quarta-feira, 29 de julho de 2015

Olha pro céu, meu amor!


Olha pro céu, meu amor!

José Maria Vasconcelos
Cronista, josemaria001@hotmail.com

Semana de Lua Nova. Ou será que você não vislumbra o mágico firmamento? Uma simples fase lunar traz fenômenos, que nossos ancestrais não perdiam, contemplando os efeitos na agricultura, na vida animal, na navegação, nas reações mentais. Não é em vão que o termo lunático incorpora sentido de atitudes tresloucadas.  A Lua Nova provoca aquecimento do ar e do oceano, aumento de umidade, formação de nuvens e prováveis chuvas. Período fértil para germinação, floração, partos ou eclosão dos ovos.

Teresina, nesta quarta-feira, 22/7, amanheceu coberta de nuvens. Caiu uma chuvinha passageira, típica da fase lunar. E repetiu à noite, para floração das mangueiras e cajueiros.

Sou do tempo em que até as crianças se divertiam, contemplando o céu, especialmente à noite. Luar, milhares de estrelas, asteroides à deriva, espaço sideral repleto de mistérios e indagações. Supersticiosos não apontavam  estrela, que provocava verruga no dedo. Todo mundo sabia, de cor, nomes e posições das Três Marias, Cruzeiro do Sul, Sete Estrelas, Via Láctea, Sírio, a mais brilhante do firmamento, entre as mais próximas da Terra. Via Láctea, milhões de astros geminados, traçando luminoso caminho de leite derramado.

Encantador contemplar o firmamento, à noite, só possível, hoje, nas regiões distantes das encandecentes cidades. Noites de luar, romantismo, poesia amorosa: “Olha pro céu, meu amor, vê como ele está lindo! (Luís Gonzaga). “Aquele beijo que te dei / nunca, nunca mais esquecerei. / A noite linda de luar / Lua, testemunha tão vulgar!” (Roberto Carlos). Ainda o rei: “Eu vou perguntar / Se na Lua há / Brotinho legal pra mim namorar”. Ou refletindo um mundo de poluição, guerras e carência afetiva, a era espacial também serviu de fonte inspiradora ao romantismo: “Será que os amores já morreram / Um astronauta eu queria ser / Para ficar sempre no espaço / Desligar os controles da nave espacial / Pra ficar sempre no espaço sideral”.  Cantor Raul Seixas pergunta: “Por que a solidão vem sempre junto com o luar?” Poeta Álvares de Azevedo: “Nas noites de luar, sempre descanso aqui, / E a Lua enche de amor a minha esteira”.

Só há uma explicação para tanto envolvimento com as drogas: o embrutecimento da vida moderna, que não permite horário sequer para o afeto familiar, as relações saudáveis, inclusive com  a natureza. Convivência que se traduz em sonhos. Basta um instante de contemplação do firmamento, de Lua Cheia, do cultivo de plantas, da assistência aos animais ou das generosidades desinteressadas.

Em tempo de intensa preocupação com o meio ambiente, vale a pena pais e educadores incentivarem nas crianças o contato com jardins, parques e animais. Enquanto redijo esta crônica, dezenas de sibites não param de cantar, próximos à minha janela, para sugarem água açucarada ou beliscarem frutas. Não param, mesmo. Lindos, pequenininhos, dóceis, a dois metros de mim. Lá vêm beija-flores cobrando-me também carinho. Não há droga que entorpeça, como as criaturinhas que me trazem sorrisos do Criador. Quanto mais olho pros céus, mais me encanta a terra, inclusive a chuvinha desta quarta-feira.    

segunda-feira, 27 de julho de 2015

Casa do Desterro

Foto meramente ilustrativa

Casa do Desterro

Valdemir Miranda de Castro

A origem da família MELO, no norte do Piauí, deve-se a figura de Onofre José de Melo, casado com Cecília Maria das Virgens, que provenientes de Pernambuco, foram os fundadores da Casa do Desterro na Freguesia de Nossa Senhora do Carmo de Piracuruca. Do casal descendem os Melo de Piracuruca, Piripiri, Batalha, Barras e Campo Maior.
A Freguesia de Piracuruca, foi a terceira a ser fundada no território do Piauí, ainda sob jurisdição eclesiástica do Bispado de Pernambuco, possuía várias casas-grandes de Fazendas dos primeiros ocupantes de seu vasto território, que se estendida do vale do Longá ao litoral e até a costa leste do Maranhão.
A professora Judith Santana em seu trabalho “O Padre Freitas de Piripiri”, enumera que o território da freguesia possuía várias casas-grandes, que faziam a política da boa vizinhança, entrelaçavam-se por uniões matrimoniais entre seus descendentes (SANTANA, s.d., p. 28). Entre as fazendas citadas ressaltem-se a Gameleira, fundada por Francisco José do Rego Castelo Branco e Auta Inês de Castro, - a Casa das Lages, de Bernardo José do Rego e Cândida Rosa Castelo Branco, - a Casa do Desterro, de Onofre José de Melo e Cecília Maria das Virgens, e a Casa do Curral de Pedras, de Simplício Coelho de Resende.
I- Onofre José de Melo foi casado com Cecília Maria das Virgens, pernambucanos de origem, ela filha de um Padre Ponte, o casal foi pais de:
II-1 José Florindo de Melo
II-2 Gracinda Rosa de Melo
II-3 Carlota Rosa de Melo
II-4 Antônio Luís de Melo
II-5 Antonino José de Melo
II-6 Luís Antônio de Melo
II-7 Higina Rosa de Melo

II-2 GERACINDA ROSA DE MELO, casou-se com Diógenes Benício de Melo, foram os fundadores da Casa da Caiçara, foram pais de:

III-1 Filomena Rosa de Melo
III-2 Avelina Maria de Melo
III-3 Inácia Maria de Melo
III-4 Cecília Maria de Melo
III-5 Idalina Rosa de Melo
III-6 Onofre José de Melo
III-7 Prestetato José de Melo
III-8 Diógenes Benício de Melo

III-5 IDALINA ROSA DE MELO nascida e falecida no Termo de Batalha, Freguesia de Piracuruca. Casou-se com SALVADOR QUARESMA DOURADO DE MELO, nascido em Piracuruca e falecido em Batalha. Capitão da Guarda Nacional no Termo de Batalha. Pais de:

IV-1 Pussina Rosa de Melo
IV-2 Carmina Quaresma de Melo
IV-3 Luís Quaresma de Melo
IV-4 Altino Quaresma de Melo
IV-5 Conrado Quaresma de Melo
IV-6 Matias Quaresma de Melo
IV-7 Salvador Quaresma de Melo

IV-1 PUSSINA ROSA DE MELO, nasceu em 1886 e faleceu no Termo de Batalha. Casou-se com JOAQUIM JOSÉ DE MELO, nasceu em 1886, em Barras. Filho de Prestetato José de Melo e de Georgina Quaresma de Melo.

IV-2 CARMINA QUARESMA DE MELO, n. 20.02.1889, em Batalha.

IV-5 CONRADO QUARESMA DE MELO, nasceu em Batalha e faleceu a 03.03.1952, em Batalha. Chegou à vila de Boa Esperança nos primeiros dias de sua criação, tendo servido a nosso município pelo espaço de mais de tinta anos, tanto como político de destaque, como também na qualidade de funcionário do Departamento Nacional dos Correios de Telégrafos. Depois de aposentado, por motivo de saúde, voltou à sua terra natal, deixando entre nós um grande lastro de sólidas amizades (A. SAMPAIO, 1965, p. 88). Casou-se com INÁCIA DE ALENCAR MELO. Pais de:

V-1 Maria do Perpétuo Socorro Melo
V-2 Avelino Melo
V-3 Idalina Melo
V-4 Alice Melo

VI-1 MARIA DO PERPÉTUO SOCORRO MELO, nome de solteira, MARIA DE ALENCAR MELO, nome de casada, nasceu a 10.01.1916, no lugar Palmeira, Município de Esperantina e faleceu a 16.07.1986, em Teresina. Casou-se a com CLÓVIS DE CASTRO MELO [primeiro do nome], nasceu a 31.12.1901, em Batalha, e faleceu a 22.10.1991, em Teresina. Filho de Messias de Andrade Melo e de Ana de Castro Melo.

