A imagem da
criança síria morta: crime contra a humanidade
Cunha e
Silva Filho
Primeiro, a vi na TV, em seguida,
numa postagem do Facebook. Se não soubesse o que aquela foto de sombrio
traduzia, poderia pensar numa dia
de praia, no qual uma criancinha brincalhona
estivesse fingindo que estava
dormindo deitada com a cabeça enfiada na
areia de uma praia da Turquia. Mas, não, aquela foto, possivelmente reduplicada para milhões de
usuários das redes sociais,
expressava o que de pior os tempos
de hoje oferecem à atenção dos
povos: crimes contra criança,
adultos e velhos em tempos de refugiados
vindos da África e de países em
guerra disputando continuidade
no poder ou sendo invadidos
por terroristas do Oriente. É uma
tragédia pós-moderna.
Esse
é o resultado das guerras civis
ou de terroristas ávidos de implantar
organizações sanguinárias, como é o exemplo do
chamado Estado Islâmico
tentando a derrubada de um ditador
também sanguinário e em
luta interna com os rebeldes que já dura
um bom tempo sem que
nenhuma solução seja alcançada. Tenho por mim que se vive
agora um fase de inércia
dos órgãos de segurança
internacional.
O que vem a ser a ONU nos dias atuais? E os
outros órgãos internacionais que
poderiam estar tomando posições
e medidas drásticas para
tentar, pelo menos,
minimizar os conflitos
religiosos e de domínio
político na Síria, no Iraque, nos países
africanos.
Do recrudescimento desses conflitos
bélicos é que grupos de populações de diferentes nacionalidades, diante
da fome, do estado de
desagregação social de seus países de origem e sobretudo do constante estado de belicosidade, se tornaram
refugiados – esse contingente
enorme que se dirige pelo Mar Mediterrâneo ou por outras vias em busca de uma salvação
para o que lhes resta de dignidade
de seres humanos.
Em barcos
apinhados de gente de todas as
idades aportam ou tentam aportar em
países ocidentais, Itália,
Inglaterra, França, entre outros
países europeus, pedindo acolhida para seus
infortúnios, levando consigo
apenas alguns pertences ou senão
apenas a roupa do corpo.
Vários deles foram vítimas de embarcações clandestinas dominadas
por traficantes de gente. Muitos
desses refugiados morreram afogados
no mar em virtude das
péssimas condições das
embarcações, muitas delas não passando
de barcos infláveis com altíssimo risco
de vida para seus ocupantes em busca
de uma nova vida em países adiantados.
É hora de os países ocidentais
procurarem demonstrar espírito humanitário, socorrendo, de
forma organizada e com distribuição de refugiados de acordo
com as possibilidades de
atenderem aos pedidos de asilo
dessa massa de acossados da guerra e da fome. Ao menos por um
período determinado, devem
as nações mais ricas
prover ajuda financeira
e assistência social aos
refugiados.
Ao mesmo tempo, os responsáveis pela
paz mundial, através de seus
diversos órgãos, têm a obrigação
de combater sem trégua o terrorismo
de fanáticos religiosos que
desejem impor, a ferro e fogo, modos de vida incompatíveis com os tempos
civilizados.
Era de se esperar que esse êxodo de
populações horrorizadas com guerras fratricidas e religiosas acontecesse. Na fronteira entre a Síria e a Turquia, há tempos
sírios abandonam seu país
à procura de sobrevivência
por não mais suportarem a
destruição que se abateu com a
ditadura ali instalada sob o tacão do
déspota Bashar Al-Assad numa
guerra interminável com grupos rebeldes e, agora, com a chegada do
terroristas do Estado Islâmico,
tornando ainda mais caótico e
confuso o conflito sanguinário num país
praticamente devastado por
bombardeios de todos os lados.
Não
vejo nenhuma ação
profunda tomada pela
ONU, através de seu Conselho de Segurança e a ideia que me passa atualmente
é que esses organismos
de defesa se encontram, conforme acima acentuei,
em deplorável fase de inanidade.
Enquanto as matanças não cessam
no mundo muçulmano, aparentemente deixadas de lado, o foco de atenção e preocupações agora se volta para o problema dos refugiados que invadem as fronteiras e
são contidos por alguns países, os quais, por sua vez, se sentem
acuados com o enorme
contingente de cidadãos que por força anelam
por chegar a alguns países europeus
de sua preferência, onde, segundo
eles, terão mais chance de encontrar paz, trabalho, enfim, uma nova
vida com a esperança de
felicidade.
Só espero que atinjam seus objetivos contando com a cooperação humanitária de algumas
nações europeias. È hora de
estender as mãos aos refugiados, não só na Europa, mas em
outras regiões do Planeta.
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