma hora: objeto luminoso, vermelho intenso, flashes verdes, pairava por instantes, circulava desconexo sobre os céus do bairro São Cristóvão, seguia na direção de Timon, retornava.  Associei o estranho aparelho a discos voadores. Sinceramente, desejei que a misteriosa nave pousasse no meu quintal e me deportasse para experiência, digamos, transcendental.
          Entrei na rede social, divulguei o fenômeno. Logo aterrissaram internautas. Marcelo: “Não será um Drone, professor?”
          Drone, aparelho esportivo, de controle remoto, não tripulado, assemelha-se a helicóptero ou avião, de onde emanam luzes, paira ou se desloca no espaço aéreo. A indústria desses objetos vem de alguns anos, porém evolui para tamanhos maiores, utilizados em análise de topografia, agricultura, investigação policial e na guerra. Servem à Polícia Federal e forças militares de fronteiras brasileiras. Departamentos de polícia americana estão adicionando drones de alta tecnologia, nos arsenais de combate ao crime e vigilância coletiva. São usados no Afeganistão e países em conflito.
          O uso de drones cairia bem, durante os jogos da Copa do Mundo e nas conturbações urbanas. Empresas de vigilância privada, em estados americanos, já conseguem licença para utilizar o aparelho, com avaliação da aeronáutica, observando-se certos princípios de privacidade. Em breve, esses zangões metálicos serão tão familiares quanto o computador. No início, só a Nasa operava o enorme equipamento; ao longo dos anos, popularizou-se, diminuiu de tamanho e atende a infinitas operações. Os preços dos drones de brinquedo variam de 2 mil a 5 mil reais, dependendo do desempenho e tamanho. Os mais sofisticados aparelhos vão muito além desses valores. Por enquanto, surpreendem, mas, em breve, multiplicar-se-ão como carros e motos.
          Joana Lúcia acrescentou à rede: “Fui testemunha, Zé Maria. Fiquei bastante apreensiva. Imaginava um avião enfrentando problemas técnicos, sobrevoando a cidade, piscando luz verde e vermelha para consumir o combustível, como já aconteceu com o meu esposo.” Nessas circunstâncias, sempre despertam humorados rompantes: “KKKK, o que o professor andou fazendo hoje?”(Marcelf). Ou esta tirada de escanteio: “A luz vermelha podia ser da turma do PT” (Luís B). Joaquim, meio diluviano: “Devia tratar-se da arca de Noé anunciando chuvas torrenciais.”
          Não é de agora que novidades científicas causam apreensão. No início do século XX, o primeiro caminhão a circular na cidade cearense de Barbalha quase foi depredado pela população furiosa, temendo desastre das casas. O primeiro boeing a posar em Teresina, anos 60, atraiu multidão de curiosos, que “tocava a aeronave e a beijava”, conforme a revista Realidade. Usuários dos primeiros celulares chegados ao Piauí exibiam-se ao falar à engenhoca volumosa e antena esticada, símbolo de riqueza. Portanto, sou mais um, vítima desses encantamentos que parecem milagres de outro mundo.    

domingo, 27 de abril de 2014

NO REINO DO SURREAL


NO REINO DO SURREAL

I – FUTEBOL

Elmar Carvalho

último rei
                dec/apitado
fiz o gol
                da vitória
com minha própria
                             cabeça
nas traves da guilhotina
(e o goleiro era o carr’asco)     

sábado, 26 de abril de 2014

APUNHALADO POR VON MEDUNA NA TERRA DO FOGO (*)

Edmar visto pelo chargista Gervásio Castro

APUNHALADO POR VON MEDUNA NA TERRA DO FOGO (*)

Edmar Oliveira

Eu já tinha até me aposentado das atividades profissionais quando uma amiga do Piauí me propôs fazer uma aula inaugural de um curso em Teresina. Sabe como é, na terra da gente a gente abre uma exceção e faz de um tudo para colaborar.

De aproveitamento ainda pesa a força do cordão umbilical de ver de novo a terrinha. Sou meio aperreado, como se diz por lá, e fiquei querendo saber logo a hora do voo para me organizar, pois a viagem era justo no dia que ainda faço uma atividade pós-aposentadoria, aquela que se faz pra não perder o costume. Mas a bicha custou a chegar. Recebi uma mensagem por celular que a passagem estava no aeroporto sob um protocolo cheio de consoantes em que constava a reserva, na companhia aérea que tem base em Campinas. Saindo de noite, já sabia que mofaria na cidade paulista para pegar um voo na madrugada para a Filha do Sol do Equador. Não existem voos diretos para Teresina, o que é uma desconsideração do sudeste com o meu estado. Por isso, qualquer voo dura uma eternidade em trocas de avião. Chegaria lá, se não houvesse atraso, madrugada a dentro. E ainda por cima, a minha aula era de manhã cedo, mas não esmoreci por isso. Tudo por uma justa causa! Vamos nós.

Mala pronta, despedida da família, rumei para o aeroporto. Ainda bem que aqui perto no Santos Dumont. No check in, procura dum lado, procura do outro e nada. Quando eu consegui soletrar todas as consoantes da reserva que foi lida no celular, a mocinha com minha identidade na mão dizia que aquela passagem estava em nome do Sr. Vieira. De modos que fui impedido de embarcar, tendo que voltar pra casa furibundo. Não consegui uma autorização para comprar outra passagem antes da saída do voo.

Como sou muito bairrista, ficava achando era bom ter acontecido comigo, que sou filho da terra. Imagina como pegava mal para nós piauienses, se a trapalhada organizativa tivesse se dado com um professor carioca ou paulista. Tem coisas que parece só acontecer em Teresina!

Mas fiquei muito triste, não posso negar. Tem coisas também que castigam lá na nossa vaidade. Uma vez que me hospedei num hotel, em Teresina, o recepcionista ficou louco de alegria por ter reconhecido o autor do blog “Piauinauta”. Eu também, porque afinal estava atingindo um rapaz humilde filho da terra, o que não era pouca coisa. Ele fez questão de entrar no blog no computador da recepção do hotel para dizer que a folha era um dos seus sites favoritos. E tenho testemunha, meu amigo Pereirinha estava presente.

Eu que tenho dois livros publicados dedicados à terra fiquei sentido. Afinal o pessoal de uma Universidade não me conhecia e fui tratado como um ilustre desconhecido, o senhor Vieira. Além do constrangimento de me fazer passar pelo professor Vieira e querer embarcar no seu lugar.

