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EPIFANIA E REVELAÇÃO (*)
Elmar Carvalho
Ouço ainda
Vinda da infância
A estática do motor do mundo
O som misterioso
E ondulado de micro-ondas
Que se expandia vibrando
No silêncio das madrugadas insones
Oriundo dos confins do tempo-universo
Vestígio vagido musical da explosão
Do átomo primacial.
Ouço a melodia
Dos discos dos monturos
Tocados pelos espinhos
Em tempos de ventania.
Escuto as vozes e gemidos
Das ranhuras das paredes
E dos cascalhos feridos.
Ouço o silêncio
Que sibila nos labirintos
E nos caracóis de meus ouvidos lacrados.
Nesse tempo eu via
Anjos nas paredes
Disfarçados em
Cilindros de pura luz
Que se contorciam
Como lagartas de fogo.
Um dia tive o êxtase
De minha epifania:
Anjo e irmão
Parente e aderente
Instantânea e simultânea-mente
Entrei na intimidade de todos
Os solares e casebres.
Foi apenas um vislumbre ubíquo
Que logo oblíquo se exauriu.
Te. 27/05/2022
(*) Após mais de ano sem produzir nenhum verso, eis que ontem
(27/05/2022), logo após a meia-noite, elaborei este poema. Aliás, de alguns
anos para cá, já quase nada produzo, nessa seara literária. Como já não alcanço
o nível dos poemas que fiz, em meus melhores momentos, prefiro manter o silêncio;
o silêncio que hoje prefiro exercitar como uma disciplina de aperfeiçoamento
espiritual.
O lastro de poemas publicados por você já o deixaram em aporte próprio de poeta notável.
ResponderExcluirMuito bem, poeta Elmar. Suas ondas sonoras continuam vibrando.
ResponderExcluirChico Miguel
Comovido lhes agradeço, estimados amigos.
ResponderExcluirSe for para silenciar por um tempo para lapidar poesia desse nível, repouse sua verve poética que nós seremos sempre gratificados com sua bela arte
ResponderExcluirObrigado!
ResponderExcluirMeu caro poeta Elmar, certa feita o amigo me falou que sua inspiração para fazer poesia tinha atingida a pedra. Na ocasião, eu falei que já havia furadeira moderna com broca de diamante que rompia a mais dura superfície. Agora vejo, que o amigo escreveu um belo poema. Parabéns.
ResponderExcluirDesculpa. Esqueci de me identificar. É o Chico Acoram. Um abraço.
ExcluirÉ. Mas foi só uma minazinha que surgiu no "inverno". Kkkkkkkk.
ResponderExcluirMagnífico, poeta! Sua reclusão literária nós incomoda, todavia, sua (re)aparição poética nos encanta. Precisamos dela pra não amargar, nesses tempos tão estranhos.
ResponderExcluirPrezado amigo, como fico contente com suas estimulantes palavras.
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