sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010
DIÁRIO INCONTÍNUO
Esculturas de Braga Tepi
12 de fevereiro de 2010
Hoje à tarde fui acordado de um cochilo por um recado de meu irmão César Carvalho, que me mandava entregar um álbum com fotografias coloridas de esculturas de Braga Tepi, que foi convidado a expor suas obras na H. Rocha Galeria de Arte, no Rio de Janeiro. A exposição será aberta no próximo dia 04 de março e se estenderá até o dia 23 do mês seguinte. Confesso que ainda não ouvira falar nesse artista, e portanto não conhecia seus trabalhos. Por isso mesmo, olhei o fólio lentamente, com muita atenção. Surpreendi-me com a qualidade das peças. São obras construídas com sucatas de ferro. Mas nota-se que o artista teve muito cuidado na escolha das peças e no modo como as interligou, como as encaixou e dispôs, dando harmonia ao conjunto. Mesmo nas esculturas grandes e pesadas, pode ser visto, em certas partes da composição, um toque detalhista, uma minúcia de obra minimalista, como se fora um trabalho de delicada ourivesaria, fazendo como que um contraste com as partes maiores e mais compactas. Apenas pelo título de algumas obras, que remete à cultura humanística e clássica, percebe-se que Braga Tepi não é um artesão ingênuo, e muito menos primitivista. Dentro do que é possível nesse tipo de escultura, concebida com a montagem das mais diferentes peças de sucatas de ferro, que não permite uma moldagem total, pode-se afirmar que ele é um figurativista de alta linhagem, mas sem ser um copiador servil e fotográfico da natureza, porque sabe distorcê-la artisticamente, adicionando elementos colhidos na imaginação, na mitologia, nos sonhos, podendo-se tirar a conclusão de que ele agrega a algumas de suas esculturas, com muito refinamento e graça, elementos extraídos do surrealismo. Sem dúvida, pelo que pude perceber das peças constantes do álbum, é um dos maiores escultores do Piauí, e inegavelmente é um dos grandes artistas brasileiros. Por isso, não me chateei de ter o meu cochilo sido interrompido abruptamente. Até porque mergulhei num sonho maior e melhor, que é a arte mágica, supra e surreal de Braga Tepi.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Caro amigo Elmar:
ResponderExcluirDesta vez, não abri a página do seu site. A força do hábito me levoou primeiro ao site do Dílson, e lá , na sua coluna, encontro um comentário lúcido e refinado sobre arte plástica. Você já percebeu que, no meio dos poetas, outras artes sempre estão a rodear-lhes? A Arte aproxima as artes, não as de Malazarte (perdoe-me o trocadilho), é claro. Vejam-se, nas biografias dos grandes poetas do mundo, Da Costa e Silva, Murilo Mendes, João Cabral de
elo Neto, Ferreira Gullar e tantos outros. As artes seduzem os poetas, seja pelas formas, pelas tintas, pelo mármre, pelos sons, pelos movimentos rítmicos, musicais, por todoas as formas de criar objetos, seres, quadros, peças musicais, teatrais,por todas as matérias do mundo físico, fora o espírito em tudo isso impregnado, formando um unvierso de interrelações.
Por isso, gostei do seu comentário, revelador de um amplo interesse pelas artes em geral, e, no caso específico, pela escultura e suas implicações com movimentos de vanguardas que deixaram marcas indeléveis nas mútiplas formas de criação artística. Sei também quanto aprecia a pintura, um Dali, por exemplo. Não é verdade, amigo? Explore bem esse lado de crítica das artes, lhe cabe bem. Boa surpresa do seu intelecto.
Do amigo Cunha e Silva Filho
Caro Cunha,
ResponderExcluirMais uma vez, ou melhor, como sempre, seus comentários são muito pertinentes e apropriados. Já foi percebido por alguns críticos que minha poesia é muito pictórica. Por outro lado, já fiz um longo poema, como você sabe, sobre a vida e obra de Salvador Dalí, bem como produzi vários poemas de inegável matriz surrealista. Também já escrevi textos sobre pintura, música e escultura, embora como simples apreciador dessas manifestações artísticas. Entretanto, sei que o sapateiro não deve ir além do sapato, pelo menos não tão além.
Ainda bem que fui alertado pelo poeta, senão eu cuidaria que se tratasse do fólio de alguma galeria novaiorquina. Mais um conterrãneo que, forçosamente, terá que pegar a estrada. Elmar, quando da morte do crítico e escritor da História da Inteligência Brasileira, Wilson Martins, fiz uma proposital pesquisa da repercussão nos sites de jornais e blogs de "todo" o Brasil; pois não foi nenhuma surpresa saber que o severo prof. de Universidades americanas, nunca existiu para os jornalistas e blogueiros que têm colunas de "cultura" na mídia virtual do nosso Piauí. Estavam todos ocupados com o Big Brother.
ResponderExcluirComo pode um talento como este passar despercebido? Pode, sim! É o preço que ele paga por ter nascido e continuar morando na terrinha. Ou ele já se mandou?
Amigo Netto,
ResponderExcluirSegundo informação que me passaram, esse escultor de altíssimo nível trabalha na oficina mecânica do Grupo Claudino, que conserta os veículos desse conglomerado. Não sei de maiores detalhes sobre sua vida. Depois, tentarei colher mais algumas informações sobre esse grande mago da arte escultórica.