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(*) “A incrível história de von Meduna e a filha do Sol do Equador”, Oficina da Palavra, The, 2011 é um livro sobre práticas em Saúde Mental do Piauí. “Terra do Fogo”, Vieira & Lent Casa Editorial, Rio 2013 é um romance que se passa em Teresina na década de 1940. Meu primeiro livro “Ouvindo Vozes”, Vieira & Lent Casa Editorial, Rio 2009 é muito conhecido no meio acadêmico também no Piauí.   

sexta-feira, 25 de abril de 2014

Socorro Magalhães toma posse na APL na cadeira de O.G.Rego

Socorro Rios Magalhães e Nelson Nery Costa

A professora Maria do Socorro Rios Magalhães toma posse como imortal da Academia Piauiense de Letras em solenidade nesta sexta-feira (25). Socorro Magalhães foi eleita em fevereiro e ocupará a cadeira do escritor O.G. Rego de Carvalho, morto em novembro do ano passado.

Para a nova imortal, o melhor da experiência será conviver com pessoas que contribuem para a cultura piauiense. “Estou me sentindo muito honrada, embora eu saiba que essa imortalidade é bastante provisória, como a vida. O que tem de melhor é que a gente goza dessa imortalidade em vida. É uma grata possibilidade de conviver com pessoas que tanto contribuem para a nossa cultura”, afirma.

Socorro Magalhães é graduada em Licenciatura Plena em Letras pela Universidade Federal do Piauí, mestra e doutora em Linguística e Letras pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul.  Atualmente, é professora adjunta III da Universidade Estadual do Piauí, atuando nos cursos de Graduação em Letras-Português e no Mestrado em Letras. Tem experiência na área de Letras, com ênfase em Teoria Literária, atuando principalmente nos seguintes temas: crítica literária, literatura infantojuvenil, literatura piauiense e história da literatura.

A solenidade de posse da professora Socorro Magalhães está marcada para as 19h desta sexta, no auditório da Federação das Indústrias do Estado do Piauí. 

Fonte: cidadeverde.com    

Memória Judiciária do Piauí

Clodoaldo Freitas


Memória Judiciária do Piauí

Valério Chaves (*)

Muitas personalidades piauienses, embora tenham se projetado no cenário nacional, pelo seu valor intelectual e destacada atuação nas diversas áreas do saber, permanecem na obscuridade, sem oportunidade de serem conhecidas pelas gerações modernas.

Os mais jovens, principalmente, desconhecem o que muitas dessas personalidades realizaram no cenário cultural, na magistratura, na política, nas letras jurídicas e outros ramos do conhecimento, as vezes lembradas pelo nome de uma rua ou de uma avenida de Teresina, ou de cidades do interior do Estado.

Dentre essas figuras algumas honraram os quadros da magistratura estadual através de sua atuação firme proferindo decisões que muito dignificaram a vida do Judiciário Piauiense.

Nós sabemos que a vida dos homens constrói-se mostrando o tempo e a sua oferenda, tecendo o fio invisível de cada instante, assentando-se na rotina do trabalho em torno do qual se edifica o cenário grandioso da vida.

O saudoso desembargador Cristino Castelo Branco escrevendo sobre homens que iluminam, significou que na história de cada homem de fé e de talento há um rastro de luz a lhe aclarar os caminhos. Eles brilham por si mesmos como estrelas.

Recentemente a Academia de Letras Jurídicas Piauienses empossou o desembargador Ricardo Gentil Eulálio como seu mais novo membro. Por isso, nada mais oportuno para evocarmos a memória e o trabalho de figuras das letras e da magistratura piauienses que tanto honraram a inteligência do Piauí e contribuíram para a grandeza do Tribunal de Justiça, legando as gerações que lhes sucederam exemplos de abnegada vocação para distribuição da Justiça, exercitando a inteligência mais detidamente na arte de aplicação do Direito.

A atitude de reconhecer, lembrar e homenagear é, portanto, uma atitude de desprendimento e profunda demonstração de consideração e afeto.

Poderíamos destacar, por exemplo, os primeiros desembargadores que compuseram o Tribunal de Justiça do Piauí, em 1891, e outros que o Poder Judiciário do Piauí muito se orgulha pela cultura, competência, retidão de caráter e grandeza de qualidades espirituais.

Helvídio Clementino de Aguiar foi o primeiro presidente do TJ, tendo sido juiz de direito das comarcas de União, Campo Maior e Teresina; Os demais membros foram Polidoro César Burlamaqui, Álvaro de Assis Osório Mendes, João Gabriel Baptista, João Gabriel Ferreira e Augusto Collin da Silva Rios.

Resumidamente, poderíamos citar muitos outros nomes que brilharam o resplandeceram na magistratura piauiense e nas letras jurídicas, tais como: Clodoaldo Conrado de Freitas, Álvaro de Assis Osório Mendes, Cristino Couto Castelo Branco, Edgard Nogueira, Anísio Auto de Abreu, Cromwell Barbosa de Carvalho, Esmaragdo de Freitas e Sousa, Fenelon Ferreira Castelo Branco, Fernando Lopes e Silva Sobrinho, Gabriel Luís Ferreira, Higino Cícero da Cunha, Vicente Ribeiro Gonçalves, José de Arimathéa Tito, José Coriolano de Sousa Lima, José Vidal de Freitas, Robert Wall de Carvalho, Simplício Coelho Resende, Simplício de Sousa Mendes, Luís de Morais Correia, João Nonon de Moura Fontes Ibiapina, e tantos outros.

Não andassem as palavras tão vulgarizadas, e não se triviasse tanto no seu uso vicioso, a só menção desses nomes bastaria para definir a individualidade e a indicar o que há de mais expressivo na nobreza de suas biografias, cada qual nos processos intelectuais e nas atividades com que firmaram suas personalidades.

Poderíamos citar ainda nomes como João Crisóstomo da Rocha Cabral – uma das maiores autoridades em direito eleitoral do país, autor do Código Eleitoral brasileiro instituído pelo Governo Provisório de Getúlio Vargas em 1930; poeta e jurista, modelo de estudioso e intérprete, e que hoje, com merecida justiça, empresta seu nome ao prédio-sede do Tribunal Regional Eleitoral do Piauí.

