segunda-feira, 25 de setembro de 2017

Angústia

Fonte: Google

ANGÚSTIA

Édison Rogério

Graciliano Ramos, em "Angústia", traduz magistralmente o sentimento homônimo: repetição de atos e pensamentos em rotina desesperadora,  vida triste sem perspectiva presa em obsessivo desgosto, à espera de um amanhecer que não virá.

O personagem do amor perdido não escreveu uma obra literária, nada; mas vive, dia após dia, a angústia da afeição que não quer esquecer e que é por si, toda a sua vida!

Recuperá-la cessaria a agonia, devolver-lhe-ia os campos de lírios e girassóis em que habitava nos tempos do plácido amor.

Mas não lhe é permitido sequer lutar por essa afeição. Não convém ao Grande Amor.

Silêncio tumular lhe foi imposto. Foi-lhe decretado que o “amor enlevo d'alma” lhe é proibido!

Ele não pode afirmar que embora improvável, é a melhor opção, a paz, a tranquilidade do lago sereno, a segurança do amor correspondido, a fidelidade do amor infinito que pulsa além da vida a ser vivida, a alegria de tantas possibilidades.

Foi-lhe negado dizer que o grande amor, o amor verdadeiro, aquele que acaba jamais, não é gratuito, simples ou fácil. Himalaias se interpõem.

Sem a luta dos dois corações, não há esperança, ventura, contentamento, felicidade.


Resta a angústia de eterno compasso de noturno!   

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