Irresistível pudor feminino
José Maria Vasconcelos
Cronista,
josemaria001@hotmail.com
Em meio a enigmáticos traçados de
pichações, em muros e prédios, encontrei, enfim, uma frase legível e que
traduzia a sexualidade contemporânea: “GAROTA QUE NÃO TRANSA É PAIA”.
Que PAIA? Nosso sertanejo,
preguiçosamente, engole fonemas do termo PALHA por PAIA. O caipira paulista
adota PAIA para determinar coisa imprestável, sem valor, transitório como
PALHA. Tanto faz, lá e cá. PAIA entrou no vocabulário dos devaneios baratos.
“Que tudo fácil, valor nunca traz”(R. Carlos)
Que me perdoem as mulheres, que andam
mais preocupadas em conquistar direitos de proteção à sua sexualidade do que
cobrir a sua vergonha. Vistam-se,
cubram-se de pudor e decência. O pudor feminino inflama a libido
masculina. Não me me refiro a pudor de burca e saias longas. Não, mas de preservar
prudência na relação com os homens.
Pudor é discrição no vestir-se,
prudência no falar, no topar a cantada, ficar por ficar com a primeira paquera.
Mulher pudorosa envergonha-se de mostrar o corpo, exibindo-se para despertar
erotismo. Que, na primeira parada, entrega-se a calientes amassos, e chamam o
“ficar” de amor à primeira vista.
Quanto mais fáceis as mulheres
avançam, mais os homens partem para o “ataque”. Trata-se do natural instinto
dos machos. Mulheres atacam com suas bermudas curtíssimas, seios quase à vista,
cortes para a imaginação masculina delirar, tecidos transparentes, nádegas
desnudadas, fios dentais, anais. Sem falar nos rebolados eletrizantes dos
ritmos frenéticos. Elas querem respeito e direitos, mas preservando a astúcia
das serpentes.
Paia sou eu, quadrado, antiquado,
coroa, que vivi uma época em que prostitutas da Paissandu, Marocas, Casa
Amarela e Brasília eram mais pudicas que as avançadinhas atuais. Uma época em
que o lance de uma calcinha escondidinha ou dançar colado me deixava úmido, em
pleno salão do Clube dos Diários ou do Jóquei.
Depois de uma palestra, o
estudante de 16 anos procurou-me: “Professor, não sei o que está acontecendo
comigo: não sinto mais tesão pela minha namorada...” Fui direto: “Ela permite a
você todo tipo de amasso?” E, direto, completou: “Professor, já conheço norte,
sul e centro... sem mais segredo a descobrir”. Diagnóstico: “Seu problema,
amigo, é barriga cheia: você comeu demais. Sua namorada empanzinou você. Ela
não se submeteu a uma dieta nem estimulou você a fazê-la”.
O corpo é expressão da alma. A
educação do corpo causa manifestação adequada do espiritual. O pudor, para
homens e mulheres, reflete o equilíbrio entre corpo e espírito. A devassidão
sexual, além da violência, em geral, dominaram civilizações, quando se
permitiam exageros de condutas liberais. Por isso, foram arrasadas.
A roupa é uma linguagem, assim
como os estilos. Traduzem características de época. Estilistas criam moda para
seduzir, porque a época de exacerbado erotismo domina os comportamentos. O inventor da minissaia admitia que seu alvo
“era seduzir os homens, ser subversiva a moda”.
Ah! Quão difícil conscientizar os
jovens, mocinhas principalmente! Pais e educadores é que são os verdadeiros
PAIAS. Eu, deles.
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