Vale lembrar também nomes como Elias de Oliveira e Silva que em 1919, após bacharelar-se em direito em Fortaleza, exerceu a Promotoria Pública em Teresina onde lecionou Psicologia e História da Filosofia, no Liceu Piauiense, na Escola Normal e na Faculdade de Direito.

Além de magistrado, foi juiz Distrital em Batalha e de Direito em Piracuruca, exercendo depois a advocacia e o jornalismo.

Pertenceu à Academia Piauiense de Letras, da qual foi sócio fundador em 1917, ocupando a cadeira nº 28 que teve como patrona a poetisa piracuruquense Luiza Amélia de Queiroz Brandão.

É autor da arrojada tese “Criminologia das Multidões”, com prefácio do ministro Bento de Farias e que mereceu justificados elogios da crítica literária nacional e estrangeira.

Como se pode ver, as personalidades aqui destacadas, durante sua existência de dedicação ao trabalho souberam dignificar, como juízes, a magistratura, e como escritores, as letras piauienses, além de terem legado, como chefes de família, admiráveis exemplos de honradez e honestidade.

(*) Desembargador aposentado, escritor e jornalista.  

quinta-feira, 24 de abril de 2014

BARRAS – TERRA DOS GOVERNADORES E DE POETAS E INTELECTUAIS



Poeta Celso Pinheiro na arte de Netto
Marechal Firmino Pires Ferreira

Marechal Taumaturgo de Azevedo


24 de abril   Diário Incontínuo

BARRAS – TERRA DOS GOVERNADORES E DE POETAS E INTELECTUAIS

Elmar Carvalho

Não faz muito tempo, um amigo enviou-me por e-mail um artigo em que defendia a tese pela qual Barras já teria sido desbancada de seu título de Terra dos Governadores. Fiz rápida pesquisa, na qual consultei as obras de Cláudio Bastos, de Antenor Rêgo Filho e de meu amigo Wilson Carvalho Gonçalves. Este último, além de ser barrense, assim como o segundo, publicou vários livros sobre a história de seu torrão. Logo confirmei o que já tinha como certo: a velha urbe continua firme em sua honra de ter dado mais filhos ao governo do Piauí.

Sendo meu pai natural de Barras e sendo vários de meus ancestrais paternos filhos desse município, e tendo ainda passado vários períodos de férias escolares, tanto na infância quanto na adolescência, nesse rincão querido, tratei de telefonar ao meu amigo para lhe dizer, com a necessária cordialidade, que ele laborara em equívoco. Ele encarou o fato com naturalidade, sem aborrecimento; disse que iria fazer novas pesquisas, refazendo o que teria de refazer, para depois publicar o seu trabalho.

Acrescentei-lhe que Barras não só dera vários governadores ao nosso Piauí como a outros estados do Brasil. Expliquei-lhe que esse honroso aposto se devia não só ao fato de ela ter tido vários de seus filhos na governança de nosso estado, mas também na chefia do Executivo de Pernambuco e Amazonas, em diferentes oportunidades. Para que não pairasse nenhuma dúvida, citei-lhe o nome desses governantes.

Em conversa com o amigo Antenor Rêgo Filho, barrense de ilustre estirpe, autor do importante livro Barras – histórias e saudades, sobre o qual emiti comentário quando de sua publicação, revelou-me ele que proeminente político de Valença do Piauí, alguns anos atrás, andou questionando sobre se esse município já não seria a nova Terra dos Governadores, tendo tido a imediata reprovação do velho Tena, tenaz defensor das glórias de sua terra natal.

De maneira sucinta, com uma ou outra pequena informação, passo a citar os nomes dos barrenses que exerceram a chefia do Poder Executivo do Piauí: Gregório Taumaturgo de Azevedo (26/12/1889 a 04/06/1890), primeiro governador republicano do nosso estado; Coriolano de Carvalho e Silva (11/12/1892 a 04/07/1896); Raimundo Artur de Vasconcelos (01/07/1896 a 1900); Matias Olímpio de Melo (1924 a 1928) e Leônidas de Castro Melo, que governou o Piauí por mais de dez anos (03/05/1935 a 09/11/1945). João de Deus Moreira de Carvalho, major do Exército Brasileiro, fez parte da junta que exerceu o Poder Executivo durante o breve período de 16 de novembro a 26 de dezembro de 1889; era irmão de Gregório Taumaturgo de Azevedo, ambos filhos de Manoel de Azevedo Moreira de Carvalho e Angélica Florinda Moreira de Carvalho.

Os barrenses Gregório Taumaturgo de Azevedo e Fileto Pires Ferreira governaram o Estado do Amazonas, enquanto Segismundo Antônio Gonçalves governou o Estado de Pernambuco. No livro Chão de Estrelas da História de Barras do Marataoan, da autoria de Wilson Carvalho Gonçalves, que tive a elevada honra de prefaciar, encontro a seguinte informação: “Segismundo Gonçalves foi uma das figuras mais expressivas no cenário político de Pernambuco, no período de 1880 – 1915. Governou o Estado em três oportunidades: 1889, 1900, 1904 – 1908”. Acrescento que esse estadista exerceu vários outros cargos importantes, entre os quais o de senador e o de desembargador.

Além de ser a Terra dos Governadores, Barras é também torrão natal de marechais, senadores e de poetas e intelectuais. Marechais foram Firmino Pires Ferreira, que lutou na Guerra do Paraguai, e Gregório Taumaturgo de Azevedo, que chefiou a comissão de limites entre o Brasil e a Bolívia, fundou a cidade de Cruzeiro do Sul (Acre) e a Cruz Vermelha Brasileira. Foram senadores Firmino Pires Ferreira, Raimundo Artur de Vasconcelos, Joaquim Pires Ferreira, Matias Olímpio de Melo e Leônidas de Castro Melo. Todos estes foram também deputados federais.

Entre os intelectuais, poetas e escritores, podem ser citados os seguintes filhos ilustres de Barras: David Moreira Caldas, que passou à história com o epíteto de “profeta da República”, Celso Pinheiro, talvez o mais importante poeta simbolista do estado, José de Arimathéa Tito Filho, que presidiu a Academia Piauiense de Letras durante 23 anos, João Pinheiro, autor da mais notável obra sobre a história literária do Piauí, em cuja seara parece ter sido pioneiro, Matias Olímpio de Melo, presidente da APL em dois mandatos, Breno Pinheiro, Fenelon Castelo Branco, José Pires Lima Rebelo e Wilson Carvalho Gonçalves, autor de uma das mais notáveis obras de divulgação da História do Piauí.

