terça-feira, 17 de agosto de 2021

JÁ LÁ SE VÃO CENTO E SESSENTA E NOVE ANOS TERESINA

Fonte: Google

 

JÁ LÁ SE VÃO CENTO E SESSENTA E NOVE ANOS TERESINA


Antônio Francisco Sousa – Auditor-Fiscal (afcsousa01@hotmail.com)

 

Por que isso? Repiques, som, luz, cores; algazarra e tambores? É que estamos em festa. Como pano de fundo, um amor profundo. Inteiro em nosso peito cabe o mundo: o tempo, a hora, o minuto, o segundo. Não mais janelas abertas ou moçoilas pudicas criando arestas, espreitando pelas frestas. Infelizmente, já não mais estão lá as belas. Boates, pubs, shoppings: neles, elas esperam por eles, ou, eles por elas. Cento e sessenta e nove anos de história, de glórias; às vezes, inglórias.

            Ah! Saudosa memória: o Rio Parnaíba, silente, a passear; a caminho do mar; solto, livre, como uma criança a nadar. Agora, Velho Monge a se arrastar, pesadamente, parece lhe faltar o ar. Encanecido e sem forças, mal sai do lugar. Outrora, torrentes, enchentes; estraçalhava tudo em correntes; subia em margens e cais, fingindo-se de inocente; depois, vagava contente, feliz, renitente, desobediente. O irmão menor correndo ao lado, animado, calado, ensimesmado. Esperando, com enfado, a vez de ser convidado a se juntar ao mano, para o passeio desejado. Ainda lembras? Quão bom era vê-los, bonitos, fortes, audaciosos, levados. Admito: dói remexer no passado.

Mas, quem disse que cabe o choro, o desdouro? Resta-nos colher os louros. Do solo, os prédios saindo, aos borbotões, subindo ao céu, sem fim. Magros, parrudos ou esguios; belos, modernos; rostos pintados ou com frontes de mármores frios. O progresso, é certo que entendes, não é o contraste, faz parte: é resultado de engenho, labor e arte. Deves te orgulhar: tens um povo hospitaleiro, altaneiro, sobranceiro; ligeiro no bom trato, alegre, afável, fagueiro. Lembranças: naquele, certamente, quente dia dezesseis de agosto, de mil, oitocentos e cinquenta e dois tu nasceste.  Estás aniversariando: é este o motivo de tanta festança. Talvez nem ribombem foguetes, fogos queimem ou crepitam, mas as estrelas luzem. Tudo isso traduz nossa esperança de um futuro sem mistério, realizador, do qual cada um de nós deve se tornar senhor.

Certo é que, por mais que haja do que reclamar, mais há para comemorar. O que passou ou mudou, não tem jeito, e o que Deus fez perfeito ninguém, nenhuma pessoa destruirá: está feito.

            Parabéns, adorável Teresina. Ser feliz é tua sina.

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