quarta-feira, 9 de julho de 2014

Desarmado, pior


José Maria Vasconcelos
Cronista, josemaria001@hotmail.com

      A estupidez assassina, no Brasil, esgota a misericórdia e tolerância cristãs. É preciso reagir, ou multiplicar-se-ão cemitérios. Assaltam-se e matam-se cidadãos todo santo dia. Há algumas décadas, os raros assassinatos perduravam na memória coletiva por anos, como o “crime da doméstica”. Hoje, se esvai rápido.

      Em Teresina, a última vítima, um jovem estudante de engenharia, 21 anos, ficha escolar e disciplinar de causar canonização, vítima de bala perdida. Sem falar nas execuções envolvendo traficantes e viciados em drogas, diariamente. Só no primeiro semestre, mais de 70 assassinados se foram para o andar de cima. No Brasil, assassinatos ultrapassam 50 mil ao ano. Sobrepõem ao Iraque e a qualquer nação em conflito.

       É hora de se repensar se valeu a pena a lei do desarmamento e do confisco de armas, criados no governo petista. Não é preciso dom profético para se previr a conta iminente dessa onda sanguinária.

      A lei do desarmamento e do confisco de armas só beneficiou falanges de bandidos e do crime organizado, hoje incrustrados em todos os poderes da Nação. Eles, com seus tentáculos no Congresso Nacional, criam e aprovam leis estúpidas de proteção a menores, bolsa presídio, privilégios a penados, tempo mínimo de cárcere, limites de arrocho e uso de armas a policiais. Até conseguem incorporar-se às forças policiais.

      A história de desarmamento e confisco de armas não vem de agora: nasceu em regimes nazista, fascista e comunista. Exatamente para domar a sociedade à servidão ao poder. A Alemanha nazista, o Japão feudal, a extinta União Soviética, Cuba, China comunista, Coreia do Norte, todos, em algum momento, fizeram registro e confisco de armas. Em seguida, ocorreram banhos de sangue, exatamente dos que ousaram combater as ideologias ditatoriais.

         Logo após o confisco de armas de cidadãos, na Alemanha nazista, ocorreu a carnificina de judeus. Em novembro de 1938, o The New York Times informava de Berlim: “A infame violência nazista contra cidadãos judeus foi precedida pela confiscação de armas de fogo das vítimas judias. O presidente da polícia de Berlim, conde Wolf Heinrich, anunciou que toda a população judia havia sido desarmada com o confisco de 2.569 armas curtas, 1.702 armas de fogo e 20 mil cartuchos de munição...”

      Governos bem intencionados – se existem – foram vítimas dos tais cadastros nacionais de armas. Tchecoslováquia e Polônia adotaram o cadastro, antes da invasão das tropas germânicas. Alguns oponentes ao regime sumiram no meio da noite.

         O Brasil petista adota o registro e confisco de armas, seguindo as mesmas orientações de regimes autoritários. Aparentemente, bem intencionado, mas, no fundo, desarmando também o país.

         Quem condena a violência, praticando violência, aprova a violência. E quando o cidadão tenta apenas defender sua vida, seu patrimônio, sua família, enfim sua dignidade renega a fé cristã? Perdoe-me, tenho de visitar mais um amigo assassinado. 


Um comentário:

  1. Caro José Maria Vasconcelos:

    Estou com você inteiramente no que tange ao tema abordado na sua crônica.
    Você é um cronista de mão cheia, mas um cronista doublé de jornalista, o que, mu tas vezes, só faz enriquecer seu potencial de expressão no tratamento dos temas que explora com a seriedade e a indignação dos homens de bem e corajosos.
    Parabéns pela sua grande e cívica contribuição ao jornalismo do Piauí que, através desse maravilhoso instrumento de comunicação, a internet, tem difundido com talento suas posições sobre uma diversidades de temas da vida brasileira.
    Cunha e Silva filho

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