VI-1 AVELINO MELO, nasceu a 02.01.1908 e faleceu a 03.10.197. Casou-se com GERACINA OLÍMPIO DE MELO, nascido a 22.08.1913 e faleceu a 03.11.1979. Pais de:

VII-1 José Olímpio de Melo
VII-2 Messias Melo
VII-3 Conrado Melo Neto
VII-4 Ana Inácia Melo

IV-6 MATIAS QUARESMA DE MELO, nasceu a 29.10.1891 e faleceu a 03.03.1963, em Batalha. Casou-se com SATURNINA BRAGA DE MELO nasceu a 22.03.1928 e faleceu a 14.04.1998. Pais de:

V-1 Maria de Fátima Braga de Melo, nascido em 22.04.1954 e falecido em 27.11.1957 s.s.g.

IV-7 SALVADOR QUARESMA DE MELO, nascido em 05.06.1892; falecido em 04.01.1962, em Batalha. Casou-se com MAROQUINHA MELO nasceu a 21.04.1905 e faleceu a 25.04.1992.

II-2 CARLOTA ROSA DE MELO, casou-se MIGUEL QUARESMA DOURADO, nascido em 1817, em Portugal. Constava da lista dos eleitores de Piracuruca, no ano de 1848, com 31 anos. Pais de:
II-1 Salvador Quaresma Dourado de Melo
II-2 Georgina Quaresma de Melo

II-1 SALVADOR QUARESMA DOURADO DE MELO, [Ver nº III-5 IDALINA].

II- 2 GEORGINA QUARESMA DE MELO, nascido no Termo de Batalha; falecido no Termo de Batalha, Freguesia de Piracuruca. Moradora do lugar Águas Livres, Batalha. Casou-se com PRESTETATO JOSÉ DE MELO nascido em Batalha e falecido no termo de Barras. Residente no lugar “A mais tempo”, Barras. Pais de:

III-1 Joaquim José de Melo

III-1 JOAQUIM JOSÉ DE MELO, nasceu 1886; faleceu no Termo de Batalha. Casou-se, a 08.01.1907, aos 21 anos, no Sítio Águas Livres, Batalha, com PUSSINA ROSA DE MELO nascida em 1886 e falecida em Batalha. Filha do capitão Salvador Quaresma Dourado de Melo e de Idalina Rosa de Melo. Foram testemunhas: o Capitão José Francisco de Melo e Diógenes Olímpio de Melo.

II-ANTÔNIO LUÍS DE MELO, casado que foi com Francisca Sinharia da Silva. Pais de:

III-1 Diógenes José de Melo

III-1 DIÓGENES JOSÉ DE MELO, nasceu a 25.01.1853, em Piracuruca, e faleceu a 22.11.1902, em Batalha, ambos sepultados no cemitério de São Gonçalo da Batalha. Alferes do Batalhão de Guarda Nacional de Infantaria do Município de Batalha, promovido a tenente, em 12.01.1878, depois capitão da Guarda Nacional (PIRES FERREIRA, 1992, V.2 p. 88-89). Tenente coronel do 4º Batalhão de Infantaria de Batalha, em 1902. Conselheiro a Câmara Municipal de Batalha, legislaturas 1872-1876, 1892-1896, 1896-1900 e 1900-1904, tendo falecido no exercício do cargo, em 1902, assumindo seu lugar na câmara Amaro José Machado. Proprietário da Fazenda Cachoeira, agricultor e criador. Fundador da Fazenda Malhado do Meio, no atual município de Esperantina, que foi herdada por sua filha Matilde de Castro Melo, primeira esposa do cel. Manoel Lages Rebêlo. Casou-se com UMBELINA INÊS DE CASTRO, nome de solteira, Umbelina de Castro Melo, nome de casada, nasceu a 05.04.1852, no termo de Batalha foi batizada a 02.12.1853, na Igreja Matriz de São Gonçalo da Batalha. Foram seus padrinhos: João Bartolomeu de Carvalho e sua mulher Mariana Rosa de Carvalho. Faleceu 03.04.1924, em Batalha, sendo ali sepultada. Pais de:

IV-1 Auta de Castro Melo
IV-2 Matilde de Castro Melo

IV-1 AUTA DE CASTRO MELO, casou-se com OLEGÁRIO ARLINDO DE CASTRO BEM nasceu a 11.06.1917, em Barras, e faleceu a 10.06.1999, em Batalha [primeiras núpcias deste]. Filho de Cândido Alfredo Castelo Branco e de Laurentina Inês de Castro. Primos entre si. Pais de:

V-1 Auta de Castro

V-1 AUTA DE CASTRO, [Autinha], casou-se com FRANCISCO NOGUEIRA DE AGUIAR [Dodô Aguiar] de tradicional família cearense.

VI-2 MATILDE DE CASTRO MELO, nome de solteira, Matilde de Castro Melo Rebelo, nome de casada, nasceu a 14.03.1891, na Vila de Batalha e faleceu a 28.02.1933, na cidade de Boa Esperança, atual Esperantina. Casou-se, em 18.01.1908, em Batalha, com MANOEL LAGES REBELO nasceu a 18.07.1888, na Fazenda Santa Teresa, Município de Batalha, e faleceu a 24.12.1981, na cidade de Esperantina. Fazendeiro nos municípios de Batalha, Esperantina, Joaquim Pires e Luzilândia. Foi o responsável pela emancipação política do povoado Retiro da Boa Esperança do Município de Barras, em 1920, quando foi criado o Município de Boa Esperança, hoje Esperantina. Foi o primeiro intendente e o primeiro prefeito do Município de Esperantina. Filho de Umbelino Gomes Rebelo e de Maria da Assunção Pires Lages. Neto, pelo costado paterno, de Laurentino Gomes da Silva Rabelo e de Maria Madalena da Paz e pelo costado materno, de Manoel Rodrigues Lages e de Maria da Assunção Pires Lages. Pais de:

VI-1 Diógenes de Melo Rebelo
VI-2 Haydée de Melo Rebelo
VI-3 Odete de Melo Rebelo
VI-4 Delorme de Melo Rebelo
VI-5 Hamilton de Melo Rebelo
VI-6 Maria de Nazaré de Melo Rebelo

nn MANOEL LAGES REBELO, casou-se, em segundas núpcias, em com ZILDA NOGUEIRA DE AGUIAR, nasceu a 27.02.1918, na fazenda Boa Vista, então do Município de Barras, depois Esperantina, hoje Morro do Chapéu do Piauí. Filha de José Nogueira de Aguiar e de Eliza Nogueira de Aguiar. Pais de:

VI-7 Edmar Nogueira Rebelo
VI-8 Manoel Lages Filho
VI-9 Marilda Nogueira Rebelo.
(V. descendência em PIRES FERREIRA, 1992, V.2 p. 89 a 101).


II-6 LUÍS ANTÔNIO DE MELO, casado com HIGINA ROSA DE MELO, foram pais de:

III-1 Horácio Luís de Melo

III-1 HORÁCIO LUÍS DE MELO, casou-se em terceiras núpcias com Antônia Quitéria de Carvalho. Filha de João Bartolomeu de Carvalho e Mariana Rosa de Carvalho. Pais de:

IV-1 José Horácio de Melo

IV-1 JOSÉ HORÁCIO DE MELO, nascido a 05.08.1893 no lugar Campestre em Piracuruca e falecido em 13.08.1965 em Campo Maior. Casou-se com Maria Carlota. Pais de:

V-1 Rosália Maria de Melo Carvalho.

