quarta-feira, 18 de março de 2020

POEMITOS DA PARNAÍBA


POEMITOS DA PARNAÍBA

Texto: Elmar Carvalho
Charges: Gervásio Castro


5.           Lobaia

Animal trípede da
família dos primatas.
Animal não monstruoso:
animal mastruoso.
Pé de mesa mais famoso
da Parnaíba, Lobaia
só cavalgava cobaia,
em única experiência,
através da armadilha
das lâmpadas apagadas.


6.           Parassi

Vai bola com Parassi.
Parassi pára. Parassi para
Moacir. Era o velho
Parnaíba de Parassi,
Irmãos & Futebol Clube.
Hoje é apenas Parnaíba Clube.



7.           Mestre Ageu

Mestre Ageu
mago das artes escultóricas,
novo rei Midas do antigo mito
a transformar em estátuas
troncos toscos de madeira
com os toques de suas mãos.
Mestre Ageu
Pigmalião dos mágicos toques
faz mais uma escultura:
ninguém se espantaria
se ela gesticulando
lhe desse “bom dia”.
Mestre Ageu
de arte tão exata
que lhe força fabricar
o seu cinzel de cortar.
Mestre Ageu
em sua agrura
agora chora ora e deplora
afagando/abraçando/agarrando
a escultura, sua cria/tura:
o compra/dor a veio buscar.


8.           Simplição

Não o Dias da Silva,
mas o Long John da Parnaíba,
o terror da mulherada,
pé de cana e pé de mesa,
concorrente de jumento e garanhão.
Só pegava mulher novata,
desconhecedora da fama de seu
alopramento descomunal.
A cama se transformava
no altar do sacrifício da mundana,
segura a pulso como uma potra bravia.
Processado pela noiva descartada
após quarenta anos de noivado.
(A noiva não sabe a sina
de que terá escapado.)   

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