São considerados barrenses os poetas Leonardo de Carvalho Castelo Branco, Hermínio de Carvalho Castelo Branco e Teodoro de Carvalho Castelo Branco, cognominado o poeta caçador, em virtude de que as localidades em que nasceram fizeram parte do território de Barras (hoje integram o município de Esperantina). O primeiro foi um dos mais notáveis patriotas, tendo lutado pela Independência do Brasil no Piauí, bem como fez parte da Confederação do Equador. Os dois últimos foram heróis da Guerra do Paraguai.


Segundo Antenor Rêgo Filho, em sua obra citada, “Barras, depois de Teresina foi a cidade que mais tem filhos fazendo parte dos quadros da Academia Piauiense de Letras, quer como patronos, quer como ocupantes de cadeiras”. Nasceu nesse município Lucílio de Albuquerque (09/05/1877), que foi um dos mais importantes pintores do Brasil. Estudou na Escola Nacional de Belas-Artes, da qual veio a se tornar diretor, e na Universidade de Sorbonne, em Paris. Foi considerado em sua época o mais importante paisagista brasileiro. Expôs em Nova Iorque e em Paris.

Na atualidade, podemos citar, entre outros, como expressivos representantes da cultura e da literatura barrenses, o jornalista e intelectual Reinaldo Torres, o contista Constâncio Furtado do Rêgo, o historiador Antenor do Rêgo Filho e o poeta e romancista Dílson Lages Monteiro, professor de literatura e proprietário do Laboratório de Redação que leva o seu nome e do importante portal literário Entretextos. Na música, como cantor, compositor e instrumentista, pontifica Francy Monte.

Assim, sem detrimento de nenhum outro município, podemos dizer que Barras não é somente a Terra dos Governadores, mas também de marechais, artistas, poetas e intelectuais.       

terça-feira, 22 de abril de 2014

Fragmentos de hoje (ontem)



Cunha e Silva Filho

1)  A TV  informa que Gabriel  Garcia Márquez  faleceu. Cem anos  de solidão vendeu  milhões de cópias no mundo e foi traduzido em, pelo menos,  trinta línguas. O escritor foi  considerado  um grande da literatura  universal. Ganhador do Nobel  de literatura. em 1982. Deixou  tudo para se dedicar só à literatura de ficção. Eu me pergunto: o que faz o escritor  um gênio em seu gênero  literário? Será a forma original da  narrativa, a linguagem-objeto, no caso dele,  parte escrita no  realismo  mágico, parte,  como disse,  com  estórias  fincadas  na realidade dos homens? São perguntas  difíceis de   responder.Fica a Colômbia  e sua Macondo  na solidão de sua partida. Pelo alto  nível de sua obra, uns trinta  livros, já foi  comparado  ao talento do autor de  Dom  Quixote.  Uma pessoa da minha  intimidade uma vez me falou: “Eu gostaria  de ser um famoso escritor,  viver  só do que  escrevesse, viver do que inventasse, ser senhor da minha escolha, sem precisar de ter um emprego com compromissos de  horários, sem ser mais um na engrenagem káfico-burocrático-empresarial. Essa é uma liberdade  de que desfrutam  os  criadores  de realidades  possíveis, os artistas da palavra, inventores  de vidas e de gente tão verossímeis quanto  a realidade  empírica.

2) Gostoso  é saber  que se vai  ganhar  um  livro  que queremos ler, de um autor que admiramos, que nos fez crescer intelectualmente, uma forma  de moldar   o lado  letrado de  nossa personalidade.

3) A Rússia  há pouco,  através da fala de Putin, não quer saber de confronto  armado com  os Estados Unidos, segundo ele,  muito mais  poderoso belicamente.Conversações entre autoridades russas e europeias,  e bem  assim com a  presença  de Obama estão surtindo  algum efeito para amenizar as tensões entre irmãos que têm  posições  a favor  ou  contra a Rússia, como é o que está ocorrendo com a Ucrânia. Já pensou  se todas as ex- Repúblicas, de repente  desejassem  ficar  atreladas ao governo  russo? Como  conciliar  a Rússia  capitalista  com  os fantasmas  do comunismo  da ex-União Soviética?

4) O Brasil é mesmo  caleidoscópico. A inflação,  dizem os economistas, está crescendo. A Presidente Dilma está caindo nas pesquisas e o  engraçado é que cai mas vai  ganhar  um novo  mandato. Estão distantes dela no páreo presidencial o Aécio Neves e, bem mais  embaixo,  o pernambucano   Campos.Os preços  dos alimentos, remédios,  roupas etc  estão  altos, mas, nos fins de semana,  os restaurantes estão cheios, causando  problemas de estacionamento nas  ruas  vicinais. Assim também os shoppins centers, apinhados de gente  comendo nas  praças da alimentação, um lugar  certo de encontro de pessoas estranhas vindas de vários bairros.

5) O papa  Francisco, mais uma vez,  alinhando-se à tradição da Igreja Católica,  reafirma   a manutenção do celibato  no clero.Como  pensariam  os padres, sobretudo aqueles  de bela aparência, vendendo  saúde  e sendo admirados  pelas fiéis? Não seria lutar contra  na natureza  reprodutora do  homem? Deixo a questão em aberto.

6) Vou passar uns tempos sem ver novelas. Ficamos  presos aos  folhetins eletrônicos quando  a novela é boa e seduz os telespectadores.É voz corrente que  intelectuais não vêem  novelas. É verdade ?

