DEPUTADO MARANHÃO NA LINGUAGEM DO ÃO
Jacob Fortes
Por recôndita motivação o deputado Maranhão tomou a decisão
de decretar, sem respaldo na Constituição, sequer sessão de votação, a
ab-rogação do processo de impeachment da Presidente da nação. Mas que razão
teve o Maranhão para esse gesto trapalhão? Na imaginação popular o que não
falta é suposição: pressão; coação; imposição, gosto pela confusão; ambição,
cavilação; dissensão; desqualificação.
Mas Maranhão deu-se mal com a despropositada decisão: de
reputação no chão, sem admiração, sem-razão e engolfado na própria
atrapalhação, acabou solitário, na reclusão de uma ilha de desolação. Melhor
reparação faria o sisudão Maranhão se optasse pela abdicação da função. Afinal, o impulsivo gesto, digno de
reprovação e admoestação, ao invés de render glorificação, prestou-se à
comprovação de que Maranhão não tem qualificação para a direção da magna
congregação legislativa. A circunstância impõe a amarga obrigação (por parte
dos que, por aclamação, fizeram-no vice da função) de torná-lo interdito por
meio de exautoração. É a medicação para evitar que arroubos de curta duração, —
que encerram diminuição à casa do povão — possam causar outra vexação à nação.
Sua ascensão (de vice a titular) é galão que constitui imerecida distinção. Ô
Maranhão, para com essa obsessão! Se a colmeia de deputados não te aceita mais
como zangão por que a tua insistência em permanecer, decorativamente, sem a
mínima condição, à frente da função, justamente tu, avesso à elocução e afeito
a desatinos que conspiram contra a Constituição? A casa precisa de
quietação. Controla tua intemperança;
para com essa malsinada inspiração de protagonizar capilossadas que acabam por
te chamar à razão e não esquece: esse gesto, sem ordem, sem arte, sem noção,
exige desculpas ao povão do teu rincão, decerto cheio de decepção com o papelão
que brotou da tua imprecaução. Por muito tempo os eleitores hão de ouvir os
ecos da detonação da tua ação; haverás de ser pasquinado por essa extravagante
confusão. Aliás, essa “obra-prima” — que, com excesso e descuidoso empenho,
esculpistes, sem o clarão das luzes, para maldição da tua reputação — constitui
inovação perante o teu preletor, Cunha, o poderoso chefão.
Nenhum comentário:
Postar um comentário