sábado, 28 de maio de 2016

DEPUTADO MARANHÃO NA LINGUAGEM DO ÃO


DEPUTADO MARANHÃO NA LINGUAGEM DO ÃO 

Jacob Fortes

Por recôndita motivação o deputado Maranhão tomou a decisão de decretar, sem respaldo na Constituição, sequer sessão de votação, a ab-rogação do processo de impeachment da Presidente da nação. Mas que razão teve o Maranhão para esse gesto trapalhão? Na imaginação popular o que não falta é suposição: pressão; coação; imposição, gosto pela confusão; ambição, cavilação; dissensão; desqualificação.

Mas Maranhão deu-se mal com a despropositada decisão: de reputação no chão, sem admiração, sem-razão e engolfado na própria atrapalhação, acabou solitário, na reclusão de uma ilha de desolação. Melhor reparação faria o sisudão Maranhão se optasse pela abdicação da função.  Afinal, o impulsivo gesto, digno de reprovação e admoestação, ao invés de render glorificação, prestou-se à comprovação de que Maranhão não tem qualificação para a direção da magna congregação legislativa. A circunstância impõe a amarga obrigação (por parte dos que, por aclamação, fizeram-no vice da função) de torná-lo interdito por meio de exautoração. É a medicação para evitar que arroubos de curta duração, — que encerram diminuição à casa do povão — possam causar outra vexação à nação. Sua ascensão (de vice a titular) é galão que constitui imerecida distinção. Ô Maranhão, para com essa obsessão! Se a colmeia de deputados não te aceita mais como zangão por que a tua insistência em permanecer, decorativamente, sem a mínima condição, à frente da função, justamente tu, avesso à elocução e afeito a desatinos que conspiram contra a Constituição? A casa precisa de quietação.  Controla tua intemperança; para com essa malsinada inspiração de protagonizar capilossadas que acabam por te chamar à razão e não esquece: esse gesto, sem ordem, sem arte, sem noção, exige desculpas ao povão do teu rincão, decerto cheio de decepção com o papelão que brotou da tua imprecaução. Por muito tempo os eleitores hão de ouvir os ecos da detonação da tua ação; haverás de ser pasquinado por essa extravagante confusão. Aliás, essa “obra-prima” — que, com excesso e descuidoso empenho, esculpistes, sem o clarão das luzes, para maldição da tua reputação — constitui inovação perante o teu preletor, Cunha, o poderoso chefão.    

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