quarta-feira, 23 de setembro de 2020

SOBRE COTAS? CHEGA DE DEMAGOGIA!

Fonte: Google/Nova Escola


SOBRE COTAS? CHEGA DE DEMAGOGIA!


Antônio Francisco Sousa – Auditor Fiscal (afcsousa01@hotmail.com)

 

Ora, se já são mais pardos e negros na população brasileira, nas universidades estatais e, certamente, também dentre os inscritos para concursos públicos visando o preenchimento de vagas a cargos no serviço público, destinar-lhes uma cota de vinte e cinco por cento – que alguém gostaria de que fosse trinta e três, pois queria para eles uma em até três vagas ofertadas – parece desproporcional, levando-se em conta que a disputa já começa desigual, quantitativamente, sem entrar no mérito da qualidade cultural ou de conhecimento, e desconsiderando essa demagógica lorota de o estado (o cidadão) precisar pagar uma dívida histórica a brasileiros pardos e/ou pretos. Imaginem se judeus e ciganos fossem cobrar dívidas históricas da Alemanha por conta dos genocídios que contra eles cometeu no século XX. Como o branco, amarelo, enfim, não preto nem pardo, mas pobre ou desempregado, que, semelhantemente, busca uma ocupação que lhe permita sonhar com a potencial condição econômica e social do pretenso aquinhoado com o privilégio da cota, pode ser tomado por devedor de um cotista?

 

 Se mais de determinada categoria racial, como no caso de pardos e pretos por aqui, concorrem a um mesmo número de vagas, teórica e, provavelmente, mais daqueles ficarão com mais cargos. Somente ocorreria diferentemente se preconceituosamente, pensássemos ou concluíssemos que, apesar de em menor número, os outros concorrentes brancos, amarelos, enfim, não pardos ou pretos, seriam ou estariam mais bem preparados, intelectualmente. A cota para pardos/pretos, no tocante ao concurso público, é um privilégio contestável, porque, além de racial e de funcionar como substituta do conhecimento para os mesmos, havidos por credores vitalícios, ad aeternum de brasileiros de outras cores, é mantenedora de injustiça, ao não devolver à concorrência geral – brancos, pretos, amarelos mais bem classificados -, as vagas conquistadas meritoriamente, isto é, sem usufruto das cotas, por pretos e/ou pardos.

 

Dar ou direcionar cotas por conta de dívidas raciais históricas – penalizando quem não as fez com o castigo de não usufruírem dos benefícios atribuídos aos que as recebem -, seria o mesmo que pensar ou concluir, até do ponto de vista antropológico, que os beneficiados pertenceriam a raças diferentes; e não são, até porque, aqui, é demagogicamente legal, podermos declarar qual nossa cor. Por outro lado, ao se fazer isso, ou seja, informar-se ou se declarar de cor diferente da própria epiderme, estar-se-ia corroborando a ideia de que cor é o que menos importa, que todos fazemos parte de uma mesma raça, a brasileira; o que já seria outra tolice, haja vista todos pertencermos a uma única raça: a humana.

 

Estranhas, estapafúrdias ou contraditórias são conclusões a que, facilmente, se chega examinando determinados números ou índices estatísticos colocados à disposição de todos. Senão, vejamos: afirma-se que a política de cotas foi revolucionária no país, pois em menos de duas décadas quadruplicou o ingresso de negros na universidade; ou seja, provocou mudanças reais naquela comunidade; entretanto, soa dicotômica a conclusão que a afirmação acima permite, quando dizem que, apesar de representar mais da metade dos estudantes do ensino superior, a população de cor preta ainda estaria sub-representada porque monta ela em cinquenta e cinco por cento da brasileira. Quer dizer, justiça histórica com essa parcela majoritária de brasileiros, somente haveria se todos os habilitados estivessem cursando universidades? Ou se brasileiros brancos e de outras cores de pele, pobres ou não, não contassem com cotas raciais para ingresso no ensino superior?

 

Segundo a UNICEF, o número de negros reprovados nas escolas brasileiras é o dobro do de brancos; logo, logo, perceberão ser necessário adicionar novas cotas raciais ou mecanismos educacionais aos ensinos fundamental e médio, de modo a evitar esse enorme percentual de reprovação e, claro, de abandono escolar. Lá na frente, os que estiverem aptos a ingressar no curso superior, caso prefiram, ou já estejam cansados delas, poderão dispensar cotas que estarão à sua disposição; como também no momento de buscarem o emprego, caso optem pelo concurso público.

 

Fechando o arrazoado: e se, talvez, um dos motivos que levam a população negra/parda a ter problemas que culminam por fazê-los ser mais reprovados do que os brancos na escola brasileira fosse o fato de consumirem menos frutas e hortaliças que a população “branca”, segundo Ministério da Saúde? Bolsa Família, Tarifa Social de Energia Elétrica, Minha Casa Minha Vida, Bolsa Verde, Benefício de Prestação Continuada, Auxílio Emergencial, são benesses do governo federal a brasileiros de todas as cores, que, podendo, participem do cadastro único dos programas sociais. Não venham os malucos por cotas tentar criar uma para frutas e hortaliças, destinada a brasileiros de cor preta e/ou parda em idade escolar.     

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