V-1 ROSÁLIA MARIA DE MELO CARVALHO, nascida em Piracuruca, em 20.11.1933 e falecida em Teresina, 26.04.2013. Casou-se com Miguel Arcângelo de Deus Carvalho. Pais de:

VI-1 José Elmar de Melo Carvalho, nascido em Campo Maior, em 09.04.1956, casado com Maria de Fátima de Sousa Carvalho, nascida em Buriti dos Lopes, em 14.05.1953. Pais de:
V-1.1   JOÃO MIGUEL DE SOUZA CARVALHO, nascido em Teresina, em 05.05.1986.
V-1.2 ELMARA CRISTINA DE SOUZA CARVALHO, nascida em Teresina, 07.03.1988.

Observações:

1.      José Elmar de Mélo Carvalho é irmão de João José, Antônio José, Maria José, Paulo José, Josélia (falecida), Joserita e Francisco José Nonato César, todos de sobrenome Melo Carvalho.
2.      O autor solicita que lhe enviem mais informações sobre a família Melo, sobretudo a do Piauí. Seu e-mail é valdemirmirandacastro@bol.com.br     

sábado, 25 de julho de 2015

RETALHOS DESBOTADOS, DAS RUAS


RETALHOS DESBOTADOS, DAS RUAS

Jacob Fortes

Quem, por demoradas imersões, se der ao trabalho de mergulhar nas profundezas da mendicidade e examiná-la com toda minudência, concluirá que o ofício esmoleiro é protagonizado por duas confrarias: uma é real, outra inverídica ou, a bem dizer, uma verdadeira outra falsa. Dificílimo distinguir uma da outra, pois, numa indistinção, apresentam a mesma cara, o mesmo indumento, enfim todos os traços caracterizadores da face dolorosa e pungente da miséria humana, que confeita as ruas. O propósito de ambas é o mesmo: mendigar. A verdadeira, em decorrência das fatalidades ou destino insidioso, pede por justa precisão, pela imprestabilidade laboral: invalidez, cegueira, aleijão, hemiplegia, decrepitude arrimada em cajado, enfim, os que sucumbiram. A falsa, porém, pede por comodidade, por desfastio, por malandrice, por aversão ao trabalho, por desvergonha abominável; que não choca mais a ninguém. Os personagens da falsa mendicidade, — hábeis na extorsão pelo rogo, em nome de Deus — buscam na representação, na fantasia, no simulacro, os recursos para delinear um cenário de enfermidades, dores e aniquilamento, impossível de ser recusado por qualquer pessoa: crédula, incrédula, cauta, incauta. Se do sexo feminino, de pronto se dizem viúvas, desamparadas. Costumam, envoltas em chalés pretos, pedinchar durante a noite ocasião em que puxam, eventualmente, um ou dois petizes, tão sonolentos quanto andrajosos, mais das vezes alugados da vizinha; acumpliciada. Nesse cenário de engambelar e iludir, maior serventia terão os petizes de caras borradas ou confeitadas de bexigas. Pedinchar à noite atesta maior lugubridade; passa a todos, até aos sovinas, dolorosa impressão de confrangimento. Há dentre as farsantes as que têm vocação lamurienta, as chamadas carpideiras que, por terem facilidade de verter, eventualmente são até contratadas para prantear mortos durante os funerais; haja lenço, o pranto é verdadeiro.

Pedinchando na via púbica, nas calçadas, na sacristia, no vão das portas, a malandrice, dotada de grande vocação dramática, vai-se aprovisionando à custa das pessoas de boa-fé.  Mas os pedintes embusteiros sabem que a esmola é óbolo incerto, depende da generosidade e estado psicológicos das pessoas, das circunstâncias. Daí a necessidade do emprego de recursos de grande poder de convencimento e comoção dentre os quais os patéticos “atestados”, (apócrifos evidentemente), que dizem o tamanho e a natureza da desgraça que lhes vão por casa: o acometimento de graves enfermidades; a prole faminta e numerosa; o cadáver à espera de caixão, invencionices correlativas e acessórias conforme a ocasião e o espectador. Há casos, insólitos, em que até se rojam para esmolar, é recurso extremado para fazer emergir a caridade hesitante. Mas nisto fiquem atentos os avarentos, que tanto prezam o dinheiro, pois óbolos reles podem desgostar os malandros, circunstância que, via de regra, enseja praguejamento em chuva.

Se, no bairro em que exploram a caridade pública aparece algum neófito os decanos vitalícios martirizam-no como nas escolas aos estudantes calouros. Pontos de pedinchar de alta cotação, os mais rentáveis, são, por vezes, vendidos como se fossem cadeiras de engraxate.

Se a mendicidade verdadeira é instada a pedir, e o faz incomodamente, a malandrice esmola foliando, com enorme alacridade de espírito. Ela vê na mendicância não somente um meio de vida, mas uma pândega, uma faina das menos fatigantes, sem responsabilidade.

E enquanto não se pode distinguir o inverídico do real segue, à sombra da miséria verdadeira, o cortejo das práticas enganosas. A confraria sanguessuguense vai, à folia, amealhando provisões junto à toleima incauta dos que dão esmola. Enquanto existir mosaicos de povos e de consciências há de haver condutas picarescas: não há meios capazes (ainda mais quando se tem a descura do poder público) de dissuadir essa confraria da viciosa profissão: nem oferta de um bom trabalho, nem umas cócegas no dorso com corda de sedenho, nem um longo tour por essas enxovias bolorentas, mesmo porque muitos desses hipócritas são velhos frequentadores dos calabouços.

sexta-feira, 24 de julho de 2015

Extremos que se tocam: política e violência no Brasil


Extremos que se tocam: política e violência no Brasil

Cunha  e Silva Filho

           Aviso aos leitores: este texto não é um ensaio nem um  estudo  de especialista. É, antes,  de um observador dos fatos que acontecem em meu país e para os quais só aspiro a contribuir para lançar algumas  ideias com vistas à melhoria  de nossa sociedade.

Afastado há dias de temas  sociais, retomo  agora  temas que estão intimamente  interligados  no meio  brasileiro: as questões da  política  e da violência. Numa e noutra  há pontos  convergentes   que se equivalem, que se aproximam e são praticamente semelhantes se levar em conta componentes como  caráter  do  povo brasileiro,  condição  social  degradada  da população  e a famigerada   impunidade.

Creio que  o noticiário  da política  nacional,  mesmo  visto  pelas chamadas  das manchetes de jornais,  não é nada  abonador à imagem da situação – agônica -  em que  partidos  em geral e, sobretudo o PT, nos envolveram  e, o que é pior,  nos   envolveram  à nossa revelia.

As lutas intra-partidárias ou interpartidárias, ora  semelham a uma comédia, ora a uma tragédia  grega. A violência de parte a parte serve a um  propósito: confundir  as consciências alienadas  da maior parte da sociedade.O poder  delegado  aos  políticos  só é legítimo  porque  alguém,   sem  comprometimento   político algum,  por vezes por mera  farra ou molecagem, elemento  carnavalizador  do  votante  brasileiro,  vai às urnas  de forma  compulsória e vota  em  candidatos  sem a mínima   condição de  representar  o povo, e aí temos os  humoristas de segunda  classe, os artistas  oportunistas (até rimou), os esportistas   aproveitadores de seu passado de glórias  e de mau-caratismo. Seria isso  representação lídima de um  povo?

Não,  isso nunca  foi nem será  pleito eleitoral   verdadeiro, mas uma farsa  cooptada, consciente ou  inconscientemente, pelo  próprio  povo desunido,  dividido  em classes e,  assim,  presa fácil  do “reinado”  dos demagogos e dos politiqueiros de longa  e  breve data.

