Resenha de Noturno de Oeiras e
outras Evocações
Paulo Costa
Poeta e escritor
O título da obra por si só faz lembrar a composição
clássica de Frédéric Chopin - Noturno em Mi bemol maior, op. 9 n° 2 - e
talvez seja essa a mais conhecida desse gênio da música erudita. A lembrança é
reforçada quando se percebe que “noturno” é uma composição que evoca ou simplesmente é inspirada pela
noite.
O primeiro aspecto do corpo do livro que cativa a atenção
é a linguagem, um ótimo vocabulário. O vernáculo em sua expressividade mais
eloquente e sem qualquer significado vazio. A utilização de termos rebuscados
demonstra prontamente o nível de leitura e conhecimento do autor. Ao mesmo
tempo, quase que forma paradoxal, sua poesia é compreendida de forma simples,
com versos livres e impregnada de uma tonalidade clássica irretocável.
Há uma notável sensibilidade poética na obra, uma vez
que desperta paulatinamente no leitor uma sensação de deslumbramento, além de
atiçar a curiosidade sobre o momento da escrita, as ruas da cidade de Oeiras
com seus casarões, o calçamento que suportou inerte e silente o peso de uma infinidade
de tempo e memória. Em momento oportuno da obra, como uma complementação, o
cemitério exsurge como um deleite de mistério e luto, morte e (quase)
esquecimento.
As crônicas têm uma narrativa perspicaz sobre temas
variados. Algumas personalidades são homenageadas, como Nogueira Tapety,
Expedito Rêgo, Balduíno Barbosa de Deus, dentre outros. O autor transforma
cultura em memória, memória em versos, e versos em sensações. Paira no ar quase
que uma nostalgia acerca de um lugar que ainda não foi visitado pelo leitor, um
anseio por ler a luz do luar na cidade de Oeiras ao som da orquestra de
bandolins.
O autor além de derramar seus versos e crônicas,
encara de forma madura a crítica literária. A tarefa que para muitos é árdua em
demasia, se desenvolve muito naturalmente ao longo da obra. O crítico lê nas
mesmas páginas o que outras pessoas viram, mas não enxergaram.
Noturno de Oeiras e outras Evocações é uma moldura de encantamento. A cidade de Oeiras foi arrebatada por uma obra de grande entusiasmo e consideração. Não resta dúvidas de que este livro será utilizado como fonte de estudos de história e literatura, por consagrar de forma ímpar a essência de um povo.
Moldura de encantamento.
ResponderExcluirObrigado, caro amigo.
ResponderExcluirCertamente é uma boa e justa homenagem a nossa vetusta Capital.
ResponderExcluirBoa tarde amigo Elmar Carvalho
O poeta e escritor foi até modesto ao discorrer sobre esse que é uma das páginas mais bonitas da poesia piauiense. Já tive a oportunidade de expressar ao autor dessa pérola pintada com tintas noir. Contudo, o resenhista foi mais que soberbo em sua descrição e não precisaria dizer mais para que os belos versos do poema me levassem de volta a Oeiras, sobretudo ao quadrilátero da praça da matriz.
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