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ACUSAÇÕES QUE TÊM O VENTO POR TESTEMUNHA DE DEFESA
Antônio Francisco Sousa – Auditor Fiscal (afcsousa01@hotmail.com)
Foi
reportagem de jornal, assunto de televisão - possivelmente, com desdobramento jurídico-ambientalista
provocado pelos defensores dos animais de estimação -, o resgate de um cão
encontrado amarrado, faminto e maltratado em lugar ermo qualquer. Descoberto o
proprietário, este falou, enfim, ter localizado o animal que, havia meses, fugira
de casa.
Quem sabe não estivesse falando a verdade o
dono do arisco animal? A propósito, será que as tão preocupadas e diligentes pessoas
ou autoridades que, se não aconselham, também não condenam a
castração/esterilização como forma de evitar a proliferação de animais vadios nas
vias públicas – não foi o caso do pet em questão -, deixados lá por indivíduos
que não têm condições de cuidar deles, sugeririam àqueles prolíficos, mas
imprudentes pais e mães de vários filhos, que não tendo como bancar a tantos, não
evitam que alguns busquem as ruas, sucumbam às drogas, tornem-se párias sociais,
submeterem-se à histerectomia ou outra forma de esterilização?
Evitar
a superpopulação de animais de estimação que, bom que se diga, não nascem como
o capim depois das primeiras chuvas, mas são fruto da conjunção carnal entre
machos e fêmeas – como ocorre à maioria dos animais -, em vez de tentando
educar criadores sobre a necessidade de dispensar-lhes os necessários cuidados,
evitando que venham morar/viver nas ruas, ou sugerindo a esterilização e/ou
castração – quem alimentaria os irracionais eunucos abandonados? –, parece algo
dicotômico, contraditório, pois, ao tempo em que defendem a vida dos pais, quando
apenas os castram, evitam a dos filhos que, um dia, os animais esterilizados
poderiam ter.
Continuando
na linha das intervenções desautorizadas, intempestivas. A jovem mulher, às
costas do cidadão, porém, um tanto distante dele, de repente, começa a gritar
por socorro. Ele se volta, assustado, mas somente percebe que seria o motivo do
pedido de ajuda, quando a mesma, pondo-se a seu lado, começa a acusá-lo de
assédio e tentativa de estupro.
O
sujeito, atônito, não entendia a razão da acusação verbal, tampouco o desespero
da moça.
-Foi
ele! Foi ele! Gritava. Polícia! Queria me estuprar! Uma pequena multidão de
curiosos já se formara em torno dos dois. Alguém a ajude, falou uma mulher, em
meio à aglomeração, sem se dignar, sequer, a aproximar-se da “assediada”.
-
Que é isso? Não te conheço, nem te dirigi a palavra, não te fiz nada! Andava à
tua frente: estás maluca! Dirigindo-se à estranha samaritana, disse: eu nem sei
que é esta cidadã! Deixa-me em paz, tenho mais o que fazer, criatura! Ele quer
fugir, acusava a boquirrota salvadora. Nenhum de vocês - apontando para alguns
homens - vai intervir? Por que – falou um deles -, se o rapaz disse que nem a
viu ou tocou nela, pois seguia à sua frente? Ah, é? E ela, como fica? Vejam seu
estado, coitada, desesperada! A propósito, quem é a senhora – manifesta-se o
acusado - que toma as dores dela, sem ter certeza do que eu teria feito? Ela falou
que o senhor tentou estuprá-la... E isso lhe pareceu suficiente para me
condenar? Nenhuma marca ou arranhão! Não sou um tarado que ataca mulheres em
plena via pública. Ela é uma desmiolada, ou coisa pior. Assuma, sujeito - não
era mais a primeira benemérita que falava, mas outra que também se condoera da
“coitadinha” -, você assediou a garota e agora quer tirar o corpo fora? Quem vai
tomar providências? Não ouviram o que ela disse? Apontando para a moça - que,
de repente, acalmara-se como se o efeito de algo ou de alguma ação esquizofrênica
houvesse cessado.
Encurralado,
então, pelas preocupadas senhoras donas da verdade, já temia por sua segurança.
A multidão não diminuíra. A “vítima” não mais chorava, apenas soluçava
baixinho, sempre que apontava o dedo em sua direção. Olhem, ou as senhoras perguntam-lhe
por que ela achou que eu estava tentando estuprá-la, se eu seguia bem distante
dela, ou vamos a uma delegacia policial registrar a ocorrência! Ora, ora, não
se faça de sonso, moço: deixe de lorota – ela, a primeira senhora, com a
anuência gestual da outra pia cidadã.
Eis
que chega a polícia e, primeiramente, trata de afastar os curiosos; depois, um
policial chama as senhoras, de lado, e lhes pergunta o que estaria acontecendo.
Um estupro: este homem tentou currar aquela moça – apontando a “vitima”. Antes
de olhar para ela, o militar virou-se para o acusado: é fato o que elas dizem,
cidadão? Claro que não, é uma grande mentira, uma acusação grave. Antes que o
senhor me pergunte: jamais vi essas mulheres. Ela deve ser louca, desequilibrada!
Falou um monte de sandices e, depois, calou-se, emudeceu. E as senhoras, seriam
parentes da vítima? Não. Viram, pelo menos, ele tentando estuprá-la? Não, em
coro, as duas.
Naquele
momento outro guarda, alertado pelos colegas que haviam examinado a moça,
falou: senhores, esta jovem é nossa velha conhecida. Não é a primeira vez que
ela acusa estranhos nas ruas de a terem tentado estuprar. Além de ter problemas
esquizofrênicos, deve ter sofrido algum trauma, no passado Voltando-se para o
acusado: sabemos que o senhor se sentiu bastante ofendido e, dirigindo-se às “boas
samaritanas”: cuidado para não saírem por aí fazendo o mesmo que ela: acusando
alguém por um crime que não o viram cometer; todavia, releve essa situação
vexatória, cidadão, ela é doente e precisa de ajuda; quanto a essas senhoras,
infelizmente, são duas falastronas. Não devia, seu guarda, mas vou aceitar seu
conselho. Agradeceu-lhe e partiu, sem nem olhar para trás.
Fato
é que, acusar, atualmente, é ato tão fácil de realizar, quão difícil é de ele
defender-se; notadamente, quando, ou se, a prova da acusação forem palavras atiradas
ao vento, que também seria a principal, senão única, testemunha de defesa.
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