Fonte: You Tube/Google |
URANO
Elmar Carvalho
Poema épico moderno, inspirado
no meretrício Zona Planetária, de Campo Maior, em que procurei mesclar a
mitologia greco-romana, a astronomia e a sociologia dos cabarés. Na Zona
Planetária cada um dos lupanares ostentava na fachada o nome e a imagem de seu
planeta correspondente, entre os quais Saturno e seus anéis. Irei, no blog,
publicando cada uma das dez unidades desse relativamente longo poema.
Filho do Caos, Urano, o
firmamento,
com seu longo manto de
estrelas, jóias falsas e
ilusão
uniu-se a Gaia, a Terra,
também
concebida pela gênese do
Caos,
de cuja união nasceram os
filhos
que Urano prendia novamente
no quente ventre da Terra.
Mutilado por Saturno
a brandir a harpe
ceifadora da lascívia
pendurou as chuteiras
nas tetas caídas das
Harpias.
A velhice também é harpe
nos velhinhos de libido
carcomida.
Urano, pai dos Titãs,
dos desejos tão temidos,
tão terríveis,
dos Ciclopes cegos das
paixões,
dos ciclones dos desvarios.
Pela atmosfera azulada de
Urano,
das neblinas opacas, opalas
pálidas,
das inclinações perigosas
do eixo das paixões,
as cortesãs desencaminham
os castos hierofantes do
passado.
Desvendar as Esfinges
de luzes frígidas e de
sombras cálidas somente
nos labirintos das circunvoluções
dos cérebros dos amantes
ou compartimentos secretos
dos corações desenganados
desengrenados
pelas paixões
desgovernadas.
Suas pequenas luas pastoras
– entrelaçando –
com as suas as órbitas
dos anéis, fazem amor em
suas rondas – rotas de
diligente trottoir
de cortesãs se(x)quiosas
de cortesãs do sexo ciosas.
Por um buraco negro a
esquisita Miranda espia
Umbriel,
escuro satélite – mundo
morto
espremido em menage troir entre
as frenéticas Titânia e
Ariel.
Nas alcovas de luzes negras
o amor é um mistério de
sexos
que se amam e se querem devorar.
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