quarta-feira, 5 de janeiro de 2022

Resenha de Noturno de Oeiras e outras Evocações



Resenha de Noturno de Oeiras e outras Evocações

 

Paulo Costa

Poeta e escritor

 

O título da obra por si só faz lembrar a composição clássica de Frédéric Chopin - Noturno em Mi bemol maior, op. 9 n° 2 - e talvez seja essa a mais conhecida desse gênio da música erudita. A lembrança é reforçada quando se percebe que “noturno” é uma composição que evoca ou simplesmente é inspirada pela noite.

O primeiro aspecto do corpo do livro que cativa a atenção é a linguagem, um ótimo vocabulário. O vernáculo em sua expressividade mais eloquente e sem qualquer significado vazio. A utilização de termos rebuscados demonstra prontamente o nível de leitura e conhecimento do autor. Ao mesmo tempo, quase que forma paradoxal, sua poesia é compreendida de forma simples, com versos livres e impregnada de uma tonalidade clássica irretocável.

Há uma notável sensibilidade poética na obra, uma vez que desperta paulatinamente no leitor uma sensação de deslumbramento, além de atiçar a curiosidade sobre o momento da escrita, as ruas da cidade de Oeiras com seus casarões, o calçamento que suportou inerte e silente o peso de uma infinidade de tempo e memória. Em momento oportuno da obra, como uma complementação, o cemitério exsurge como um deleite de mistério e luto, morte e (quase) esquecimento.

As crônicas têm uma narrativa perspicaz sobre temas variados. Algumas personalidades são homenageadas, como Nogueira Tapety, Expedito Rêgo, Balduíno Barbosa de Deus, dentre outros. O autor transforma cultura em memória, memória em versos, e versos em sensações. Paira no ar quase que uma nostalgia acerca de um lugar que ainda não foi visitado pelo leitor, um anseio por ler a luz do luar na cidade de Oeiras ao som da orquestra de bandolins.

O autor além de derramar seus versos e crônicas, encara de forma madura a crítica literária. A tarefa que para muitos é árdua em demasia, se desenvolve muito naturalmente ao longo da obra. O crítico lê nas mesmas páginas o que outras pessoas viram, mas não enxergaram.

Noturno de Oeiras e outras Evocações é uma moldura de encantamento. A cidade de Oeiras foi arrebatada por uma obra de grande entusiasmo e consideração. Não resta dúvidas de que este livro será utilizado como fonte de estudos de história e literatura, por consagrar de forma ímpar a essência de um povo.   

4 comentários:

  1. Certamente é uma boa e justa homenagem a nossa vetusta Capital.
    Boa tarde amigo Elmar Carvalho

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  2. O poeta e escritor foi até modesto ao discorrer sobre esse que é uma das páginas mais bonitas da poesia piauiense. Já tive a oportunidade de expressar ao autor dessa pérola pintada com tintas noir. Contudo, o resenhista foi mais que soberbo em sua descrição e não precisaria dizer mais para que os belos versos do poema me levassem de volta a Oeiras, sobretudo ao quadrilátero da praça da matriz.

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