Por outro lado,  o  país  se modernizou. Funciona  até bem  em alguns setores  que até nos causa  espécie. O país é outro, se informatizou,   tem shoppings  espalhados  em muitas  partes  ao longo de seu  território. Os shoppings se tornaram uma espécie de segundo lar  do brasileiro. Desta  forma,  nos dá a impressão de que  vivemos bem no meio de  tanta   suntuosidade,  riqueza,  produtos sofisticados de comunicação  instantânea.

Os restaurantes de classe média, nos fins de semana,  sempre se encontram  lotados de gente com apetite pantagruélico. As bebidas  rolam  pelas goelas abaixo, os carros de luxo   desfilam pelas  ruas da alta   burguesia. A ilusão de ótica  nos dá a impressão de que estamos num mundo paradisíaco, num Éden, não  o bíblico,  mas o  do hedonismo  exibicionista,  uma afronta,  de certa maneira,  às camadas mais  precárias de nossa   sociedade, os merdunchos da vida, os esfolados  pela engrenagem  do capitalismo  mal  assimilado.

Enquanto isso,  no Planalto,   as lutas  persistem  aguerridas.    Parte da oposição rompe com o governo  petista via presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, o qual, por seu turno,  é acusado de também ter recebido polpuda propina   de empreiteiras. Ou, por outra,   o oposicionismo  pró-governo federal (que confusão dos diabos e ausência de vergonha na cara a um só tempo!)  já não sabe  quem  é quem  no reinado  da luxúria  e da prestidigitação da politicalha.

Pipocam  as denúncias,  as delações   premiadas. Os executivos, com  a burra  cheia de dólares, depositados não sei onde,   surgem  perante os  telespectadores  das TVs ou das páginas dos jornais. Estão mesmo  presos ou apenas não passa  de um palco de encenação simbólica, de um simulacro?  Quero acreditar que não, que as prisões valerão  e serão cumpridas, não nos domicílios  dos acusados, mas atrás das grades para a execração pública e lição aos que  tentarem novas  maquinações   contra o dinheiro   do povo. Isso se as denúncias contra eles forem  realmente comprovadas. Aí sim,  passarei a crer em alguma  coisa séria do Estado Brasileiro e de suas instituições.

Entretanto,   enquanto os sinos  badalarem pedaladas   de reais  dos  governantes   no poder  à busca  voraz  de pecúnia   para  sustentar  a barriga  dos pobres e dos falsos  pobres que se beneficiam   do bolsa-família   e queijandos, manterei  minha  posição  firme  de descrença e de repúdio  contra o governo  petista. O Brasil, por enquanto, me parece caleidoscópico, camaleônico,  macunaímico, banânico,  bruzundanguense, em suma,   uma  miragem  perigosa  no deserto das ações  dos Palácio do Planalto.

Nesse ínterim,  na rua,  nua e crua,   a delinquência corre frouxa e sem medo  da decantada   redução da maioridade. Crimes hediondos são praticados diuturnamente,  notadamente nas grandes  cidades brasileiras, por  adolescentes  bandidos.  Oh, desamparados, coitadinhos,   “filhos” da  injustiça   social que,  no mínimo, em doze anos  de petismo   antropofágico, mistura  princípios  de  democracia de fancaria,  autoritarismo e  esquerdismo caviar.

Falso esquerdismo,  amante  dos louros do neoliberalismo, das viagens a Miami,  Nova Iorque e países  adiantados da Europa e de outros continentes  que estão na moda,  embora,   a todo  instante,   ameaçados do terrorismo  mundial fundamentalista. É a esquerda postiça, mui amiga dos pobres desde que fiquem sempre  pobres  e ganhem  as migalhas  do assistencialismo  populista. Contudo,  é uma “esquerda” que adora os  produtos  do capitalismo,  amam Nova Iorque,  os hotéis sofisticados,  a indumentária   dos milionários,  os carrões de luxo  e  a dolce vita  dos bacanas.”  Só  sociólogos europeus, norte-americanos e mesmo   brasileiros  de gabinetes,  avessos  ao contato com a arraia-miúda, posam de defensores do Lula, político  guindado a segundo  “pai dos pobres” de nossa  combalida Nação. Lula atualmente goza de uma posição  ambígua: a de  ser um  homem  bem  sucedido financeiramente  e de  estender  tudo isso à sua  família ilustre  que ama o doce capitalismo,  cujos frutos  já se multiplicam aos olhos   da patuleia basbaque e analfabeta

Esta a pátria amada  idolatrada, salve, salve que, com tantas evidências,  deixam, incólumes,  pelo menos  dois  responsáveis  pela  ópera-bufa  encenada  desde a guinada do embuste  esquerdizante do   voto  conseguido  às expensas  das  milionárias  propinas  do dinheiro  dos lucros das grandes estatais  através de diretores  nomeados pelo governo   federal  em conluio com grandes  empreiteiras e políticos  do governo   ou de partidos     aliados a ele.Tais  diretores de estatais se tornaram, destarte,      verdadeiros donatários baseados na Petrobrás e   disfarçados de bom-mocismo a serviço do “bem-estar” da Nação brasileira.

          Se no alto da pirâmide exemplos de lisura,  de  dignidade profissional,  de ética   pessoal é moeda  podre,  como  os que  estão na base da pirâmide podem se espelhar na ausência completa de caráter? Ora,  um país assim,  não pode dar certo. Conhecendo a estrutura  parcial  das leis brasileiras permitindo que a impunidade   passe ao largo dos graves  problemas   da violência  crônica  e   crescente  no dia-a-dia da nossa sociedade,  o cidadão  honesto,  contribuinte dos impostos,  vítima dos  juros  estratosféricos  que  funcionam como   se fossem  estelionatos   sob  a proteção  das leis do mercado, vive  sobressaltado de todos os lados, i,e,, vive  por sorte,  por milagre, em cidades   sem  a devida   e necessária  segurança que se espera há anos   das autoridades  responsáveis, tantos nos níveis municipais, estaduais  quanto federal.

          O país está  hoje sofrendo a pior fase  de violência de toda a história brasileira. Os assassínios cometidos  se tornaram  banalizados. Apenas se noticiam  como dados  estatísticos. Os governos  estaduais e o federal não se importam mais com as matanças  de seres humanos. Assassinam-se pessoas de todas as idades por roubos de bicicletas, de motos, de carros,  de  “saidinhas de bancos,”  de assaltos à propriedade  privada,  de crimes  para compras  de drogas, de crimes no trânsito,  por estupros, seguidos de morte, de meninas  indefesas, de mortes sem motivação, ou seja,  mata-se  só por crueldade.

       Em quase todas  estas situações sumariamente   citadas aqui, sinto que  há um profundo vazio  de  compromisso do governo  federal para equacionar, com urgência  urgentíssima,   o teatro de horrores em que  se atolou o nosso país para  vergonha dos  povos  civilizados. Ainda mal  consigo  acreditar  como um país tão  atraente  turisticamente  como o nosso ainda  encontra   pessoas que viajam. É temeroso viver, agora,  no  Brasil,  sair sozinho a qualquer parte da cidade. Sempre ficamos com a pulga atrás da orelha. Infelizmente,  a população, sobretudo os mais  necessitados,  tem que sair de suas casas e enfrentar  o batente.

