quinta-feira, 16 de julho de 2015

GENEALOGIA, HISTÓRIA E ECOLOGIA EM ESPERANTINA


(c) Foto:Isael Lustosa. Boa parte das pessoas vistas na fotografia foram referidas no texto


16 de julho   Diário Incontínuo

GENEALOGIA, HISTÓRIA E ECOLOGIA EM ESPERANTINA

Elmar Carvalho

I PARTE

Dias atrás recebi um e-mail do Valdemir Miranda de Castro, me convidando para umas homenagens que seriam prestadas ao grande piauiense, herói e poeta, Leonardo de Carvalho Castelo Branco, que depois adotou o nome literário de Leonardo da Senhora das Dores Castelo Branco. Haveria um réquiem, um panegírico sobre sua vida e obra e a fundação do Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico Leonardo Castelo Branco. Depois recebi um convite formal (impresso) e um telefonema do Valdemir, reforçando o teor do e-mail.

Tive a satisfação de reencontrar ou conhecer ilustres literatos, intelectuais, historiadores e genealogistas, radicados em diferentes municípios, entre os quais cito, pedindo desculpas por eventual e involuntário esquecimento: Dílson Lages Monteiro, Elias Medeiros (o Júnior e o pai), Paulo de Tarso Batista Libório, Assis Fortes, Adrião José Neto, José Luiz de Carvalho, Diderot Mavignier, Antônio de Pádua Marques, Ailton Pontes, Ramon Vieira de Carvalho, João Barros da Silva Filho, Adauto Fortes de Sá Meneses, major Leonardo Castelo Branco e o principal articulador do evento, Valdemir Miranda.

No domingo, dia 12, cedo da manhã, segui para Esperantina, em companhia de meu irmão Antônio José. Não consegui alcançar a missa em intenção da alma do ilustre homenageado, mas cheguei antes do início do panegírico, de modo que o assisti na íntegra. Valdemir, ao sabor do improviso, sem necessidade de anotações, com segurança e domínio de todo o conteúdo, discorreu sobre a vida do homenageado.

Com riqueza de detalhes, falou dos principais acontecimentos e obras de sua longa existência. Enalteceu as suas virtudes e principais realizações. Analisou e interpretou as suas mais notáveis produções literárias. Falou de sua busca inglória do legendário moto-contínuo, ainda hoje por ser inventado, que lhe consumiu boa parte da existência, e que lhe fez despender esforço, labor, tempo e dinheiro.

Também se referiu às suas participações em lutas libertárias, em virtude das quais sofreu mais de uma prisão. Valdemir é a pessoa mais indicada para escrever a mais completa biografia do notável poeta e patriota Leonardo da Senhora das Dores Castelo Branco, cuja rica existência não precisa ser romanceada, porque na verdade já é um romance, cheio de peripécias e de fatos heroicos, quixotescos e interessantes. Leonardo é, no bom sentido da expressão, um legítimo Dom Quixote de carne e osso, cavaleiro andante das causas libertárias piauienses e brasileiras.

Em minha intervenção, após o término do belo panegírico feito pelo Valdemir, seu descendente, outro cavaleiro andante das causas culturais, ambientalistas e de preservação do patrimônio arquitetônico esperantinense, lembrei o belo poema épico moderno “Leonardo” de H. Dobal, de quem tenho a honra de ser o sucessor na Academia Piauiense de Letras – APL, que enaltece e louva a figura ímpar e exemplar do homenageado, em versos extraordinários como os seguintes: “No campo raso vai galopando / Leonardo de Nossa Senhora / das Dores Castello Branco / que também outrora / se assinou de Carvalho. // A vária fortuna de Leonardo / vai governando os astros da manhã. / Leonardo capitão de campo / conhece o nome o nume desses campos (...).”

Ressalto que, tanto nos versos que acima transcrevi, como nos fragmentos do texto historiográfico (em prosa), estes da autoria de F. A. Pereira da Costa, contrapostos às várias estrofes, o nome literário adotado pelo poeta e herói aparece como sendo “Leonardo de Nossa Senhora das Dores”, quando na verdade deveria ser Leonardo da Senhora das Dores. De qualquer modo isso é apenas um mero detalhe, que em nada desmerece o fulgor e a beleza do poema dobaliano e nem o valor e a veracidade do texto em prosa.

Quero lembrar que no ano de 1997 foi publicada a Lei Estadual de nº 4.993, que previa a criação do Memorial Leonardo de Carvalho Castelo Branco. Essa lei, a exemplo do artigo 226 da Constituição Estadual de 1989, que determinava o ensino de Literatura Piauiense, tornou-se verdadeira “letra morta”. Ao longo desses mais de 14 anos nenhuma das sucessivas gestões estaduais executou esses dois dispositivos legais, o que bem demonstra o apreço que os nossos governantes têm pelas coisas e causas culturais e artísticas.


Aproveitei, em meu outro aparte, em que também fiz a apologia de Leonardo, para elogiar a obra Enlaces de Família, de Valdemir Miranda de Castro. Recomendei a sua aquisição aos interessados em história e genealogia. É uma rigorosa pesquisa genealógica dos ascendentes do autor, sobretudo tomando como ponto de partida o grande poeta, inventor e patriota. Mas não é somente isso, o que já seria demais.

Enfoca ainda outras famílias ilustres, no corpo principal, pelas afinidades, ou no apêndice, que ele pretende ampliar, que contribuíram para a povoação do vale do Longá, mormente as que se fixaram em Campo Maior, Barras, Batalha, Esperantina, Piracuruca e Parnaíba. Traz interessantes fotografias e notas biográficas sobre as principais figuras históricas referidas. Elucida o início histórico desses municípios, discorrendo sobre os principais fatos e atos que determinaram a sua criação e desenvolvimento.     

Nenhum comentário:

Postar um comentário