Parnaíba
vai ser irmã de Dubai. Inshala
Pádua Marques
Jornalista e escritor
Dias desses, faz menos de
quinze dias, fiquei sabendo que o governador do Piauí, Wellington Dias, andou
se encontrando em Brasília com uma representação comercial dos árabes. E desse
encontro, que os blogs e portais chapa branca deram alarme maior do que os
gansos da praça da Graça, ficamos sabendo que há interesse dos conterrâneos de
Maomé em investirem suas guardadas e bem guardadas moedas em Parnaíba.
E de gauchada, assim logo
de cara, no modorrento aeroporto de final de semana, ali pras bandas do Floriópolis.
No centro financeiro e político da Parnaíba esta notícia, essa lorota, deixou
muita, mas muita gente com o dente na fresca. Foi motivo de muita conversa e
discussão, dedo na cara na praça da Graça. Teve gente divagando e vendo as
caravanas desembarcando e percorrendo a cidade e de olho grelado pelo tamanho
da Ilha de Santa Isabel, nas lagoas do Portinho e do Bebedouro.
Porque os descendentes de
Maomé nunca haveriam de ver tanta terra e tanta água se istruindo, sem utilidade.
E os economistas e sonhadores se danaram a falar sobre a abertura de
restaurantes e lanchonetes vendendo esfias, quibes e guisado de carneiro. E chegando
ao Portinho estariam em casa. Todas aquelas dunas branquinhas que nem talco
Johnson’s se perdendo sem que ninguém até agora tenha feito nada pra puxar o
turismo.
Estou aqui é agoniado pra
ver os árabes na Banca do Louro comprando revistas de mulher nua, tomando água
de coco na praça da Graça, tirando foto com o Mário Boi, se admirando com a
imponente e operante Câmara Municipal. Depois viriam as compras no calçadão da
Marechal Deodoro, pechinchando no preço das calcinhas. Eu não duvido nada se
eles não se engraçarem da ponte Simplício Dias, querendo saber a engenharia de
ponta com que foi feita a reforma.
Os árabes iriam ficar de
barba branca querendo saber o tempo que levou e comparando com o canal de Suez
no Egito e Dubai, aquele shopping center a céu aberto nos Emirados. À noite
iriam pra bem iluminada São Sebastião, na altura do Mirante. Coisa de botar
inveja em Paris. Eles, com aquelas caras de fenemê, no outro dia iriam pra
Pedra do Sal, caturando uma barraca pra se proteger do sol e iriam encontrar
umas palhoças improvisadas, atendimento e limpeza de primeiro mundo.
Dou pra ver bicho mais
desconfiado do que árabe, principalmente quando se toca em assunto de dinheiro.
Mas sempre vai ter um jeito de fazer eles caírem das carnes e abrirem a burra.
E é aí que entram os intermináveis Tabuleiros Litorâneos. Lá eles vão com o
prefeito, secretários, representantes de tudo que é repartição de governo. Até
a banda de música, a furiosa Banda Municipal Simplício Dias. Mas é sempre bom
recomendar ao cerimonial, nada de soltar foguetes. Árabe se assusta com
qualquer papouco. Até um riscar de palito de fósforo é motivo pra eles se
jogarem no chão e puxarem as armas.
Eu depois dessa rezo
daqui de casa. Cinco vezes por dia e virado pra Meca. Já comprei até aquele
tapete pra rezar no quarto. Peço que Alá
ilumine seus xeiques, beis e emires e que tudo que esse pessoal da Parnaíba
anda sonhando se torne realidade. Inshala, inshala, inshala três vezes!
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