        Para os que creem só restam as orações,  os pedidos a Deus   a fim de que nos  poupe  do fantasma  da violência. Para finalizar, que Deus  nos  livre  da camarilha  pela qual é regida  em geral a  política brasileira. Que os órgãos de investigação da  Lava Jato encontrem os culpados da nossa  caótica crise financeira, não obstante intuirmos que não é tão  complicado assim indigitá-los com quase cem  por cento  de certeza.

quinta-feira, 23 de julho de 2015

GENEALOGIA, HISTÓRIA E ECOLOGIA EM ESPERANTINA



23 de julho   Diário Incontínuo

GENEALOGIA, HISTÓRIA E ECOLOGIA EM ESPERANTINA

II PARTE

Logo após o término do panegírico, o Valdemir Miranda, coadjuvado pelo professor Assis Fortes, passou à segunda parte da solenidade, ou seja, à fundação do Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico “Leonardo Castelo Branco”. Vários historiadores, genealogistas e intelectuais presentes (todos já referidos na I Parte), foram considerados sócios fundadores, e assinaram a ata lavrada e lida por Assis Fortes. Esses membros eram naturais de diferentes municípios do Vale do Longá, ou ao menos neles radicados.

Ato contínuo a assembleia passou a deliberar sobre a primeira diretoria da entidade, que foi eleita por aclamação unânime. Para presidente e secretário foram eleitos o Valdemir e Assis Fortes, idealizadores do Instituto. Foi aprovado o brasão criado por mestre Assis, que também é o autor da bandeira, do brasão e do hino de Esperantina. Valdemir comprometeu-se a realizar sessões do Instituto em diferentes cidades do Vale do Longá, naturalmente observando as datas magnas dessas urbes.

Após o lauto almoço, fomos conhecer a antiga casa-grande da Fazenda Olho d’Água (dos Negros ou dos Pires, se o leitor desejar algum desses acréscimos). Do notável e volumoso livro Enlaces de Família, de Valdemir Miranda de Castro, na página 82, colho a seguinte informação: “Fundada por Mariano de Carvalho Castelo Branco, em 1847, tombada como Patrimônio Histórico Estadual e desapropriada pela Prefeitura Municipal de Esperantina (...). O território que a cerca é um assentamento Quilombola. A casa-grande, hoje em ruínas, vem sendo depredada pelos remanescentes agregados da fazenda, e visitantes.”

Na mesma página, consta a fotografia de uma telha, com autógrafo de Mariano, na qual ele registrou a data de seu nascimento: “Hoje quarta-fª, 8 de dezembro de 1847 ajusto 47 anos de idade e três meses de idade”. Por conseguinte, nasceu no dia 8 de setembro de 1800. Essa fotografia, segundo informa Enlaces de Família, foi publicada nos livros Carnaúba, Terra e Barro na Capitania do Piauhy, p. 16, da autoria de Olavo Pereira da Silva Filho, que está indicado para integrar o IHGG Leonardo Castelo Branco, e A Mística do Parentesco – Os Castelo Branco, na 4ª capa, de  Edgardo Pires Ferreira. Leonardo era irmão do fundador do velho solar.

Advirto que se providências urgentes não forem tomadas a casa-grande, tombada pelo órgão do Patrimônio Histórico e Arquitetônico Estadual, irá literalmente tombar, como já caiu a casa solarenga da Fazenda da Limpeza, construída pelo poeta e grande patriota Leonardo de Carvalho Castelo Branco em 1817, na qual nasceu a maioria de seus filhos, entre os quais Teodoro de Carvalho e Silva Castelo Branco, o poeta caçador. É uma construção frágil, uma vez que suas paredes são de adobe. Com a vinda de chuvas, as inúmeras goteiras completarão a ruína que já se propaga a olhos vistos.

Os saques já se alastram. Muitas telhas, janelas e portas já foram removidas. Creio que uma porta, que se encontrava retorcida e fora dos encaixes, só não fora retirada pelo gatuno, em virtude de seu enorme peso, pois era lavrada em grossa e maciça madeira. Seria uma verdadeira cruz e calvário para o larápio que pretendesse conduzi-la, mesmo peça por peça, após ser desmontada.

Mariano parecia ter talento pictórico, pois as telhas possuem desenhos da flora e da fauna local, como macacos, tamanduás, galináceos, jacus, abacaxis, sapucaias, buritis etc. Havia ainda citações da Bíblia, invocação a santos, além de ser traçado o perfil da família, com o registro de seus hábitos e costumes, conforme consignou Valdemir Miranda na página 81 de sua monumental obra genealógica.

Fomos olhar o olho d’água, de onde se originou o nome da fazenda. Foi circundado por uma parede rústica de pedras, aparentemente antiga, e ao que tudo indica sem comprometimento dos veios ou minadouros. Entretanto, a água se apresentava muito barrenta e escura, como se fora toldada por animais ou ação humana.

Foi-nos informado que uma construtora utilizara essa fonte de forma predatória ou danosa, de modo que ela perdera a sua natural limpidez. Fica numa várzea, onde pontificam imponentes buritizeiros. A mata que se espalha pelas encostas dos morros e pelo vale ainda se mostra exuberante, viçosa e muito verde.

Foram tiradas várias fotografias da casa, do entorno, da mata, do olho d’água, do brejo e dos visitantes. Também foram feitas várias filmagens, de vários locais, uma vez que o Elias Medeiros Júnior pretende realizar um documentário sobre essa histórica casa-grande, na qual deve ter estado várias vezes o grande Leonardo, em visita a seu irmão Mariano. O filme deverá registrar a história da vetusta residência e mostrar o seu precário estado de conservação, no intuito de fortalecer a luta em prol de sua restauração, que deverá ser empreendida pelo Instituto.

Elias Medeiros Júnior, misto de jornalista, radialista, ator, diretor cenográfico, ambientalista etc., entrevistou várias pessoas. Fui filmado no quintal da Casa do Olho d’Água, à sombra refrescante de frondosa árvore. Falei que o prédio se mostrava bastante arruinado, pela falta de conservação e pela fragilidade do material de que fora construído. Até invoquei a alma de Leonardo, para que nos transmitisse o seu espírito guerreiro, para melhor defendermos a restauração e preservação do solar arruinado.

Entretanto, ressaltei que o manancial d’água ainda se mostrava perene, e que a floresta e o buritizal da várzea ainda se apresentavam exuberantes e relativamente bem conservados. Ante essas considerações, defendi em meu depoimento a ideia de que esse patrimônio desapropriado pelo Poder Público Municipal fosse transformado num parque de proteção ambiental, e que a antiga casa solarenga fosse transformada numa espécie de museu e/ou pousada.

Com essas providências, estariam salvos a floresta e o buritizal do entorno, a fauna e o patrimônio arquitetônico já tombado. Quando eu concluía meu depoimento, ao entardecer, o canto mavioso e inaudito de um pássaro, que não identificamos, nos encantou em verdadeiro alumbramento auditivo, como um arremate sinfônico de tudo que expusemos. Talvez essa ave canora estivesse estampada numa das telhas da casa-grande.


Resta-me torcer para que os órgãos governamentais a serem contatados não transformem a justa reivindicação em “abacaxi”, através de embaraços burocráticos, e nem os oportunistas da má política demagógica nos deem abraços de tamanduá, conforme Mariano de Carvalho Castelo Branco desenhou nas telhas do vetusto e decrépito solar. Decrépito, mas que ainda pode e deve ser restaurado.  