7) Os dias passam no  Brasil e o problema gravíssimo da violência continua. Violência dos assaltos na rua,  dos latrocínios e, com alguma frequência,  os crimes de pais contra filhos ou vice-versa. Crimes macabros, horripilantes, cometidos por motivos   passionais,  com envolvimento  de pai, madrasta. O pais estã,   neste aspecto,  de ponta cabeça. Enquanto isso,  mata-se e o criminoso continua  tendo  penas brandas. Direitos humanos, diz a voz do povo,   são para os bandidos e assassinos, os pivetes, os de menor,  que  assassinam barbaramente mesmo quando a vítima não reage. A sociedade  grita por  mudanças no  Código Penal. A vida do cidadão, do jovem, da criança, do idoso não vale um tostão.
8) A pendenga da Petrobrás  continua. Fontes jornalística afirma que houve  prejuízos para  essa importante  empresa brasileira. Ex-altos funcionários  estão sendo  investigados pela  Polícia Federal. Algumas evidências  já são suficientes para prender  culpados. Vai mesmo  haver  CPI da Petrobrás?  E como fica a Presidente  Dilma nisso  tudo? O certo é que houve  compra  da refinaria  em Pasadena, Estados Unidos, e nessa compra o dinheiro  foi  gasto  inutilmente porque o negócio não  deu certo. No país milhões de  reais ou mesmo dólares  são  gastos em negociatas,  vão para as mãos do corruptos e ladrões e fica por isso mesmo. O governo  provoca prejuízos de milhões ou mesmo  bilhões de reais em maus negócios e tudo fica  por ismo mesmo. Toda esse dinheirama  daria  para  melhorar  grande parte  dos serviços  públicos  de saúde,  habitação,  segurança,  educação e tantos outros setores da máquina do Estado.

9) O país é real ou mágico? Eis a questão. Eis o busílis da história, ou estória?

10) No Brasil tudo se admite, menos a prisão perpétua, prisão fechada,   sem  brechas, sem a ajuda dos antigos meirinhos que  percorriam  o  velho  Rio de Janeiro do vice-reinado, com  os soldados de guarda do rei  no velho  Paço,dormindo e certamente roncando, enquanto  a banda passava lépida e solta, seguida da gargalhada  galhofeira dos moleques de rua joaninas no tempo do temível  Major Vidigal desse romance  meio picaresco,  que são  as deliciosas Memórias de um sargento de milícias, de  Manuel  Antônio de Almeida (1831-1861) esse prógono da linhagem  da narrativa da malandragem  da literatura brasileira.


domingo, 20 de abril de 2014

Seleta Piauiense - Clóvis Moura


CANÇÃO MELANCÓLICA

Clóvis Moura (1925 - 2003)

Nasci coberto de luas.
Minha mãe silenciou:
vai ser poeta das ruas,
e o vaticínio acertou.
Por isto nas praças públicas
meu verso se faz fumaça,
ama o silêncio, a penumbra
que os cadáveres fabricam
ou o riso emurchecido
dos vagabundos notívagos.
Dentro da noite navego
no meu barco sem comando
enquanto o mundo transita
em um mar feito de gritos.
Solto nuvens sonolentas
com o meu verso de fumaça:
que importa se ele naufraga
se sou poeta que passa?
A Santa me olha solene:
será Saudade ou tristeza?
Fico perdido na dúvida
e me duplico: incerteza.

Por isto é que sou poeta
pois a mãe sentenciou:
não caminho em linha reta
e fujo do que já sou.         

sábado, 19 de abril de 2014

AO CRISTO


AO CRISTO

Vespasiano Ramos *

Divino apagador dos desenganos
Tu que foste há quase dois mil anos,
Sacrificado pela Humanidade,
Prometeste voltar! Não voltes, Cristo:
Serás preso, de novo, às horas mudas,
Depois de novos e divinos atos
Porque, na terra, deu-se apenas, isto:
Multiplicou-se o número de Judas
...E vai crescendo a prole de Pilatos.


* Caxias, 13 de agosto de 1884 — Porto Velho, 26 de dezembro de 1916 

sexta-feira, 18 de abril de 2014

Patrão nosso de cada dia


José Maria Vasconcelos
Cronistas, josemaria001@hotmail.com

    Neste momento em que se comemora cinquentenário da ditadura militar, opiniões se dividem em contundentes críticas ao regime militar, e louvação exacerbada às esquerdas, hoje no poder. Antes de qualquer julgamento, ouçamos belíssima música e letra de Secos e Molhados, raro talento na voz e requebros de Ney Matogrosso, do compositor principal do grupo, João Ricardo. Degustemo-la ao vinho de primeira. Aliás, todas as composições da banda são de invejar a mediocridade que rola por aí. Pena que o grupo logo se desfez, em 1973. Navegue na internet, digite “Patrão nosso de cada dia”. Ouça. Repare cada verso de protesto ao regime militar, por metáforas, para driblar a brutal censura: “Eu quero o amor/Da flor de cacto/Ela não quis/Eu dei-lhe a flor/De minha vida/Vivo agitado/Eu já não sei se sei/De tudo ou quase tudo/Eu só sei de mim/De nós/De todo o mundo/Eu vivo preso/A sua senha/Sou enganado/Eu solto o ar/No fim do dia/Perdi a vida/Eu já não sei se sei/De nada ou quase nada/Eu só sei de mim/Só sei de mim/Só sei de mim/Patrão nosso/De cada dia/Dia após dia.”

        Cacto, vegetação grosseira, espinhosa, típica dos solos hostis, metáfora para definir a ditadura, que rejeita o amor e a ternura, “ela”, a ditadura. “Já não sei se sei”, porque “vivo preso à sua senha”, à sina e submissão. “Eu solto o ar”, protesto. “Patrão nosso de cada dia...” trocadilho de “Pão nosso de cada dia”, prece religiosa, que transmite submissão ao patrão, no caso, o regime militar. O toque melancólico dos sinos lembra a obrigação da entrada e saída dos trabalhadores nas empresas.

        Vejam o paradoxo: as mesmas paixões políticas que exaltam a ditatura Vargas condenam a ditadura militar. Neste momento de discursos, debates e avaliações sobre os “anos de chumbo” do regime militar, quase todos de condenação, há certa desigualdade de juízo, que só a História vai ponderar, sem paixões.

        Não existe ditadura de consenso. Sempre há interesses para condenar ou exaltar. A quem interessaria a ditadura militar? Aos países capitalistas. O que pretendiam os adversários do regime militar? A implantação do comunismo ou socialismo, perverso, genocida, ditatorial e escravagista: Rússia (bolchevismo), Alemanha (nazismo), Cuba, Coreia do Norte, China (Mao Tsé Tung). A ditadura militar, no Brasil, foi resultado de uma convocação da população, temerosa dos rumos sombrios que se descortinavam para a nação.

