Autoria: Gemini |
![]() |
Autoria: ChatGPT |
Ontem
à tarde recebi um telescópio, que havia comprado alguns dias atrás, com o qual
pretendo fazer uma viagem, na qual desejo passear pelos mares da lua. Irei até
Saturno, para contemplar a sua beleza ímpar. Brincarei com os seus anéis e
trarei um para minha mulher. Jogarei bola de gude com os seus vários satélites.
Infelizmente, soube agora que meu telescópio, pelas suas características
técnicas é de difícil manuseio para o foco e de pequena potência, vamos dizer
assim. Desse modo, a minha viagem pelos mares lunáticos será de pequena ou
nenhuma cabotagem. E creio que não alcançarei Saturno, segundo me informou um
astrônomo amador – amador das estrelas e dos astros – amigo do Dr. Edilson
Sousa Jr. Em virtude disso, publico abaixo minha viagem poética pelo Cosmos e
pelo infinitamente pequeno e uma homenagem ao Boa Ideia, astrônomo amador de
Parnaíba, um de meus PoeMitos.
VIAGEM
Elmar
Carvalho
infinitamente
pequeno
penetro o
núcleo dos átomos
giro montado
nos elétrons
na
imaterialidade da matéria
visito as
tocas
dos
pequeninos e ariscos animais
percorro os
labirintos
subterrâneos
dos cupins
devasso os
caminhos
intrincados
das formigas
faço
pantomimas e looping
nos vôos
cegos e rasantes dos morcegos
descrevo
parábolas e zigue-zagues
no vôo
humilde dos insetos
estendo a
tarja negra dos mortos
na planação
solene dos urubus
absorvo os
impactos
das patas
dos elefantes
destrinço as
ranhuras
dos cascos
dos dromedários
escalo as
cordilheiras
das corcovas
dos camelos
sorvo a
seiva suculenta
das sequóias
e me deixo
sugar
pelas
gramíneas e babugens
e me deixo
prender
nos laços e
abraços de morte
das
parasitas e trepadeiras
e dou minha
carne
ao banquete
das flores
carnívoras
me transmudo
em neutrino
e atravesso
o cerne das rochas
e os veios
impenetráveis dos metais
e estudo os
segredos e mistérios
que não ouso
revelar
penetro as
gargantas
ígneas das
crateras
e colho as
lavas
incandescentes
dos vulcões
penetro as
entranhas
profundas da
mãe terra
caldeirão de
calda fervescente
e me lambuzo
no magma
magnífico de
calor
e me explodo
em pingentes incandescentes
ajusto as
placas tectônicas do planeta
sem tremores
de terra e maremotos
ondeio nas
ondas oceânicas
e pastoreio
manadas de sereias
cavalgando
os hipocampos
pelos campos
de algas e medusas
senhor
feudal
da abissal
profundeza
adormeço em
castelo
feito de
esponjas e coral
sob a música
encantatória
das sereias
deslizo no
lodo verde dos musgos
chafurdo na
lama nojenta das pocilgas
e no
espojeiro celeste das estrelas
ressuscito
as estrelas afogadas
nos mares
também afogados
nas
distâncias esquecidas
das
possessões submersas
pelas águas
sublevadas
minha via
é a via-láctea
onde sou
presa
de seus
tentáculos
de polvo
galáctico
onde giro
alucinadamente
nas espirais
de sua coreografia
de
esgarçante nebulosa
onde bebo o
leite ardente
das tetas
tentadoras da galáxia
onde colho
as mais tenras estrelas
para
enfeitar os cabelos da amada
me agarro na
cauda flamejante
dos cometas
e surfo pelo espaço sideral
assanho e
penteio
a cabeleira
alourada dos cometas
que vagam
até a morte
em suas
rotas repetidas
surfo nos
mares lunares
e desvendo
os enigmas
da face
nunca revelada
em seu véu
de eterna treva
combato o
hálito de fogo do dragão
cavalgando
lado a lado com são jorge
me crucifico
em
auto-expiação
no cruzeiro
do sul
pairo
indeciso
ante as três
marias
cavalgo o
centauro
de alfa-centauro
e desafio a
fúria
do minotauro
desenho o
círculo
mais que
perfeito
com o compasso
reavivo
a mais
pálida
das estrelas
do sete-estrelo
apaziguo a
fúria
das
explosões solares
e restauro a
pintura
da
superfície carcomida
pela pátina
das manchas
caminho pelo
zodíaco
e faço o
ritual de suas doze estações
faço a
tosagem de carneiro
e com as
suas lãs cubro a minha nudez
com um longo
manto inconsútil
finco os
aguilhões no dorso
e entre os
chifres recurvos de touro
corto as
garras afiadas e decepo
a juba
desgrenhada de leão
reponho a
virgindade
de uma ex-virgem
desdenhada
unifico gêmeos
e depois os separo
e os faço
irmãos siameses
chacoalho os
pratos da balança conspurcada
e depois
equilibro os pratos purificados
remodelo as
pinças de câncer
e retifico
sua marcha oblíqua
desentorto
os chifres de capricórnio
e tiro as
arestas de suas pontas aduncas
dou vozes e
cantos aos peixes
em aquário
pesco sapecas sereias
e atiço o
apetite dos felinos
transmudo o
arco de sagitário
em arco de
berimbau
e o faço
dançar capoeira
decepo a
cauda venenosa de escorpião
e dela faço
cajado dos profetas
do
apocalipse e dos cataclismos anunciados
vou ao
nascedouro
das estrelas
e adormeço
na nebulosa
dos berçários
exploro os
infindáveis
universos
paralelos
e
infindavelmente não termino
apenas
recomeço
subverto o
espaço/tempo
e voyeur
indiscreto espio
pelo
sorvedouro das
fechaduras
dos buracos negros
as suas
atividades e singularidades
e vejo nas
estantes de suas entranhas vorazes
todos os
mistérios e segredos
do tempo
estagnado
do tempo
absoluto
sem futuro e
sem passado
sigo em
regressão
no tempo e
no espaço
ao átomo
primordial
rompo suas
comportas
até assistir
à primitiva
explosão
e além, onde
não mais alcançava,
Deus pairava
imanente
sobre as
subpartículas atômicas
e sobre o
cosmo infinito
sobre o tudo
e o nada
sobre a
parte e o todo
sem começo e
sem fim
incriado
criador
Boa Ideia
Elmar Carvalho
Um
dia
ou
melhor uma noite
Boa
Ideia teve a ideia
de
construir um telescópio
para
sonhar/sondar aqueles pontinhos
cheios
de pontinhas chamados estrelas.
Galileu
Galilei da Parnaíba
construiu
sua luneta
desvendou
estrelas e planetas e cometas
e
perscrutou os umbrais do infinito.
Autodidata
da astronomia
com
seu telescópio passeava
pelos
“mares” da lua
dizendo
coisa com coisa
que
ninguém sabia.
Brincava
de bambolê
com
os anéis de Saturno.
Jogou
bola de gude
com
as luas de Júpiter.
Morfeu
o levou para ser
centurião
de galáxias. Mas
voltará
não num rabo de foguete
mas
na caudabundante flamejante -
mente reluzente do cometa de Halley.
Nenhum comentário:
Postar um comentário