quarta-feira, 22 de julho de 2015

Piracuruca e as terras da santa


Piracuruca e as terras da santa

José Pedro Araújo
Historiador, escritor e servidor público aposentado

A história da fundação de Piracuruca, bela e hospitaleira cidade encravada no norte piauiense, confunde-se com a dos irmãos Dantas, Manuel e José. Por sua vez, história e lenda se associam e se enlaçam de modo tão intenso nesse rincão que não dá para saber o que é verdadeiro ou o que é parte criada pela mente fértil do seu povo. Estou para ver gente mais criativa. Pois bem, diz a tradição oral que os portugueses Manuel e José Dantas Correia procuravam ouro na região do rio Piracuruca quando foram aprisionados por índios antropófagos. Preocupados com o fim iminente, rogaram à virgem do Carmo que lhe salvasse a vida e lhe fizeram uma promessa: caso fossem libertados, ergueriam uma igreja em sua homenagem naquele exato lugar onde se achavam aprisionados e em vias de virar um belo cozido. A santa ouviu suas preces, libertou-os da enrascada, e ficou no aguardo do pagamento da promessa.
Nesse ponto, a história já estava completamente envolta com a ficção. E como a criatividade dos piracuruquenses não tem limites, diz-se que os índios, originários da Serra da Ibiapaba, retornaram para sua aldeia e deixaram o terreno livre para os irmãos cumprirem a promessa. E que eles, alterando um pouco o acordado, resolveram construir o templo em outro local, mais seguro, imune às cheias costumeiras do rio, mas muito distante do local do cativeiro. Trouxeram gente competente para realizar o trabalho e até a imagem da virgem do Carmo foi mantida junto ao canteiro de obras, enquanto davam início à construção do templo. Começaram as obras de fundação no novo lugar escolhido por eles em ritmo acelerado. E logo na primeira noite, a virgem mostrou-lhes a sua indignação: fugiu de lá para depois ser encontrada no local exato onde os irmãos haviam sido aprisionados. Os Dantas debitaram o fato na conta de algum trabalhador descontente, levaram a imagem de volta e retomaram a obra. Na manhã seguinte, novamente deram pela falta da imagem. Correram para o local da promessa e deram com ela por lá novamente. E assim a obra foi sendo levada adiante. Mas, mal a noite chegava, lá se ia a imagem de volta para o lugar que ela achava que o templo deveria ser erigido. O baldrame já estava pronto, mas a imagem teimava em fugir à noite. A resistência dos construtores chegou ao seu limite. Cônscios da vontade da santa decidiram abandonar tudo e recomeçar a construção da igreja no local onde ela se acha hoje, com a frente voltada para o rio Piracuruca, no lugar denominado Sítio.
Os blocos maciços com cerca de duas toneladas para a construção das colunas de sustentação foram cortados e retirados da margem do rio, através de um processo impressionante de extração e transporte. O zig zag provocado pelos cortes estão lá, como tatuagem sobre a pedra bruta, nos imensos blocos de arenito existentes na beira do rio. Ficou por lá como testemunha. Elevar esses pesados blocos até o alto das colunas, também foi um feito inimaginável. Foi utilizado um complexo sistema de roldanas, peso e contrapesos. Belíssimo trabalho deixado para a posteridade. A igreja, com o falecimento do irmão mais importante, Manuel, ficou sem o teto durante cerca de quarenta anos. Nada que impedisse o cumprimento da sua função religiosa. Por sua vez, foi palco de um dos momentos mais importantes na luta pela independência do país, quando no seu átrio, em 22 de janeiro de 1923, Leonardo das Dores Castelo Branco leu o importante manifesto conclamando os piauienses à luta.
O baldrame da construção da discórdia ainda está lá para quem quiser ver. Mas alguns historiadores afirmam que essa história da santa fujona é mais uma das lendas que envolvem a velha Piracuruca. Afirmam que as fundações da igreja velha já estavam lá antes mesmo dos irmãos Dantas passarem pelo constrangimento de se ver prisioneiros dos índios. Até mesmo esse fato, a prisão, é tratado como mais um indício da criatividade dos piracuruquenses. Mas, o fato é que os irmãos existiram, deram início à construção do templo em intenção à virgem do Carmo, e deixaram cerca de 12,5 km de terras como herança para a citada santa. O jornalista e historiador Jureni Machado Bitencourt escreveu um belo livro denominado “Apontamentos Históricos da Piracuruca”, e nele enumera as fazendas doadas: Boqueirão, Veados, Batalha, Macambira, Montes, Perus, Curral dos Cavalos, Pitombeira, Brejinho e Sítio. Dentro dessas fazendas, todo o gado existente também passou às mãos da igreja.
As dúvidas quanto a doação de todo o patrimônio elencado são muitas. A começar pela própria certidão publicada em 1909 pelo jornal católico “O Apóstolo”, onde consta apenas a doação das fazendas Veado e Boqueirão. Das outras, nem uma linha. O INCRA, anos mais tarde, dirimiu essas dúvidas. Após proceder intensa análise sobre os registros de Boqueirão, Veados e Batalha, descendo a investigação das cadeias dominiais até a sua origem, aceitou esses documentos como válidos.
Gerou muita desconfiança na população também a nomeação de gerentes para administrar as terras da santa. Pois, dizem, enquanto o patrimônio reduzia-se ano após ano, o dos administradores crescia em proporção desmesurada. Cansado dessa polêmica, e de olho na fortuna da santa, o bispo de Parnaíba, Dom Joaquim de Almeida, efetuou a venda das terras com todo o rebanho. No dizer do escritor Vitor Gonçalves Neto, no seu incomparável Roteiro das Sete Cidades, “torrou por 48 contos, em 1908, quase tudo... Deixou apenas a de Veados(fazenda), para entreter a população”. Anos depois, o Arcebispo do Piauí, Dom Severino Vieira de Melo anulou a venda e recuperou as terras. “Pra que é que existe o Direito Canônico?”, graceja o autor do Roteiro. Quanto ao gado, a maior parte já havia sido desviado.
Já sem o rebanho, por volta de 1983 a Fazenda Macambira foi adquirida pelo Estado, através do PDRI – Vale do Parnaíba, para assentar trabalhadores rurais sem terra. Cerca de 194 famílias foram assentadas nos seus quase 17.000 hectares. Dois anos depois, o INCRA adquiriu por compra as fazendas Boqueirão, Veados e Batalha, situadas hoje no município de São João da Fronteira. As três fazendas somavam 42.000 hectares, e nelas a instituição assentou cerca de 432 famílias.
Durante os anos setenta, quando fui a primeira vez a Piracuruca, impressionei-me com a beleza da cidade e com a simplicidade e bonomia de sua gente. Fiquei mais impressionado ainda com as histórias contadas sobre as riquezas da santa. Anos depois, já devidamente aclimatado à cidade, uma vez casado com uma das suas mais belas moradoras, inteirei-me das histórias daquela boa gente e dos desmandos praticados contra o patrimônio da virgem do Monte do Carmo. Eles nunca entenderam e nem aceitaram o que as autoridades eclesiásticas fizeram com a herança deixada à santa. Meu sogro, Jesuíno Sousa, por exemplo, um dos grandes proprietários de terra da região, tendo uma de suas fazendas limitando com a Data Macambira, afirmava exaltado que “ninguém tem o direito de vender o patrimônio da santa. Faziam aquilo com que delegação, se a santa não havia autorizado?”. O Estado havia acabado de adquirir a data Macambira junto ao bispo da Diocese de Parnaíba.
Em 2007 estive por alguns dias nas Datas Boqueirão, Veados e Batalha, para fazer um reestudo daquelas comunidades. As áreas são contíguas.Trata-se de uma região belíssima, situada nas franjas da serra da Ibiapaba, no lado piauiense. Ali a pastagem natural ali é abundante, assim como a água oferecida pelo rio Piracuruca e alguns dos seus afluentes. A falta de cercas no perímetro das três fazendas facilita o acesso de rebanhos estranhos, animais estes que concorrem com aqueles pertencentes aos próprios moradores, consumindo-se rapidamente a pastagem em razão do avultado número de cabeças. Até mesmo grandes criadores do vizinho estado do Ceará conduzem seus rebanhos para lá, em certas épocas, e isso tem criado uma serie de problemas para os assentados.
Hoje a padroeira não possui mais o seu patrimônio imobiliário, e muito menos seus rebanhos, que lhe rendia o suficiente para a sua manutenção. Vive dos dízimos, ofertas e doações dos fiéis. Esta semana, por exemplo, tem início os festejos da padroeira com duração até o dia 16/07. As festividades atraem piracuruquenses residentes nos quatro cantos do país. São sete novenas durante o período festivo, e no último dia, a imagem da senhora do Carmo sai pela cidade em procissão, devidamente paramentada, com suas opulentas joias e a coroa de ouro, cravejada de pedras preciosas, sobre a cabeça. Os leilões são o ponto alto do evento, ocasião em a cidade toda se mobiliza em doações e arrematações. Meu sogro, quando vivo, doava todos os anos um boi para a virgem do Monte do Carmo, para ser levado a leilão.
Não se sabe, porém, se as “duas capelas” ainda estão sendo rezadas pelo pároco da igreja, como ficou consignado no testamento deixado pelos irmãos Dantas.    

segunda-feira, 20 de julho de 2015

ÁGUAS LIVRES


ÁGUAS LIVRES

Valdemir Miranda de Castro

Ao prezado amigo Edgardo Pires Ferreira com a mais sincera estima e admiração.

