Na foto, entre outros, são vistos: Claucio Ciarlini, Dilma Ponte, Antônio Gallas, Pádua Marques e Alcenor Candeira Filho. Fonte: Blog do Professor Gallas |
E SE AS GERAÇÕES SE UNIREM?
Claucio Ciarlini
Jornalista, escritor e poeta
Para além dos jornais e demais
produções impressas, a Parnaíba da década de 70 viu surgir uma geração de
jovens escritores que encontraram no mimeógrafo uma chance de se manifestarem
de forma mais abrangente, tendo como forte exemplo o movimento Inovação, principalmente
no que condiz ao funcionamento de seu criativo e contundente periódico
(1977-1992), gerador de grande visibilidade a diversos poetas, cronistas e
contistas que figuram, muitos, ainda hoje, publicando e sendo referência para
estudiosos e amantes da escrita, nomes como: Elmar Carvalho, Alcenor Candeira
Filho, Wilton Porto, Israel Correia e Diderot Mavignier.
Contudo, chegada a década de 90,
a cidade passou a vivenciar um período mais discreto no que diz respeito a
grupos literários. Irão surgir alguns exemplos, mas geralmente isolados. Não
houve, por assim dizer, uma geração. O que se deu foi a continuidade da atuação
daqueles escritores oriundos da década de 70, que obtiveram sua consolidação
nos anos 80, com a abertura da Academia Parnaibana de Letras, fundada por boa
parte dos próprios, no que adentraram os anos 90, continuando a atuar em
jornais e no Almanaque da Parnaíba, quando não em suas obras individuais.
Quantos nomes não deixaram de ser
revelados ou incentivados durante esse período obscuro, onde, repito, houveram
sim algumas manifestações, porém esporádicas e em sua esmagadora maioria de
forma solitária. Essa geração “fantasma”, que inclusive, foi de onde despontei,
respirou um período mais democrático em termos políticos, se comparado a geração
anterior, que havia batido de frente com a ditadura, ou seja, tínhamos mais
liberdade, porém nos faltou união, ou quem sabe alguém ou algo que pudesse nos
incitar? Uma junção de ambos? Uma questão a ser possivelmente elucidada numa
pesquisa bem mais extensa e aprimorada.
O fato é que veio o século 21, e
junto, o advento da internet, que embora já existisse bem antes, não possuía o
leque que viria a ser aberto apenas em meados de 2000, quando da época do
surgimento de diversos espaços virtuais, a citar, Recanto das Letras (2004) e
Orkut (2006). O escritor não mais se limitaria ao campo de seus próximos quando
do ato de divulgar os seus textos. O Brasil, ou melhor, o mundo, se tornou
palco para suas manifestações.
Em meio a essas novidades,
tiveram início marcas como O Piaguí (2007), impresso cultural, mensal e
gratuito (também detentor de site) que desde seu nascimento concedeu espaço
para numerosos jovens escritores, servindo de base para que eles pudessem não
apenas mostrar seus talentos, como também se conectarem e até mesmo produzirem
ações em conjunto, como foi o caso da coletânea Versania (2017), que
potencializou a visibilidade destes, que já vinham sendo publicados no jornal e
que compartilhavam suas criações pela internet, a citar, Carvalho Filho,
Alexandre César, Jailson Junior, Daltro Paiva, Joyce Cleide, Morgana Sales,
Marcello Silva, Luana Silva, Leonardo Rodrigues da Silva, Marciano Gualberto,
dentre outros.
O Boom das faculdades e cursos em
Parnaíba nesta última década também tem ajudado a fomentar a vida literária e a
formação de grupos que promovem saraus, oficinas, até mesmo publicações,
havendo uma constante parceria entre estudantes de Parnaíba e talentos vindos
de outras cidades e estados.
Cabe ressaltar também, o enorme
incentivo cultural e literário dado pelo empresário e acadêmico da APAL Valdeci
Cavalcante, como mecenas de muitas obras lançadas nos últimos anos.
Recentemente, porém não menos
importante, o surgimento da plataforma Escrever sem Fronteiras (2016), com
realização do SESC, que tem ajudado a alavancar ainda mais o nascer e o
interagir destes jovens da escrita, promovendo bate-papos e servindo de base
para o impresso anual Correio Literário. Isso, sem contar as outras atividades
desenvolvidas pelo Sesc Caixeiral, como lançamentos e demais eventos, por
exemplo, o Corredor Literário, feira realizada em 2018 e neste ano e que
possibilitou a união de escritores oriundos das gerações já mencionadas e que
fez com que fosse reforçado um sentimento já existente de promover a
aproximação destes grupos, ideia também defendida pela APAL, na figura de seu
atual presidente José Luiz de Carvalho, como também em publicações de outros
acadêmicos, como é o caso de Antônio de Pádua Marques, Maria Dilma Ponte de
Brito, Renato Bacellar e Antônio Gallas.
E é na missão de unir os jovens
literatos aos mais experientes que seguimos, a realizar ações, como por
exemplo, um projeto de minha iniciativa, que terá seu lançamento em outubro: um
livro de contos entre gerações, no intuito de fortalecer os laços, uma espécie
de ponte oficial que consolidará de vez a parceria entre APAL e O Piaguí, e que
certamente renderá excelentes frutos, afinal, e como costuma-se dizer: a união
faz a força!
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