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ARROUBOS DE SUBSERVIÊNCIA
Antônio Francisco Sousa – Auditor-Fiscal (afcsousa01@hotmail.com)
Costumam
dizer os ficcionistas, diante de um texto, áudio ou vídeo, no qual descrevem ou
mostram atos ou fatos com algumas similaridades ou características comuns a
pessoas, coisas ou lugares reais, que não fora sua intenção fazer aquilo e que,
pois, qualquer semelhança teria sido mera coincidência. O mesmo acontecerá
conosco daqui em diante.
Já há algum tempo ele vinha
manifestando arroubos de subserviência política e militar. De tanto treinar, o
menestrel do besteirol se especializou no assunto. Politicamente, dualista:
aqui, torce pela esquerda; lá, pela direita; em ambos os casos, como não é
nenhum bobo, defendendo a manutenção do status quo. Ética e moral que se lixem.
Naquela
oportunidade, viria a público, assomaria faceiro tentando, subliminarmente,
reavivar nossas recordações - acalmadas, tranquilas, sossegadas, conformadas,
graças à ação do tempo - sobre uma chaga política que julgávamos já extirpada
do nosso meio: o “mapismo” eleitoral, assunto desenterrado após décadas de
salutar e confortável lisura nos processos de votação. Que oportuno o ressoar,
o retomar do tema, agora, com o início formal de um período que culminará –
queira ele ou não – com um grande e democrático pleito eleitoral, do qual se
espera, senão que seja dos mais pacíficos e tranquilos, dos mais legítimos,
justos e honestos. De sua ação deletéria, chama as forças armadas para
testemunhar.
Parece
querer a figura – talvez porque vislumbre que, consumado o processo eleitoral,
o resultado das urnas eletrônicas não agradaria seus ídolos políticos – que
voltemos nossas ações, ou melhor, as que ele nos propõe, às benditas urnas, às
quais indivíduos, cujo pensamento sobre o assunto coincide com o dele, de
repente, passaram a considerar frágeis, violáveis, enquanto receptáculos do voto
digital individualizado, pois, indevassáveis, se a intenção, segundo os mesmos
céticos, for fiscalizá-las, auditá-las; daí, quererem o retorno, ainda que não
em sua totalidade, do voto impresso e, no seu rastro, a possibilidade da fraude
eleitoral; há décadas, bom que relembre, cidadão, sua lisura, eficiência e
segurança foram comprovadas aqui e alhures; na verdade, ela é um dos poucos
motivos de orgulho, do ponto de vista eleitoral, para a nação e os brasileiros
sérios. Se houvesse razões suficientes, tempo e custos prontos para serem
ignorados, caso lhes fossem aplicados inéditos ou inusitados procedimentos
visando depreciá-las, após negadas as suspeitas, será que vaticinadores de
desgraças, como certos fanfarrões, admitiriam ter dado com os burros n’água?
Elas deixam os cidadãos que preferem uma boa disputa política tranquilos,
sossegados; surpresas, em havendo, talvez as decorrentes de mudança de intenção
do eleitor na hora de registrar seu voto, frustrando candidatos, partidos e
pesquisas perniciosas, fictícias, feitas para tentar enganar pessoas
comprometidas com um processo eleitoral legítimo e justo.
Que
as forças armadas fiquem nos quartéis, nas casernas, casamatas, executando ou
articulando planos e ações visando a segurança do povo brasileiro e a
manutenção da soberania nacional; permita, prezado, que das urnas e de todo o
desenrolar do processo eleitoral cuidem as autoridades judiciais legítimas,
competentes. Manifestação como a daquele, só se justificaria na hipótese de
estar saudoso dos tempos em que a população civil, por ser perigosa, na visão
dos ditadores, é que precisava ficar intramuros, no recinto das cidadelas
domiciliares, enquanto elas saíam às ruas para vigiar-nos, impedir que
fizéssemos ou disséssemos algo que não soasse bem diante do script idealizado.
Se
isso for exigido nos autos que a arguirem, que a interpretação da Constituição
seja feita por quem de direito. Em tempo de eleição, ideal é que órgãos e
pessoas, legalmente, responsáveis pelos procedimentos eleitorais, e não leigos
ou falastrões, se manifestem; que, no momento em que se faça necessário, qual
seja, o do depósito do voto nas urnas eletrônicas, e após a apuração dos
resultados, possa vir a Justiça eleitoral para, ainda que todo o processo haja
transcorrido de forma exitosa, dar prazo para recursos julgados cabíveis, em
seguida, anunciar, oficialmente, os nomes dos eleitos. A maneira mais eficiente
de as forças armadas se mostrarem presentes e atuantes, nesses momentos, é se
mantendo ao largo, cuidando de suas atribuições individuais e corporativas que,
bom ressaltar, necessariamente, não incluem atividades eleitorais.
Apenas
reiterando, a quem interessar possa, por aqui, ninguém é mais competente para
imiscuir-se em processos e procedimentos eleitorais do que a Justiça Eleitoral
– assim não fosse, por que já não extirpada do organograma administrativo do
Poder Judiciário? -; do mesmo modo, ninguém entende mais do Métier que as
forças armadas desempenham – zelar pela segurança de todos os brasileiros ou
habitantes do Brasil, manter e garantir a soberania nacional – do que elas
mesmas.
Menos mal que pretensa incitação à intromissão no processo eleitoral pelas forças armadas, em que alguém vaticina, inclusive, sobre sua não realização, caso aquelas não sejam ouvidas, seja pregada por voz, senão inaudível, de baixa intensidade; de individuo, cuja inexplicável subserviência talvez devesse ser matéria de estudo psicológico ou psiquiátrico.
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