Fundada por volta de 1805, por José Rodrigues de Carvalho, a Fazenda Águas Livres, pertencia a Freguesia de Nossa Senhora do Carmo de Piracuruca. Localizada no atual município de Batalha, tem sua história ligada ao enlace dos Rodrigues de Carvalho com os Pires Ferreira.  Os Rodrigues de Carvalho do Piauí têm como ascendentes os irmãos Francisco e Domingos Rodrigues de Carvalho, militares, alferes de Infantaria do exército português, que vieram no início da ocupação portuguesa para a Capitania da Bahia. Este último foi nomeado por alvará em 1674, ao posto de Capitão pelo Visconde de Barbacena, governador geral do Brasil (PEREIRA DA COSTA, 1974, p. 43-4). Francisco, e seu irmão, comandante da companhia integraram a expedição de Francisco Dias de Ávila em incursões aos sertões do Piauí.
José Rodrigues de Carvalho era irmão Joaquim Rodrigues de Carvalho e Amaro Rodrigues de Carvalho. Joaquim foi casado com Isabel Barbosa e pais de: Paulo, Prudente, Manoel, Antônio e Josefina Tereza de Jesus, todos Rodrigues de Carvalho (CASTRO, 2014, 449). [v. Fazenda Conservador].
José Rodrigues de Carvalho foi casado com Maria Tereza de Jesus, ela é muito provável que descenda dos Carvalho de Almeida, infelizmente, por falta de registro dos sobrenomes das mulheres, não podemos precisar seus pais, porém em vários registros eclesiásticos, encontramos seu nome ligado aos descendentes dos Carvalho de Almeida, sendo madrinhas de vários de seus sobrinhos e tendo uma filha como afilhada dos Carvalho de Almeida. Encontramos no livro de batismo de Piracuruca que em 08.11.1806, no lugar Saco de São Francisco, Freguesia de Piracuruca o pároco da freguesia batizou a CLARINDA, filha de José Rodrigues e Carvalho e Maria Tereza de Jesus, nascida a nove de outubro do mesmo ano, tendo como padrinho: Francisco Carvalho de Almeida e Maria de Jesus.
José Rodrigues de Carvalho e Maria Tereza de Jesus foram pais dentre outros filhos de: Clarinda Maria de Jesus, Lina Carlota de Jesus e Carlota Lina de Jesus [Rodrigues de Carvalho]. De Clarinda já nos reportamos e veja mais informações sobre ela quando falarmos da Fazenda Beiru.
Quanto a Lina Carlota de Jesus nasceu a 01.12.1811, na Fazenda Águas Livres, Freguesia de Nossa Senhora do Carmo de Piracuruca. Foi batizada a 04.01.1812 na Matriz de Nossa Senhora do Carmo, pelo padre José Remígio Ferreira. Foram seus padrinhos: o capitão Francisco Félix Narciso Castelo Branco e sua mulher dona Lina Maria de Jesus. Casou-se a 15.11.1825 na fazenda Águas Livres, no município de Batalha com Comendador Antônio Pires Ferreira que nasceu a 12.02.1799 no sítio Santo Agostinho, província do Maranhão depois Município de São Bernardo, atual Magalhães de Almeida e faleceu a 23.11.1877 no Engenho Paraíso, Município de São Bernardo no Maranhão. Filho de José Pires Ferreira e Marina de Deus Castro Diniz. O casal foi pai de dezenove filhos: Rosa Pires Ferreira, Angélica Pires Ferreira, José Pires Ferreira, Cassiana Lina Pires Ferreira, Carlota Lina Pires Ferreira, João de Deus Pires Ferreira, Columba Pires Ferreira, Antonio Pires Ferreira Filho, Carolina Pires Ferreira, Fernando Pires Ferreira, Maria de Deus Pires Ferreira, João de Deus Pires Ferreira, Manoel Pires Ferreira, Ana Lina Pires Ferreira, Manoel Pires Ferreira, José Pires Ferreira, Eulália Pires Ferreira, Lina Pires Ferreira. (PIRES FERREIRA, 1990, V. 4, p. 18 a 165].
Lina Carlota de Jesus faleceu a 06.08.1883 no Engenho Paraíso, sendo sepultada no cemitério velho da cidade de São Bernardo (MA). Sobre sua morte encontramos o seguinte registro:
"No dia 06 do corrente... faleceu no seu Sítio Paraíso, no termo de São Bernardo, da Província do Maranhão, na idade de 73 anos, a exma. sra. d. LINA CARLOTA DE JESUS PIRES, viúva do comendador ANTONIO PIRES FERREIRA - é mãe do nosso prezado amigo dr. FERNANDO PIRES FERREIRA.
Era a ilustre finada senhora de peregrinas virtudes, entre as quais sobressaia a de caridade, que cultivou com esmero despretensioso durante sua longa passagem por sobre a terra.
Pertencia a uma das famílias mais distintas desta província, tornou-se mãe de numerosa prole, sobre quem exercia bem pronunciada e benéfica influência, já pela sua idade e já pelo prestigio de sua amável e venerada conduta em relação a quantos de si descendiam.
“Aos nossos prezados amigos FERNADO PIRES FERREIRA, tenente JOSÉ FLORINDO DE CASTRO, FRANCISCO FLORINDO DE CASTRO, que a idolatravam e vos de mais parentes da ilustre finada, apresentamos as nossas condolências"

JORNAL "A ÉPOCA", Teresina, ANO VII, Nº 318 de 23.08.1884, p.4.
As famílias endogâmicas, tinham vários enlaces entre os primos. Duas filhas do Comendador Antonio Pires Ferreira e Lina, Cassiana e Carlota, se casaram com dois irmãos, José e Manoel Rodrigues de Carvalho, filhos de José Rodrigues de Sampaio [primeiro do nome] e de Josefina Tereza de Jesus, esta irmã de José Rodrigues de Carvalho.
Cassiana Lina Pires Ferreira, nasceu em 1832 na Parnaíba e faleceu em Buriti dos Lopes. Foi batizada em 27.11.1832 na matriz de Parnaíba. Casou-se em 1851 no Engenho Paraíso com seu primo segundo, JOSÉ RODRIGUES DE SAMPAIO, [segundo do nome], Fazendeiro em Buriti dos Lopes. Coronel da Guarda Nacional. Filho de José Rodrigues de Sampaio [primeiro do nome] e Josefina Teresa de Jesus [Rodrigues de Carvalho]. Neto materno de Joaquim Rodrigues de Carvalho e Isabel Barbosa.  Foram pais de: José Pires Sampaio, Antonio de Sampaio Pires Ferreira, Fernando Pires Sampaio, Lina Cassiana Pires de Sampaio, Frederico Pires de Sampaio, João Pires de Sampaio. (PIRES FERREIRA, 1990, V. 4, p. 20-30].
Carlota Lina Pires Ferreira, nasceu a 17.11.1833 em Parnaíba e faleceu a 30.08.1884 na Fazenda Bacuri, no município de Buriti dos Lopes. Casou-se em 1855 no Engenho Paraíso com MANOEL RODRIGUES DE SAMPAIO [MANO] nasceu a 18.12.1830 e faleceu 31.12.1877 na Fazenda Bacuri. Filho de José Rodrigues de Sampaio e Josefina Teresa de Jesus [Rodrigues de Carvalho]. Neto materno de Joaquim Rodrigues de Carvalho e Isabel Barbosa.  Foram pais de: Lina Josefina Pires de Sampaio, Josefina Lina Pires de Sampaio, Carolina Pires de Sampaio, Cassiana Carolina Pires de Sampaio, Manoel Pires de Sampaio, Gervásio Pires de Sampaio, Antonio Pires de Sampaio (PIRES FERREIRA, 1990, V. 4, p. 31-44).

