POEMITOS DA PARNAÍBA
Texto: Elmar Carvalho
Charges: Gervásio Castro
5. Lobaia
Animal trípede da
família dos primatas.
Animal não monstruoso:
animal mastruoso.
Pé de mesa mais famoso
da Parnaíba, Lobaia
só cavalgava cobaia,
em única experiência,
através da armadilha
das lâmpadas apagadas.
6. Parassi
Vai bola com Parassi.
Parassi pára. Parassi para
Moacir. Era o velho
Parnaíba de Parassi,
Irmãos & Futebol Clube.
Hoje é apenas Parnaíba
Clube.
7. Mestre Ageu
Mestre Ageu
mago das artes
escultóricas,
novo rei Midas do antigo
mito
a transformar em estátuas
troncos toscos de madeira
com os toques de suas mãos.
Mestre Ageu
Pigmalião dos mágicos
toques
faz mais uma escultura:
ninguém se espantaria
se ela gesticulando
lhe desse “bom dia”.
Mestre Ageu
de arte tão exata
que lhe força fabricar
o seu cinzel de cortar.
Mestre Ageu
em sua agrura
agora chora ora e deplora
afagando/abraçando/agarrando
a escultura, sua cria/tura:
o compra/dor a veio buscar.
8. Simplição
Não o Dias da Silva,
mas o Long John da
Parnaíba,
o terror da mulherada,
pé de cana e pé de mesa,
concorrente de jumento e
garanhão.
Só pegava mulher novata,
desconhecedora da fama de
seu
alopramento descomunal.
A cama se transformava
no altar do sacrifício da
mundana,
segura a pulso como uma
potra bravia.
Processado pela noiva
descartada
após quarenta anos de
noivado.
(A noiva não sabe a sina
de que terá escapado.)
Nenhum comentário:
Postar um comentário