(c) Foto:Isael Lustosa. Boa parte das pessoas vistas na fotografia foram referidas no texto |
16 de julho Diário Incontínuo
GENEALOGIA, HISTÓRIA E
ECOLOGIA EM ESPERANTINA
Elmar Carvalho
I PARTE
Dias atrás recebi um
e-mail do Valdemir Miranda de Castro, me convidando para umas homenagens que
seriam prestadas ao grande piauiense, herói e poeta, Leonardo de Carvalho
Castelo Branco, que depois adotou o nome literário de Leonardo da Senhora das
Dores Castelo Branco. Haveria um réquiem, um panegírico sobre sua vida e obra e
a fundação do Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico Leonardo Castelo
Branco. Depois recebi um convite formal (impresso) e um telefonema do Valdemir,
reforçando o teor do e-mail.
Tive a satisfação de
reencontrar ou conhecer ilustres literatos, intelectuais, historiadores e
genealogistas, radicados em diferentes municípios, entre os quais cito, pedindo
desculpas por eventual e involuntário esquecimento: Dílson Lages Monteiro,
Elias Medeiros (o Júnior e o pai), Paulo de Tarso Batista Libório, Assis
Fortes, Adrião José Neto, José Luiz de Carvalho, Diderot Mavignier, Antônio de
Pádua Marques, Ailton Pontes, Ramon Vieira de Carvalho, João Barros da Silva
Filho, Adauto Fortes de Sá Meneses, major Leonardo Castelo Branco e o principal
articulador do evento, Valdemir Miranda.
No domingo, dia 12,
cedo da manhã, segui para Esperantina, em companhia de meu irmão Antônio José.
Não consegui alcançar a missa em intenção da alma do ilustre homenageado, mas
cheguei antes do início do panegírico, de modo que o assisti na íntegra.
Valdemir, ao sabor do improviso, sem necessidade de anotações, com segurança e
domínio de todo o conteúdo, discorreu sobre a vida do homenageado.
Com riqueza de
detalhes, falou dos principais acontecimentos e obras de sua longa existência.
Enalteceu as suas virtudes e principais realizações. Analisou e interpretou as
suas mais notáveis produções literárias. Falou de sua busca inglória do
legendário moto-contínuo, ainda hoje por ser inventado, que lhe consumiu boa
parte da existência, e que lhe fez despender esforço, labor, tempo e dinheiro.
Também se referiu às
suas participações em lutas libertárias, em virtude das quais sofreu mais de
uma prisão. Valdemir é a pessoa mais indicada para escrever a mais completa
biografia do notável poeta e patriota Leonardo da Senhora das Dores Castelo
Branco, cuja rica existência não precisa ser romanceada, porque na verdade já é
um romance, cheio de peripécias e de fatos heroicos, quixotescos e interessantes.
Leonardo é, no bom sentido da expressão, um legítimo Dom Quixote de carne e
osso, cavaleiro andante das causas libertárias piauienses e brasileiras.
Em minha intervenção,
após o término do belo panegírico feito pelo Valdemir, seu descendente, outro
cavaleiro andante das causas culturais, ambientalistas e de preservação do
patrimônio arquitetônico esperantinense, lembrei o belo poema épico moderno
“Leonardo” de H. Dobal, de quem tenho a honra de ser o sucessor na Academia
Piauiense de Letras – APL, que enaltece e louva a figura ímpar e exemplar do
homenageado, em versos extraordinários como os seguintes: “No campo raso vai
galopando / Leonardo de Nossa Senhora / das Dores Castello Branco / que também
outrora / se assinou de Carvalho. // A vária fortuna de Leonardo / vai
governando os astros da manhã. / Leonardo capitão de campo / conhece o nome o
nume desses campos (...).”
Ressalto que, tanto nos
versos que acima transcrevi, como nos fragmentos do texto historiográfico (em
prosa), estes da autoria de F. A. Pereira da Costa, contrapostos às várias
estrofes, o nome literário adotado pelo poeta e herói aparece como sendo
“Leonardo de Nossa Senhora das Dores”, quando na verdade deveria ser Leonardo
da Senhora das Dores. De qualquer modo isso é apenas um mero detalhe, que em
nada desmerece o fulgor e a beleza do poema dobaliano e nem o valor e a
veracidade do texto em prosa.
Quero lembrar que no
ano de 1997 foi publicada a Lei Estadual de nº 4.993, que previa a criação do
Memorial Leonardo de Carvalho Castelo Branco. Essa lei, a exemplo do artigo 226
da Constituição Estadual de 1989, que determinava o ensino de Literatura
Piauiense, tornou-se verdadeira “letra morta”. Ao longo desses mais de 14 anos
nenhuma das sucessivas gestões estaduais executou esses dois dispositivos
legais, o que bem demonstra o apreço que os nossos governantes têm pelas coisas
e causas culturais e artísticas.
Aproveitei, em meu
outro aparte, em que também fiz a apologia de Leonardo, para elogiar a obra
Enlaces de Família, de Valdemir Miranda de Castro. Recomendei a sua aquisição
aos interessados em história e genealogia. É uma rigorosa pesquisa genealógica
dos ascendentes do autor, sobretudo tomando como ponto de partida o grande
poeta, inventor e patriota. Mas não é somente isso, o que já seria demais.
Enfoca ainda outras
famílias ilustres, no corpo principal, pelas afinidades, ou no apêndice, que
ele pretende ampliar, que contribuíram para a povoação do vale do Longá,
mormente as que se fixaram em Campo Maior, Barras, Batalha, Esperantina, Piracuruca
e Parnaíba. Traz interessantes fotografias e notas biográficas sobre as
principais figuras históricas referidas. Elucida o início histórico desses
municípios, discorrendo sobre os principais fatos e atos que determinaram a sua
criação e desenvolvimento.
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