Quanto à terceira filha, Carlota Maria de Jesus, nasceu por volta de 1808 na fazenda Águas Livres, no Município de Batalha e faleceu em 1847 na Vila de Piracuruca. Casou-se com FRANCISCO FLORINDO DE SOUSA CASTRO, [primeiras núpcias deste], nasceu 1810, no termo de Batalha, foi batizado a 11.10.1810, na Capela de Batalha, Freguesia de Nossa Senhora do Carmo de Piracuruca, pelo Pe. Domingos Dias Pinheiro, tendo como Padrinhos: Leonardo de Carvalho Castelo Branco e Ana Rosa Clara Castelo Branco (Livro de Batismo de Piracuruca de 1810); faleceu em 1887 na Vila de Batalha. Tenente da Guarda Nacional na Vila de Parnaíba. Dirigiu, em 19.06.1839, correspondência ao presidente da Província do Ceará, João Antonio de Miranda, pedindo socorro militar para Parnaíba, durante a Balaiada. (Revista do Instituto do Ceará, doc. 03, p. 255). Coronel Chefe da Legião da Guarda Nacional de Piracuruca, em 15.05.1846. (CASTRO, 2014, p. 216, 452). Foram pais de: Auta Inês de Castro [terceira do nome], José Florindo de Castro e Francisco Florindo de Sousa Castro [segundo do nome].
Francisco Florindo de Sousa Castro casou-se em segundas núpcias com ANGÉLICA AGOSTINHA DE ARAÚJO CASTRO, n. e f. em Batalha. Descendem do casal: Viriato Doriano de Araújo Castro, Doriano de Sousa Castro, Maria Madalena de Castro [Miranda] e Clementino Gomes de Castro.
Auta Inês de Castro [terceira do nome], nasceu <1829> em Parnaíba, foi criada por sua tia Cassiana Rosa da Trindade Rebêlo, [nascida a 02.07.1805, batizada a 03.11.1805, na Capela de São Gonçalo da Batalha, Freguesia de Nossa Senhora do Carmo de Piracuruca, pelo Pe. Domingos Dias Pinheiro. Foram seus padrinhos: Simplício Dias da Silva e sua mulher Maira Isabel Tomásia de Seixas e Silva, representados por Francisco José Rodrigues e Maria Rosa de Miranda. Casou-se a 17.12.1822 com Jerônimo Gomes Rebêlo, n. 1801 em Campo Maior, irmão de José Gomes Rebêlo, nascido em 1792 casado que foi com Umbelina Francisca do Rosário, filha de José Carvalho de Almeida e Francisca Castelo Branco. Da. Cassiana Rosa faleceu a 20.08.1863 na Vila de Batalha aos 42 anos, o casal ao deixou filhos, foi sepultada na Igreja Matriz de São Gonçalo da Batalha, onde recentemente descobriu-se sua a lápide de sua sepultura]. Auta Inês de Castro, casou-se  com o Capitão Jerônimo Gomes da Silva Rebelo, nascido em 1819 em Campo Maior e falecido em Batalha. Filho de José Gomes Rebelo e Umbelina Francisca do Rosário. Neto materno de José Carvalho de Almeida e de Francisca Castelo Branco (CASTRO, 2014, p. 229).
José Florindo de Castro, nasceu em 1830 em Parnaíba e faleceu em Batalha, foi Tenente-coronel Comandante do Batalha da Guarda Nacional em Batalha. Primeiro Intendente da Vila de Batalha. Deputado a Assembleia Provincial na 21ª legislatura de 1876 a 1877, foi casado com Ignês Maria da Silva Castro, deixando vários descendentes em Batalha entre eles: Brígida, Marcolino, Cotinha, Carlotina, Lina, Inês, Castro Filho, Fernando e Rosa Inês de Castro.
Francisco Florindo de Sousa Castro [segundo do nome], nasceu em 15.08.1838, em Buriti dos Lopes e ali faleceu a 18.06.1916, e ali foi sepultado. Tenente-coronel da Guarda Nacional. Casou-se a 07.01.1865, no Engenho Paraíso no Maranhão com sua prima materna, Ana Lina Pires Ferreira, nasceu a 01.08.1847, no Engenho Paraíso e faleceu em 22.05.1880 no Maranhão. Filha de Comendador Antônio Pires Ferreira e Lina Carlota de Jesus Rodrigues de Carvalho.
Francisco Florindo de Sousa Castro casou-se, em segundas núpcias, a 29.12.1881, na Fazenda Bacuri, Município de Buriti dos Lopes, com a sobrinha de sua primeira esposa, CASSIANA CAROLINA PIRES DE SAMPAIO [Dona], nasceu a 15.06.1860, na Fazenda Bacuri, e faleceu a 24.03.1935, em Parnaíba. Filha de Carlota Lina Pires Ferreira (esta, irmã de Ana Lina Pires Ferreira) e de Manoel Rodrigues de Sampaio [Mano]. (PIRES FERREIRA, 1990, V. 4, p. 129 a 159).
Maria Madalena de Castro Miranda,  foi casada com Antônio Guilherme Machado de Miranda, filho de José Amaro Machado e Ana Francisca de Miranda. Neto materno Francisco José Rodrigues e de Maria Rosa de Miranda. Bisneto materno do Cel. José de Miranda e Ana Maria de Mesquita. Trineto materno de Capitão Antônio Carvalho de Almeida e Maria Eugênia de Mesquita Castelo Branco (CASTRO, 2014, p. 224).


Águas Livres passou a família Quaresma de Melo, sendo adquirida por Salvador Quaresma Dourado de Melo, nascido em Piracuruca e falecido no termo de Batalha. Casado que foi com Idalina Rosa de Melo, filha de Diógenes Benício de Melo e Geracinda Rosa de Melo. Esta neta materna de Onofre José de Melo e Cecília Maria das Virgens, naturais de Pernambuco, fundadores da Casa do Desterro, na Freguesia de Piracuruca.
Salvador Quaresma Dourado de Melo e Idalina Rosa de Melo foram pais de: Pussina Rosa de Melo, nascida em 1886 em Águas Livres. Casou-se civilmente em 08.01.1807 aos 21 anos com Joaquim José de Melo, nascido em 1886, morador do lugar “A Mais Tempo” em Barras, filho de Prestetato José de Melo e de Georgina Quaresma de Melo. Neto materno de Miguel Quaresma Dourado, nascido em 1817, irmão de Agostinho Quaresma Dourado, casado com Eduarda Francisca Castelo Branco, moradores da Fazenda Palmeira na Freguesia de Piracuruca.
Atualmente Águas Livres é propriedade dos herdeiros de Matias Quaresma de Melo, nascido a 29.10.1891 em Batalha e falecido a 03.03.1963 em Batalha.  Filho de Salvador Quaresma de Melo e Idalina Rosa de Melo. Casou-se em três núpcias, sendo as terceiras com Saturnina Braga de Melo, nascida a 22.03.1928 e falecida a 14.04.1998.

Valdemir Miranda de Castro
Professor e bacharel em direito
Email- valdemirmirandacastro@bol.com.br
Contato:  86 99952-0051