Nos áureos e velhos tempos do Inovação: Reginaldo Costa, Canindé Correia, Vicente de Paula (Potência) e o entrevistado.
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Membros do Jornal Inovação, sob o cajueiro de Humberto de Campos, vendo-se, da esquerda para a direita, no 1º plano: Bartolomeu Martins, Vicente de Paula (Potência), Elmar Carvalho e Canindé Correia; 2º plano: Danilo Melo, Francisco (Neco) Carvalho, Diderot Mavignier, Franzé Ribeiro, Sólima Genuína, Bernardo Silva, Reginaldo Costa e Paulo Martins; 3º plano: Jonas Carvalho, Israel Correia, Porfírio Carvalho, Wilton Porto, Alcenor Candeira Filho e Flamarion Mesquita. Percebe-se, nesta fotografia, a felicidade dos retratados com esse reencontro, posto que vários moravam em outros estados e municípios. Hoje, a maioria já não reside em Parnaíba
Paulo de Tarso Mendes de Souza, Natim Freitas, Canindé Correia, Zico, José Hamilton Castelo Branco, Elmar e Fátima
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DEPOIMENTO SOBRE CANINDÉ
CORREIA
Alcenor Candeira Filho
Poeta, cronista e ensaísta
Com o falecimento de Francisco
Canindé Correia em 24-01-2020, aos 76 anos de idade, perdi um dos maiores
amigos que tive e um dos homens mais íntegros e coerentes que conheci em toda a
vida. Era tido pelos intelectuais do Inovação como um verdadeiro guru. Falava menos do que ouvia. Jamais
tergiversava ao emitir opinião.
Filho do professor Benedicto Jonas Correia
e Berenice Correia, nasceu em Parnaíba em 1944.
Na infância e na adolescência não tive
convivência com Canindé apesar de
morarmos em Parnaíba.
Tornei-me seu amigo no Rio de Janeiro,
onde ele fazia o curso de ciências econômicas e eu o de direito e chegamos a
fazer com outros parnaibanos algumas
edições do jornaleco mimeografado O
Liguinha, considerado o primeiro jornal marginal do Piauí e que viria a ser o
tema da monografia de conclusão de curso de Licenciatura Plena em História,
apresentada pela professora Camila da Silva Miranda à Universidade
Estadual do Piauí, sob a orientação do
professor M.s Idelmar Gomes Cavalcante Júnior, com o título “Por uma Questão de (Des): a Emergência da Imprensa
Alternativa no Piauí a Partir do Jornal O Linguinha”. O jornaleco fundado em Parnaíba em fins de
1971 estampava como epígrafe esta quadrinha de minha autoria:
O Linguinha é um
jornal
que talvez não valha
nada,
mas em tudo que vai mal,
quando pode, dá
porrada.
O gosto pelo jornalismo alternativo
levou-o a escrever para o jornal A
Libertação, fundado em Parnaíba em 1977 por Francisco José Ribeiro e Reginaldo
Costa, que durante as comemorações do 7º aniversário da fundação do jornal
declarou:
“Num plano mais
amplo, direcionamos nossos
olhos para o povo, para
os marginalizados que
vegetam na periferia da
cidade, apesar de pagarem
impostos de toda
natureza. A visão dessa situação
nos estimulou a editar
um jornal mimeografado,
desvinculado de qualquer
força que viesse a nos
amordaçar. Hoje, por uma feliz
coincidência,
Inovação entra no 8º ano
de existência, de luta
Ininterrupta. Em nome do
grupo Inovação gostaria
de homenagear aqueles
que se empenharam, no
início, para que ideia
frutificasse. Destacaria
Canindé Correia, Ednólia
Fontenele, Olavo Rebelo,
Ana Alice, Airton Meneses, Franzé Ribeiro, entre
outros.”
Durante os dez anos de existência o
Inovação, o mais importante e o mais duradouro jornal alternativo do Piauí,
cumpriu corajosamente a sua destinação denunciando mazelas e falcatruas
administrativas na cidade de Parnaíba, além de divulgar a poesia, a música e o
teatro da terra e colocar-se permanentemente ao lado dos fracos e oprimidos.
Segundo o poeta Elmar Carvalho, que teve
ativa atuação no Movimento Social e Cultural Inovação, “se alguém algum dia escrever um ensaio
isento e imparcial sobre a cultura parnaibana não poderá olvidar, jamais, o
jornal Inovação.
Inovação é atualmente para algumas pessoas
de Parnaíba um jornal maldito. E incômodo,
muito incômodo. Mas vale ressalvar que não obstante isso, ou exatamente
por isso, é mais vendável e discutido que a ‘grande’ imprensa de Parnaíba. Creio que em virtude de sua independência, de sua coerência para com
a verdade, e de sua não omissão diante de fatos injustos e nocivos à
comunidade” (Jornal da Manhã Teresina, edição de 28.08.1983).
Por sua vinculação com o Inovação e
posições políticas de esquerda, Canindé
era taxado por alguns desafetos de
comunista, o que não corresponde à verdade. Socialista e terceiro-mundista
convicto sim; comunista, nunca.
As principais funções que exerceu foram:
superintendente do SESI-PI e secretário municipal de educação na primeira administração de José
Hamilton Castelo Branco (1993-1996).
No período em que foi secretário de educação foram muitas as realizações, destacando a construção do
CAIC-Escola Municipal Professora Albertina Furtado Castelo Branco e a grande
ampliação da Escola Roland Jacob, justamente as duas maiores escolas da rede
pública municipal.
Até hoje não conheci uma pessoa mais
desprovida de ambições materiais e de vaidade do que ele. Quando sondado para integrar a Academia
Parnaibana de Letras agradeceu a lembrança, mas ponderou que não poderia
concorrer porque não era autor de livro, argumento frágil se se considerar que
poderia sanar o óbice com a reunião em livro dos principais textos que escreveu
em jornais e dos pronunciamentos feitos como secretário de educação e
superintendente do SESI. Outro exemplo: presenciei na minha residência Canindé
recusar convite feito por José Hamilton Castelo Branco na sua terceira
administração para que assumisse importante cargo na Prefeitura. Justificativa
para a recusa: já aposentado queria dedicar-se apenas à esposa Tânia Maria
(minha irmã), às filhas Ivana e Maria de Fátima e aos netos Jonas e Felipe. Na
época não tinham nascido ainda Gabriel e Mari Eduarda.
Não obstante as considerações acima,
Canindé compõe surpreendentemente o quadro de sócios efetivos do Instituto
Histórico, Geográfico e Genealógico de Parnaíba (cadeira nº 13).
Eu costumo dizer que quem viveu até os 60 anos, morreu jovem, quem viveu entre os 60 e 70 anos viveu razoável, já idoso, e quem faleceu com mais de 70 anos, viveu bem, aproveitou algumas coisas da vida. Descanse em paz meu padrinho Canidé!
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