        A insegurança tem dessas coisas. O povo clamou por forças poderosas de ajuda à segurança do país. O Exército acudiu, mas o regime militar se perpetuou por longo período sem atender o povo. Parece se repetir a mesma apreensão em tempo de regime petista. A nação anda exausta com os níveis de insegurança, tráfico de drogas, corrupção, assassinatos, inimagináveis nos anos 60. Estabeleceu-se o regime democrático, mas as residências e lojas viraram prisões com câmeras ocultas. Bandidos se elegem ou patrocinam candidaturas para criar leis e estatutos de proteção a criminosos. A ditadura militar detonou inimigos da democracia, os subversivos. Hoje, funciona a Comissão da Verdade sobre crimes da ditadura militar. Que verdade? Cadê Comissão da Verdade para quem assaltou bancos, matou, sequestrou diplomatas naquela época, roubando para sustentar a guerrilha. Responda D. Dilma.


        Já começo a me danar, a me faltar fôlego - desatinado coração. Paremos por aqui, a música não terminou. Patrão nosso de cada dia continua a mesmice realidade. O patrão, agora, é outro, anda armado até os dentes querendo me tomar o carro, o dinheiro, a vida.  

quarta-feira, 16 de abril de 2014

EU, A CIDADE E O RIO PARNAÍBA



16 de abril   Diário Incontínuo

EU, A CIDADE E O RIO PARNAÍBA

Elmar Carvalho

Na sala de reunião da APL, alguns dias atrás, recebi, através do confrade Humberto Guimarães, o livro “Eu, a cidade e o rio”, enviado por seu autor, o amigo João Batista Dias Pinheiro, pertencente a ilustre estirpe do município de Rio Gonçalves e parente do juiz aposentado Orlando Martins Pinheiro, também dado à arte de escrever, e do saudoso magistrado e prosador William Palha Dias.

Trazia, em caprichosas letras, quase uma obra de arte da caligrafia, uma bela dedicatória a este cronista. Apresenta um belo projeto gráfico da autoria de Paulo Moura e foi impresso com esmero pela Gráfica do Povo, no ano passado. Ostenta um esclarecedor prefácio da lavra do médico Humberto Guimarães, membro da Academia Piauiense de Letras e conterrâneo do autor.

Embora na apresentação o autor confesse nunca haver pensado em publicar livro, termina por dizer que costumava escrever muitas cartas aos seus familiares e que chegou a ser convidado pelo professor de português Valdemar Sandes a fazer parte da União dos Moços Católicos – UMC, sob a promessa de que teria uma coluna no jornal da entidade. Acrescenta que recusou a oferta por “pura timidez”. Também se houve bem nas redações que fez no concurso para tabelião, em que logrou ótima nota, que lhe permitiu ingressar no serviço público.




Pretendia, inicialmente, escrever um trabalho sobre a vida e estórias de seu avô, João Dias Pinheiro, de quem herdou o nome. O certo é que o projeto inicial evoluiu, e acabou por escrever uma obra, de natureza memorialística, em que fala de episódios interessantes de sua vida, da vida de seus ancestrais e de outros familiares; termina abrangendo vários moradores do antigo povoado Remanso, do qual se originou a cidade de Ribeiro Gonçalves. O livro narra importantes fatos históricos do município, desmembrado do território de Uruçuí, mormente relacionados com a sua fundação e com a administração pública. Na parte final, a obra traz uma “memória fotográfica”, em que fotografias antigas reavivam a lembrança de pessoas citadas e de logradouros que já não existem ou que foram acentuadamente modificados.




Muito me agradou haver recebido “Eu, a cidade e o rio”, uma vez que vivenciei essa urbe, pois fui titular da Comarca de Ribeiro Gonçalves, da qual fazia parte o termo (município) de Baixa Grande do Ribeiro. Tomei posse desse cargo no último dia de fevereiro de 2000, e o exerci durante quase quatro anos, quando, por motivo de doença (CA), consegui minha remoção para a Comarca de Capitão de Campos.

Quando assumi minhas funções, João Batista Dias Pinheiro já era aposentado e morava defronte ao fórum. Por ser um cidadão correto, pouco andava em sua antiga repartição e nunca ouvi falar que tenha feito qualquer pedido indevido a qualquer dos juízes da Comarca. As informações sobre ele eram as melhores possíveis, e lamentei não mais encontrá-lo em atividade. Dizia-se que o desembargador Paulo Freitas, que fora corregedor geral da Justiça e presidente do Tribunal de Justiça o considerava um dos melhores escrivães do estado, e classificava o seu cartório como o mais organizado do Piauí.




Nos meus tempos ribeirenses, morei no prédio do fórum, no apartamento destinado ao juiz de Direito. Passava um final de semana em Ribeiro Gonçalves, trancado no fórum, e outro em Teresina. Aproveitava esses finais de semana para prolatar sentenças e decisões interlocutórias, de modo que mantive sempre os meus serviços em dia. Foram meus antecessores imediatos os magistrados Rogério Nunes, grande no tamanho, na inteligência e no bom humor; Almir Tajra, cumpridor de seus deveres e de grande coração, apesar de não haver sido picado por nenhum “barbeiro” e Francisco Ferreira, em companhia de quem viajei, no final de fevereiro de 2000 para assumir a titularidade da Comarca. Fora ele buscar os seus pertences.

Eram excelentes servidores da Comarca, todos portadores de contínua boa-vontade: dona Conceição, Márcia, Nilza, Barbosa e Toinha, além de dona Marilene, que desempenhava os serviços gerais do fórum. Trabalharam na Comarca, durante minha serventia, os promotores de Justiça: Antônio Barbosa Maciel, que além de cumprir suas funções com correção, era compositor e cantor, tendo musicado um poema de minha autoria; Afonso Aroldo, incomensurável dedicação ao trabalho, vários vezes o vi trabalhar durante as silentes e frias madrugadas, e Araína Cesárea, inteligente e de muito preparo intelectual, posteriormente aprovada em outros concursos. De todos guardo boas recordações.

Fui visitado por irmãos da Loja Maçônica Celso Antunes de Sousa. Passei a frequentar muitas de suas reuniões. Humildemente, contribuí, juntamente como todos os irmãos, para a construção do templo, posto que a sede ficava em casa alugada. Nesse edifício maçônico foi afixada bela placa, na qual foi estampado o meu poema Mística I, concebido com elementos da simbologia da sublime Ordem. Dessa forma convivi com vários obreiros, todos dedicados e corretos, entre os quais cito: Hugo Torres, Elson Antunes, Aníbal Carvalho, Francisco Modesto Barbosa, Joel, tenente Wilson Ribeiro dos Santos, José Pinto, Ubiratan Ribeiro Soares, Marcos Ribeiro, Joveraldo, Otoni, Gilmar, José Ricardo, Arenaldo, Tomaz, Arimatéia e Cícero.

