quinta-feira, 21 de julho de 2016

Irresistível pudor feminino


Irresistível pudor feminino

José Maria Vasconcelos
Cronista, josemaria001@hotmail.com

Em meio a enigmáticos traçados de pichações, em muros e prédios, encontrei, enfim, uma frase legível e que traduzia a sexualidade contemporânea: “GAROTA QUE NÃO TRANSA É PAIA”.

Que PAIA? Nosso sertanejo, preguiçosamente, engole fonemas do termo PALHA por PAIA. O caipira paulista adota PAIA para determinar coisa imprestável, sem valor, transitório como PALHA. Tanto faz, lá e cá. PAIA entrou no vocabulário dos devaneios baratos. “Que tudo fácil, valor nunca traz”(R. Carlos)

Que me perdoem as mulheres, que andam mais preocupadas em conquistar direitos de proteção à sua sexualidade do que cobrir a sua vergonha. Vistam-se,  cubram-se de pudor e decência. O pudor feminino inflama a libido masculina. Não me me refiro a pudor de burca e saias longas. Não, mas de preservar prudência na relação com os homens.

Pudor é discrição no vestir-se, prudência no falar, no topar a cantada, ficar por ficar com a primeira paquera. Mulher pudorosa envergonha-se de mostrar o corpo, exibindo-se para despertar erotismo. Que, na primeira parada, entrega-se a calientes amassos, e chamam o “ficar” de amor à primeira vista.

Quanto mais fáceis as mulheres avançam, mais os homens partem para o “ataque”. Trata-se do natural instinto dos machos. Mulheres atacam com suas bermudas curtíssimas, seios quase à vista, cortes para a imaginação masculina delirar, tecidos transparentes, nádegas desnudadas, fios dentais, anais. Sem falar nos rebolados eletrizantes dos ritmos frenéticos. Elas querem respeito e direitos, mas preservando a astúcia das serpentes.

Paia sou eu, quadrado, antiquado, coroa, que vivi uma época em que prostitutas da Paissandu, Marocas, Casa Amarela e Brasília eram mais pudicas que as avançadinhas atuais. Uma época em que o lance de uma calcinha escondidinha ou dançar colado me deixava úmido, em pleno salão do Clube dos Diários ou do Jóquei.

Depois de uma palestra, o estudante de 16 anos procurou-me: “Professor, não sei o que está acontecendo comigo: não sinto mais tesão pela minha namorada...” Fui direto: “Ela permite a você todo tipo de amasso?” E, direto, completou: “Professor, já conheço norte, sul e centro... sem mais segredo a descobrir”. Diagnóstico: “Seu problema, amigo, é barriga cheia: você comeu demais. Sua namorada empanzinou você. Ela não se submeteu a uma dieta nem estimulou você a fazê-la”.

O corpo é expressão da alma. A educação do corpo causa manifestação adequada do espiritual. O pudor, para homens e mulheres, reflete o equilíbrio entre corpo e espírito. A devassidão sexual, além da violência, em geral, dominaram civilizações, quando se permitiam exageros de condutas liberais. Por isso, foram arrasadas.

A roupa é uma linguagem, assim como os estilos. Traduzem características de época. Estilistas criam moda para seduzir, porque a época de exacerbado erotismo domina os comportamentos.  O inventor da minissaia admitia que seu alvo “era seduzir os homens, ser subversiva a moda”.

Ah! Quão difícil conscientizar os jovens, mocinhas principalmente! Pais e educadores é que são os verdadeiros PAIAS. Eu, deles.     

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