domingo, 1 de setembro de 2019

A ZONA PLANETÁRIA - O Sistema Planetário


Fonte: Google

A ZONA PLANETÁRIA

Elmar Carvalho

Poema épico moderno, inspirado no meretrício Zona Planetária, de Campo Maior, em que procurei mesclar a mitologia greco-romana, a astronomia e a sociologia dos cabarés. Na Zona Planetária cada um dos lupanares ostentava na fachada o nome e a imagem de cada um dos planetas. Irei, no blog, publicando cada uma das partes desse relativamente longo poema.

           O SISTEMA PLANETÁRIO

Anfion percorre os sulcos
dos discos das vitrolas e as
emoções são alinhadas pedra a pedra.
Apolo é qualquer moço feio
que nos vitrais Narciso se julga.
De repente, Átropos corta o fio da vida
que era tecido pelas Parcas lentamente
pelos golpes de facas, adagas ou estiletes
nas mãos de um velho Pã embriagado.
Baco e suas bacantes celebram suas
lúbricas bacanais e bebem vinho
e sangue em frágeis taças de cristais.
Nas calçadas altas da Zona Planetária
meretrizes expõem suas carnes
em varais de açougues imaginários
aos transeuntes ou faunos eventuais,
nas horas em que Hélio esboça a Aurora.
Ali, os desejos são Ícaros leves que sobem
nas asas de cera do pensamento, quando
Nyx, filha do Caos, com seu negromanto
lantejoulado de estrelas e sua
coroa de dormideiras, a noite,
o sonho e a orgia instaura.
Cupido passa com seu
séqüito de sátiros e de ninfas
pelas calçadas e salões da Zona Planetária
e Eros proclama seu reinado
de orgia, prazeres, orgasmos e pecados.       

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