Eram assíduos visitantes da loja os mestres maçons Antônio Carlos e Ulisses, que foram gerentes da agência local do Banco do Brasil. O tenente Wilson e Ubiratan foram prefeitos do município, e Elson exerceu a vereança em mais de um mandato. Antes de minha chegada, foi venerável da oficina maçônica Carlos Alberto, que fora promovido a gerente da agência do Banco do Brasil em Picos. Aníbal gostava de palestrar comigo sobre cultura e poesia. Admirava os grandes poetas do romantismo, do simbolismo e do parnasianismo, especialmente Augusto dos Anjos, por quem nutria a mais elevada admiração. Não assimilava muito bem os poemas modernistas. Era o mestre maior da retórica daquelas altas ribeiras parnaibanas.

Após eu haver deixado a Comarca de Ribeiro Gonçalves, foi criada, sob a liderança de Adovaldo Medeiros, a Fundação Leôncio Medeiros, em homenagem ao primeiro prefeito do município. Sua diretoria me outorgou o título de membro honorário. Em meu discurso, intitulado Tempos Ribeirenses, que transformei em livreto, distribuído na data da solenidade de instalação da ONG, ocorrida no dia 14/11/2004, narrei vários episódios engraçados ou interessantes, de que fui testemunha, protagonista ou mero coadjuvante.

Expus alguns fatos de que participei ou que presenciei. Brevemente, publicarei esse texto na internet. Na solenidade estavam presentes as pessoas mais representativas e gradas da cidade. Oriundos de Teresina, estavam presentes o saudoso magistrado e intelectual William Palha Dias, cujo nome fora dado à biblioteca da Fundação, o deputado federal B. Sá, o político e escritor Jônathas Nunes e o médico, ensaísta e romancista Humberto Guimarães.




Em minhas viagens de retorno a Ribeiro Gonçalves, revia, com o mesmo encantamento com que a vi pela primeira vez, a paisagem inicial da graciosa urbe. Ao descer a ladeira, descortinava-se a várzea, repleta de imponentes e belos pés de buritis. Quase sempre via uns meninos sararás, na porta de sua casa de taipa, a brincar perto da puaca da estrada, despreocupados com o tempo e a vida. Adiante contemplava o poço jorrante a emitir seu jato d'água, formando a poça na qual muitos banhavam. Em derredor da pequena lagoa se espraiava a vegetação e o buritizal. Se eu fosse pintor, sem dúvida dali teria extraído uma pintura magistral.



Na frente do fórum se erguia um frondoso flamboyant. Com encantamento eu via as suas floradas, como se fossem rubras e belas hemoptises de um poeta tísico. Mais adiante, na encosta do morro, escoravam-se algumas casas humildes; um majestoso angico branco servia de poleiro aos urubus, operários da limpeza e acrobatas dos espaço azuis, contra os quais se recortavam no suave bailado das alturas.

Logo adiante, ao lado direito do prédio da Justiça, erguia-se a pequenina igreja branca, no meio de uma grande praça. Mais em frente, passava o rio Parnaíba. Do outro lado do Velho Monge ficava a casa do sogro do coronel e advogado Benedito Guimarães, de boa conversa, simpático e bonachão, que havia sido secretário do governo do território e ilha de Fernando de Noronha. Na época, o rio se encontrava ainda bem preservado na região, com as margens bem definidas e fixadas pelas matas ciliares, que lhe conservavam estreito e profundo, sobretudo na proximidade do centro da cidade, perto de onde se erguia um grande morro, no lado maranhense, em cujas encostas íngremes pastavam equilibristas bodes e cabras.

A capa do livro e a leitura de vários trechos me fizeram evocar essa paisagem bucólica, que tanto me encantou no início de minha judicatura. E também me trouxe muitas recordações, que ainda me trazem acridoces saudades. Muitas evoquei em meus “Tempos Ribeirenses”, em que narrei alguns fatos de minha vida profissional, literária e social, todos ligados à encantadora urbe.     


Caro Elmar.

Li e reli a crônica que vc escreveu no seu blog que faz parte dos meus sites favoritos.

Fiquei bastante orgulhoso em razão do parentesco que tenho com João Batista Dias Pinheiro. Meu pai, Hermes Dias Pinheiro era primo legítimo do pai dele, Artur Dias Pinheiro. Tinha-o como meu tio, assim como o João em relação ao meu pai. Fomos criados pedindo a benção a cada qual, existindo o máximo de respeito.

Quando tinha 7 anos passei férias maravilhosas em Ribeiro Gonçalves em companhia do João Pinheiro e seu irmão Pedro Pinheiro, precocemente falecido. Guardo na memória aqueles dias felizes que lá passei, os banhos no riacho no sítio do tio Dondô, hoje pertencente ao João. O destino quis que somente voltasse lá já como Juiz Adjunto, curtindo o orgulho de trabalhar com o João Pinheiro, ele na qualidade de Escrivão do Cartório do 2º Ofício que, segundo as palavras do Des. Paulo de Tarso Mello e Freitas, o melhor escrivão que ele conheceu na oportunidade em que realizou correições em quase todas as Comarcas do Piaui.

Eu trabalhei por 2 anos como juiz da Comarca de Uruçuí, respondendo pela Comarca de Ribeiro Gonçalves, quando constatei a veracidade das palavras do meu querido Professor Paulo de Tarso Mello e Freitas. O João Pinheiro, mercê de sua educação primorosa que recebeu dos queridos tios Artur Pinheiro e Pureza, continua a ser um cidadão exemplar, excelente pai de família e querido parente que muito me orgulho em estima-lo.

Senti-me grato pelos elogios a ele dispensados merecidamente.

Fraternalmente

Orlando Martins Pinheiro.'.

terça-feira, 15 de abril de 2014

Para onde vai o Brasil?


Cunha e Silva Filho

Numa entrevista  de televisão  feita com  o  já saudoso  ator  José Wilker,  a certa altura de suas  respostas à entrevistadora, o ator, refletindo sobre o  que pensava  do país,  confessara que, nas suas andanças  por dever do ofício de artista,  passando  por vários  estados brasileiros,  sentia  ser o Brasil um lugar  dividido em  quatro  países.

