Da Costa e Silva |
H. Dobal |
PERIODIZAÇÃO DA LITERATURA PIAUIENSE
Elmar Carvalho
Neste despretensioso e sintético trabalho procurarei ser objetivo e tentarei evitar, o mais que puder, a emissão de juízo de valor, mesmo revestido de objetividade, atendo-me somente aos fatos e ao que os autores disseram.
Selecionei a periodização ou divisão feita pelos escritores e historiadores literários Alcenor Candeira Filho, Luiz Romero Lima, Adrião José Neto e Francisco Miguel de Moura, em virtude de que o primeiro e o segundo são considerados como dois dos principais professores de Literatura Brasileira, incluindo-se nesta a de expressão piauiense, o terceiro porque o seu livro Literatura Piauiense para Estudantes é o que mais vezes foi reeditado, já que ultrapassou a décima edição, e o último por ser o último dos polígrafos e um reconhecido erudito.
Não considerei as periodizações, feitas por outros pesquisadores, por vários motivos, entre os quais: a constante mudança de critério, a cada reedição da obra de historiografia literária; a minha profunda discordância com a nomenclatura adotada e com a inclusão e exclusão de certos autores; as controvérsias acirradas que provocam e para não alongar este artigo. Não coloco a carapuça na cabeça de ninguém; quem quiser que a coloque em si próprio, em autocoroação.
Dos autores abordados o mais módico na inclusão de literatos foi Alcenor, que incluiu apenas 24, mas devendo ser observado que o seu livro se chama Literatura Piauiense no Vestibular, e que, por conseguinte, registra apenas os escritores e poetas mais inseridos em questões de vestibular. O mais pródigo na listagem de literatos foi Francisco Miguel de Moura, que alcançou a casa dos 70, considerando-se a inclusão de oito teatrólogos. Adrião Neto e Luiz Romero listaram 40 e 34 prosadores e poetas piauienses, respectivamente.
A nomenclatura adotada para a designação dos períodos ou divisões da Literatura Piauiense foi muito semelhante entre Adrião e Romero, talvez porque trocaram idéias e informações, o que é sempre desejável. Levando-se em conta a pequena quantidade de autores, em face de sua destinação aos candidatos a vestibular, o opúsculo de Alcenor pouco destoa dos dois retromencionados. Já Francisco Miguel optou em dividir a LP em gerações, cabendo informar que a sua primeira geração se estendeu “dos anos 60 em diante (até final do século XIX)”.
Todos os autores mencionados por Alcenor aparecem em outra(s) lista(s), sendo que a metade desses autores, ou seja, doze, são referidos pelos outros três historiadores literários. Como dito, os nomes dos períodos literários são muito semelhantes, entre Adrião e Romero, assim como os autores inclusos na divisão pertinente. Vários autores mencionados por Francisco Miguel só aparecem em sua obra Literatura do Piauí, tendo sido o único autor a optar por incluir teatrólogos e outros escritores em sentido lato.
Os escritores e poetas Ovídio Saraiva, Da Costa e Silva, Abdias Neves, Renato Castelo Branco, Martins Napoleão, O. G. Rego de Carvalho, Fontes Ibiapina, Assis Brasil, H. Dobal, Torquato Neto, Magalhães da Costa e Hardi Filho são referidos na periodização dos quatro autores que tomamos por base para este texto.
Constam em três listas os literatos: Licurgo de Paiva, Francisco Gil Castelo Branco, Hermínio Castelo Branco, J. Coriolano, Lucídio Freitas, Celso Pinheiro, Félix Pacheco, Mário Faustino, Álvaro Pacheco, Francisco Miguel de Moura (quatro vezes, se considerarmos a inclusão em seu livro), Cineas Santos, Paulo Machado e Elmar Carvalho. Portanto, treze autores.
Alguns historiadores literários não incluem em seus estudos os autores (muitos falecidos há várias décadas), que não possuem obra disponível no mercado. No meu modo de entender esse posicionamento não é o mais correto, pois essa culpa não cabe ao literato, mas sim ao descaso das autoridades culturais, que não promovem uma política de reedição adequada, e mesmo ao atraso de nosso Estado, que não cultua os reais valores literários, seja por ignorância, falta de oportunidade ou de poder aquisitivo, etc.
Três dos autores objetos deste sucinto comentário incluíram escritores da Geração 70 (ou Geração pós 69). Adrião fez constar oito, Romero incluiu dez e Alcenor listou quatro. Francisco Miguel não considerou essa geração em seu livro, exceto em relação a três literatos mortos, em plena juventude, sob o argumento de que esses escritores estariam “em fase de experiência. Suas obras deverão ser lidas, apreciadas e comentadas convenientemente pelo historiador futuro. Por enquanto falta-lhes a sedimentação das diversas leituras críticas”. Não concordo com os argumentos do ilustre polígrafo, por vários motivos, entre os quais citarei apenas: vários dos maiores escritores do Brasil faleceram com menos de 30 anos de idade; muitos dos longevos escreveram suas principais obras com menos de 45 anos; o que importa não é a idade do literato, mas a qualidade de sua obra; grandes mestres da historiografia e da teoria literária deram importância aos autores vivos e ainda na idade madura ou mesmo jovens; muitos dos autores da Geração 70 (incluídos pelos outros três pesquisadores) já contam com razoável fortuna crítica, são incluídos nas principais antologias piauienses e são citados nas principais obras sobre literatura do Piauí, etc. E, ademais, feliz ou infelizmente, já estão com mais de 48 anos de idade. Poderia citar nomes e datas, mas não o farei, em decorrência da necessidade de concisão, mesmo porque não desejo polemizar, já que tratei o assunto de forma objetiva, calcado em fatos e na simples aritmética da estatística.
Até porque sei que sempre em amostragem alguns dirão que houve inclusão ou exclusão indevida. Cabe ao historiador literário verificar a qualidade e respeitabilidade da obra de cada autor, sopesá-las, verificar a fortuna crítica existente, cotejar outras obras, considerar as antologias lançadas, fazer estudos comparativos e agir com justiça, com imparcialidade, sem ciúmes e invejas, sem compadrio de amizades e de gerações, e, sobretudo, sem paixões de caráter pessoal.
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