terça-feira, 26 de outubro de 2010

DIÁRIO INCONTÍNUO

Vicentinho, envergando a camisa do Caiçara Esporte Clube

26 de outubro

A TOGA E A BOLA

Elmar Carvalho

No sábado, à tarde, estive na churrascaria que leva o nome do falecido Chico Nunes, que tive a oportunidade de conhecer muitos anos atrás. Trata-se de uma das primeiras a comercializar capote na região de Campo Maior, e é a mais famosa nessa especialidade gastronômica. Fica em aprazível localidade, perto do povoado Alto do Meio, às margens da rodovia que vai para Castelo. Com o falecimento do Chico, sua mulher e filhos continuaram a tocar o negócio. Como as cozinheiras são as mesmas, a qualidade permanece inalterável. Quando o filho do Chico, de nome Valdemar, que havia sido aluno do Zé Francisco Marques, veio conversar conosco, começamos a falar sobre futebol, mormente sobre os velhos atletas campomaiorenses, em virtude de que o Zé Francisco havia dito que o rapaz havia sido um grande jogador, tanto em quadra como no futebol convencional. Lembramos, entre outros, os nomes de Escurinho, Cabo Dulce, Vicentinho, Chico Galo, Deca, Chico Catita, Deca, Zé Duarte, Geraldinho, Mormaço, Cabo Valter, João de Deus, Zé Moura, Edmar Pinto e Augusto César. Falamos sobre os goleiros Coló, Beroso, Icade e José Olímpio Filho, este um dos melhores em futebol de salão. Nesse ponto, o Zé Francisco fez questão de dizer que eu havia sido um bom goleiro, e que o Bartolomeu, seu primo, só iniciava os jogos de que seu time participava quando eu chegava para defender sua meta. Como eu perguntasse se ele não estava exagerando, passou-me um pito, e pediu-me que não mais duvidasse de sua palavra, pois não tinha necessidade de me incensar.

Des. Alencar

O Valdemar Nunes, depois de saber que eu era juiz de Direito, espontaneamente, talvez por associação de ideias, deu o seguinte depoimento sobre o desembargador Alencar: quando ele era o titular da Comarca de Campo Maior, foi participar de um jogo no Alto do Meio. Contou-nos que lhe fizeram um lançamento. Ele dominou a pelota no peito; habilmente, deu um “banho de cuia” no adversário, para em seguida dominar a bola novamente e tocá-la para o seu companheiro de equipe. O Valdemar, então um menino, achou tão bela a jogada, que nunca a esqueceu, mesmo depois de ter atuado no futebol profissional do estado e no time de futebol de salão do Armazém Paraíba. O desembargador ainda hoje atua no time da AMAPI, que recentemente, na categoria máster, foi campeão em torneio nacional da magistratura. Foi ele o capitão da equipe, enquanto o meu amigo e colega Rodrigo Alaggio foi considerado o melhor jogador do campeonato na categoria. Devo dizer, sem puxa-saquismo, que o jogador Alencar tem um estilo elegante, avesso que é às rifas dos chutões. Tem bom domínio de bola e sabe distribuir os passes com categoria, sem colocar em dificuldade o companheiro. É lutador e aguerrido, com preparo físico invejável para a sua idade, que não irei declinar. Agora, por favor, não me perguntem se algum dia ele já fez algum gol contra. De qualquer sorte, isso faz parte dos azares e vicissitudes pebolísticas, e quem nunca cometeu uma jogada infeliz que atire a primeira pedra.

3 comentários:

  1. O esporte, mormente, está incorporado à história da nossa terra. Vicentinho, através desta janela, jogador de futebol que marcou e marcaram época os gols que fizeram a alegria da gente defendendo as cores do Leão dos Carnaubais o meu querido Caiçara Esporte Clube. Elmar em seu livreto O Pé e a Bola narra muito bem as tardes quentes e acirradas no velho estádio Deusdete de Melo onde se enfrentavam os arqui-rivais Caiçara x Comercial, Vicentinho com seu canhão direito transformou-se num dos principais armas ofensivas do time, lembro com nitidez a trajetória da redonda indefensável contra os seus adversários. É bom relembrarmos aqueles que fizeram história e nos deixaram saudades. Vicentinho, nos tempos atuais me parece que sofreu um AVC.

    ResponderExcluir
  2. Já em duas ou três outras matérias, aqui mesmo neste blog, falei no grande Vicentinho, e ainda tenho uma crônica inédita, que fiquei guardando para uma revista da ACALE, que o presidente João Alves Filho pretendia publicar. Como a revista não saiu, vou pedir a ele liberação para publicá-la neste espaço internético.

    ResponderExcluir
  3. Já estou na expectação de ler esta crônica.

    ResponderExcluir