Cada um desses países singularizava-se  por suas    diferenças,  costumes,  cultura, níveis sociais  etc. Pouco tempo depois,  - acrescentou -  com as mudanças  grandes  operadas  na estrutura   da nação,  com mais   progresso,   melhoria de comunicações, entre  outros aspectos novos, sua opinião  era outra, i.e.,  já  pensava  no país  como  um todo, porém  não um todo  que lhe viesse dar  satisfação  e alegria.

O país era um só, mas o ator  não via  no horizonte  nenhuma    possibilidade  definida  de uma  estado de melhoria das condições diversas  do país. Havia em suas palavras o tom de  sinceridade e ao mesmo tempo de perplexidade  no que diz respeito a um caminho  mais definido para a solução dos problemas nacionais. Para Wilker, não havia o mínimo vislumbre de uma  saída,  de uma via  em direção  a uma realidade  futura   e de bem-estar  para o  povo. Percebi que  o ator  não estava contente com  o país e o tom  de suas   palavras era de permanecer  por enquanto  na indagação,  na dúvida,  na expectativa  de  não  divisar  um horizonte.

Foram suas palavras  inquiridoras,  inteligentes,  lúcidas que me inspiraram  a escrever   esta crônica. E, pegando  aquele  gancho  indefinido  do que falara  Wilker, também aqui  me dirijo a tantas  perplexidade diante do que  vemos  no país contemporâneo.

Sem  fazer  nenhuma previsão  geral  quanto ao destino  que  está  reservado  ao meu país, não posso deixar de repisar  questões  que cada vez mais  me  deixam  indignado, sendo a primeira delas  a da insegurança,  na qual vive o país. Continuo a afirmar que nosso  problema  nº 1 é a violência contra  as  pessoas no país afora, e não serão as Forças Armadas que darão cabo  dessa anomalia  onivora que está   matando  o resto  da esperança  do povo brasileiro.

 As Forças Amadas, por melhor boa vontade que tenham, ora  incumbidas de proteger  uma  parte das favelas cariocas,  com data até julho  deste ano, apenas  atenderão a razões  mais  da  imagem do pais com as proximidades da  Copa  Mundial.

Quando as tropas  se retirarem, os velhos hábitos  do crime  retornarão com  toda a força e perversidade nas favelas   temporariamente monitoradas.  Pouco  ou quase nada  vão fazer os militares  para  minimizar  os massacres cometidos pela criminalidade, principalmente  porque as Forças Armadas não  têm  experiência  e know-how nessa  área de atuação. Não é sua  seara específica e constitucional.

Ontem mesmo,  às  oito horas da manhã,  um  professor de  educação física, no bairro da Tijuca,   foi mais um número  fatal da  estatística  de uma país  de altíssimo nível de   violência. Depois de tomar um cafezinho   numa padaria  perto da academia em que  trabalhava, na saída,  foi surpreendido na calçada  por  dois  meliantes adultos, um deles magro  e baixo e o outro um  homem  grande e massudo.  Usavam bicicletas. Exigiram-lhe  um relógio e  um cordão de ouro  (“Perdeu! Perdeu!," a macabra expressão  usada  por criminosos), que usava no pescoço.

O professor, de cinquenta e cinco anos,  respondeu-lhe  com um palavrão e avançou contra  os facínoras, um dos quais  lhe atirou à queima-roupa no peito, ou no pescoço. Levaram  o professor a um pronto-socorro mais  próximo, porém  era tarde. Já  estava morto. Uma câmara,  certamente a da padaria, filmou toda a cena  assustadora  e covarde e, assim, pudemos constatar que, enquanto  o adulto magro anunciava o assalto com uma arma de fogo  em punho, o homem  grande e massudo veio  por detrás atacar  o professor  tentando dar-lhe  um golpe no   pescoço.

Não há um só dia, leitor,  em que  a  TV brasileira  não  reporte uma agressão, um assalto, um homicídio, acontecido no eixo Rio - São Paulo ou em outras regiões do país. Grande parte dos assassínios é cometida  por  menores, que ficam impunes e voltam a matar outras pessoas,  outros brasileiros, jovens,  adultos,  velhos e até crianças.

O país  exige reformas  urgentíssimas no Código Penal e da mesma maneira  exige dos legisladores  aprovação de leis  que  diminuam a maioridade  penal a fim de que  tirem  o país  dessa fase  espantosa  de crimes e de impunidades. O país  exige  que  se implante  a prisão perpétua para  crimes  hediondos.

O povo  não mais  suporta  tanta  sangue derramado  por inocentes na rua, em casa,  em qualquer parte. Urge dar-se,  com rigor,  um freio  nessa deplorável   passividade  do poder  público  diante  do que está  ocorrendo  em todo o território nacional. Não é bom para o estrangeiro que veja toda essa carnificina   cometida  em nosso  país. 

Os nosso  legisladores  em Brasília  precisam  entender  de uma vez que o Brasil  não é terra de ninguém, que  tem  condições de impor  leis  severas contra  quem  é bandido, seja  de menor idade, seja  adultos.Todos os  brasileiros  conscientes  estamos   esperando  uma  posição  da Presidente da República a fim de que  ela  se sensibilize cm  o inferno em que se transformou  o país   nessa escalada  interminável  de violência  contra  inocentes, cujo  número de mortes  equivaleria  a verdadeiras   guerra civis.

Que não venham  os  sabichões do direito,  da sociologia e da antropologia  com discursos elitistas,  segundo o qual a violência  tem causas   assim e assado.  O discurso  esotérico  de especialistas  não  pega mais nem convence a ninguém.   

Desejamos, sim, ações  concretas,   palpáveis e   decisivas  que alterem o status quo da legislação penal  no combate à criminalidade e que  revertam  com   políticas de segurança pública viabilizadas,  dando  satisfação aos anseios  do povo clamando  por justiça, justiça, justiça contra  o crime. 

Desejamos, enfim, que o  cidadão em casa ou na rua,  em qualquer parte do país,  na cidade e no campo, nas megalópoles ou “monstrópoles,”  palavra cunhada  recentemente em  notável  e patriótico artigo publicado  emO Globo (“Concerto das cidades”) pelo ilustre  senador   Cristóvão Buarque  para designar  estas grandes urbes  infernais em que  se transformaram  São Paulo,  o Rio de Janeiro e outras capitais.  Somente desejamos que o povo tenha  sossego, paz e confiança  em que  este país melhore, ou se não,  vai cair  no  poço  do caos  e da  anarquia.