Charge de Gervásio Castro |
2020 – UM NATAL DIFERENTE
José Pedro Araújo
Historiador, contista e cronists
O Natal está chegando este ano com um gosto amargo para muita gente. Um vírus mortal que veio lá das bandas do oriente é o principal responsável por isso, somos sabedores. Muitas famílias estão enlutadas e, por isso mesmo, terão um período natalino mais triste do que o do passado. Até mesmo para aqueles grupos familiares que escaparam até agora do poderoso e nefasto inimigo microscópico, as festividades serão mais simples, mais magra, e sem a pompa de outras épocas. Nas igrejas, por exemplo, onde costumávamos comemorar alegremente a virada do dia vinte e quatro para o vinte e cinco, haverá modéstia nas comemorações, simplicidade nas apresentações. Entretanto, nada disso apagará o brilho desta data que encanta a todos os cristãos, nem interromperá a sua realização por completo. E a razão disso está no fato de que, o que comemoramos nessa data, é a chegada do Filho de Deus, a ocorrência da esperança para nossas vidas, da alegria de sabermos que a vinda do Redentor nos trouxe a certeza de que há salvação para as nossas almas, bálsamo para as nossas dores, e a certeza de uma vida eterna plena de paz e alegria. Isso, ninguém, nenhum vírus maléfico, vai nos tirar. Nunca sairá de nós a alegria do tocar dos sinos no alto das catedrais, de nos encantarmos, e nos emocionarmos, com o som maravilhoso das lindas canções invadindo nossos lares, ocupando o espaço da tristeza em nossos espíritos.
Pensando no assunto, comecei a
imaginar como deve ter sido o Natal dos britânicos em 1943/1944 (e de muitos
europeus), no momento mais agudo da segunda grande guerra, quando os alemães
escolheram o período da noite para lançar suas bombas mortíferas sobre os lares
londrinos. A história nos conta que, mesmo com a permanente tensão, os
moradores da cidade nunca perderam a sua fleuma, parte da sua rotina; não
esmoreciam e procuravam levar uma vida como se os nazistas não pudessem afetar
o curso delas. E com esse pensamento, muitos enfeitaram suas casas normalmente
para esperar o Natal, e a maioria comemorou frugalmente o grande dia nos
abrigos subterrâneos da cidade. A data, e o motivo da comemoração, precisava
ter continuidade, mesmo sem a pompa de outras épocas. Deste modo, venceram o
medo com a Fé; o terror das bombas V1 com o som maravilhosos dos cânticos.
Do mesmo modo, deve ter
acontecido assim na primeira grande guerra, ou em períodos de pestes mortais,
como a Gripe Espanhola, a Peste Negra, a Varíola, a Peste Bubônica, entre
tantas outras. Nada disso foi suficiente para estancar o curso das festividades
do dia em que comemoramos a vinda de Cristo.
A terra onde Jesus nasceu, por
exemplo, tem sido um local permanente de incertezas de como será o Natal do ano
que corre. O conflito árabe/israelense tem apagado, ano após ano, o brilho
desta festa, mas não a interrompe por completo. Um exemplo disso aconteceu em
2006. Belém fica hoje localizada fora do território de Israel, na Cisjordânia,
mas, mesmo assim, dezenas de milhares de turistas procuram a cidade nesse
período natalino para visitar o local onde o Filho de Deus se fez homem. O
conflito entre os dois povos ocasionou o surgimento de um muro entre as duas
regiões litigiosas. E isso tirou o acesso dos trabalhadores que diariamente
adentravam em Israel para exercer suas funções em Jerusalém, cidade próxima à
fronteira, especificamente naquele ano. A Intifada, provocada pelo Hamas, foi a
responsável por Israel levantar o muro para proteger a sua população dos ataques
quase diários promovidos pelos seus inimigos. Pagaram por isso os trabalhadores
do outro lado do muro, em Belém, que precisavam do dinheiro ganho dos Judeus
para promover o sustento de suas famílias.
A cidade de Belém, de pouco mais
de 40.000 habitantes, ficou sem recursos financeiros, sem condições até mesmo
de pagar os salários de seus funcionários. Aquele Natal foi muito triste. Até
mesmo os produtos retirados das fazendas existentes no outro lado do muro,
foram impedidos de chegar até a mesa das famílias na cidade de Cristo. Contudo,
não duvido de que os cristãos lá residentes deram um jeito de comemorar a data
mais importante da cristandade. Eles sempre conseguem. A Fé que move montanhas,
segundo as escrituras, sempre encontra um modo de acender a chama da esperança
nos corações cristãos. E não há peste ou flagelo suficientemente grande que
impeça que eles festejem a sua data célebre.
Quem não tem acesso à energia
elétrica para acender as luzes da árvore mais humilde, acendem velas de cera e
o brilho das chamas fazem refletir as cores nas bolas e arranjos natalinos.
Elas emitem o fulgor e o brilho de suas belas cores: O Vermelho, que representa
o sangue de Cristo, e o amor incondicional ensinado pelo Mestre; e o Dourado,
que significa a presença do divino, a luz, o sol. Essas cores, esse brilho,
nunca morrerão nem faltarão nos lares cristãos. Mesmo em tempos de guerra ou de
peste, como a que vivemos hoje.
Em algum lugar encontrei uma
lista de coisas que podemos fazer para alegrar as crianças nesse Natal
diferente:
1 – Tirem o dia para cozinhar
receitas natalinas;
2 – Façam cartões de natal personalizados;
3 – Organizem uma chamada de vídeo com Papai Noel;
4 – Decorem a casa juntos;
5 – Invista em maratona de filmes de natal;
6 – Façam um Karaokê com músicas de natal;
7 – Troquem presentes virtualmente;
8 – Passeie de carro pela cidade para admirar as luzes de natal pela cidade;
9 – Criem uma lista de agradecimentos e pendurem na árvore. Motivos para agradecer a Deus pelo ano passado não faltarão.
10 - E, principalmente, ajoelhem-se e renovem os votos de Aliança com o nosso Poderoso e Amoroso Deus.
Um Feliz Natal a todos!
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