Fonte: Jovem Pan News/Google |
A MISÉRIA ABUNDA
Nelson Nunes (1954)
Neste instante em que escrevo
sob o sol
sob a lua
no meio da rua
uma criança envelhece comigo.
Oh miséria fudibunda
que não tem seios belos
nem sexo forte ou frágil
que parte em mil os espelhos
que em estilhaços vasam os vasos
que não têm mais sangue
nem água
nem alguma coar.
Oh abundância miserável
que a bunda de tão pouca
nem bola nem rebola
que tem o coração na boca
que faz apodrecer a fruta-pão
que frutifica metais e cristais
que não metabolizam
nem cristalizam mais.
Em minha mente neste instante
sob o sol
sob a lua
no meio da rua
o intestino do tempo
desenrola
quilômetros de vísceras vazias.
Fonte: site Antonio Miranda
Nenhum comentário:
Postar um comentário