A ZONA PLANETÁRIA
Elmar Carvalho
Poema épico moderno, inspirado no meretrício Zona Planetária, de Campo Maior, em que procurei mesclar a mitologia greco-romana, a astronomia e a sociologia dos cabarés. Na Zona Planetária cada um dos lupanares ostentava na fachada o nome e a imagem de cada um dos planetas. Irei, no blog, publicando cada uma das partes desse relativamente longo poema.
O SISTEMA
PLANETÁRIO
Anfion percorre os sulcos
dos discos das vitrolas e
as
emoções são alinhadas pedra
a pedra.
Apolo é qualquer moço feio
que nos vitrais Narciso se
julga.
De repente, Átropos corta o
fio da vida
que era tecido pelas Parcas
lentamente
pelos golpes de facas,
adagas ou estiletes
nas mãos de um velho Pã
embriagado.
Baco e suas bacantes
celebram suas
lúbricas bacanais e bebem
vinho
e sangue em frágeis taças
de cristais.
Nas calçadas altas da Zona
Planetária
meretrizes expõem suas carnes
em varais de açougues
imaginários
aos transeuntes ou faunos
eventuais,
nas horas em que Hélio
esboça a Aurora.
Ali, os desejos são Ícaros
leves que sobem
nas asas de cera do
pensamento, quando
Nyx, filha do Caos, com seu
negromanto
lantejoulado de estrelas e sua
coroa de dormideiras, a
noite,
o sonho e a orgia instaura.
Cupido passa com seu
séqüito de sátiros e de
ninfas
pelas calçadas e salões da
Zona Planetária
e Eros proclama seu reinado
de orgia, prazeres,
orgasmos e pecados.
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