sábado, 10 de julho de 2010

DIÁRIO INCONTÍNUO

Elmar Carvalho


Os jornalistas e desportistas Garrincha (Deusdete Nunes) e Carlos Said

10 de julho


BREVE CRONOLOGIA DE CARLOS SAID

Fui visitar o amigo Carlos Said, para lhe entregar o meu opúsculo PoeMitos da Parnaíba e para conversar um pouco com ele. Aproveitei para anotar algumas coisas a seu respeito, uma vez que conheço bem a sua notável biografia. Tive a honra de ter o meu livro O Pé e a Bola, sobre o futebol campomaiorense e parnaibano, prefaciado por ele. Por diversas vezes, tenho sido distinguido com comentários seus sobre a minha poesia. Nasceu em Teresina, em 14.01.31. É quase, pois, um oitentão. Formou-se em Direito, Filosofia e em Geografia e História. É jornalista esportivo desde 1943, quando tinha apenas doze anos de idade. Foi professor de Geografia e História em quase todos os colégios da capital. Exerceu o magistério na Faculdade de Filosofia (FAFI) e na Universidade Federal do Piauí. Nesta, por falta de professores em seu início, lecionou várias disciplinas, em virtude de sua cultural geral. No tempo em que a rádio Pioneira ficava no ar durante 24 anos horas, cunhou o slogan “a emissora que não para”. Quando, em serviço de reportagem, em 02.03.64, sofreu um acidente, reza a lenda que ele próprio narrou o episódio. Por esse fato e talvez por causa de sua natureza resistente e quase incansável, surgiu o seu epíteto de Magro de Aço, a que eu acrescentaria as palavras inoxidável e inolvidável, caso o apelido original já não fosse demasiadamente forte. Em 1948, ingressou na rádio Difusora, a mais antiga de Teresina, como narrador e comentarista de futebol. Em 1958, fundou a Associação dos Cronistas Desportivos do Estado do Piauí (APCDEP), tendo sido o seu primeiro presidente. Em 1º de março de 1946, juntamente com outros colegas do Colégio Leão XIII, dirigido pelos professores Moaci Ribeiro Madeira Campos e Antilhon Ribeiro Soares, fundou o River Plate Club, em homenagem ao time homônimo da Argentina, porém teve que modificar seus estatutos, pois o autoritário presidente da Confederação Piauiense de Futebol, Raimundo Ney Baumann, que foi titular da Delegacia Regional do Trabalho e interventor de Campo Maior, não aceitava nomes estrangeiros, pelo que a agremiação futebolística passou a denominar-se River Atlético Clube. De 1946 a 1951 foi titular ou 1º reserva, na posição de golquíper riverino. Nos anos de 52, 53 e 54 foi campeão piauiense pelo River, na condição de titular absoluto. A partir de 1955 até a data do acidente (02.03.64) continuou a jogar no RAC, mas só atuando quando convocado. Casou no dia 14.07.56, com a senhora Rochelene, barrense, das família Fernandes e Fortes, com quem teve cinco filhos (duas mulheres e três homens). Dois deles, Fernando e Gustavo, seguiram-lhe os passos no jornalismo e no magistério universitário. Em plena lua de mel, mais precisamente um dia após o casamento, foi defender a meta do River, na decisão do campeonato de aspirantes, em que esse time se sagrou campeão invicto. Em 1955, foi fazer, em Fortaleza, a cobertura de dois jogos em que o River enfrentaria as equipes do Calouros do Ar, no sábado, e do Ferroviário, no domingo. Na primeira partida, os dois goleiros do River, Afonso e Xavante, não puderam jogar, pelo motivo prosaico de que estavam acometidos de uma forte diarréia. Diante dessa situação, Carlos Said foi convidado a defender a equipe do Galo, e o fez com tanta garra e brilhantismo, que sua atuação foi comparada ao discurso inflamado, entusiástico e arrebatado do integralista Plínio Salgado, também de compleição franzina, que então se encontrava na capital alencarina. Foi diretor de jornalismo e esporte da Rádio Pioneira, fundada pelo arcebispo Dom Avelar Brandão Vilela, em 08.09.62. Iniciou sua atividade de comentarista esportivo de televisão, em 1992, na emissora Antena 10. Atualmente, exerce essa atividade na TV Cidade Verde. Tem coluna no jornal Meio Norte, na qual escreve sobre história, literatura e esporte. Continua em atividade na rádio Pioneira. Foi comunicador social da Previdência Social no Piauí durante quarenta anos. Na década de 70, nas transmissões esportivas, Carlos Said e Dídimo de Castro reinavam absolutos, o primeiro com seus comentários judiciosos, e o segundo, como narrador. Geralmente, suas previsões analíticas se concretizavam, tanto que muitos técnicos o ouviam, e seguiam as “sugestões” radiofônicas de suas análises. Várias palavras, consideradas “bonitas” e “difíceis”, com que ele enfeitava seus comentários, com certa dose de humor, como energúmeno, apedeuta, pacóvio, bilinguinguim do inferno, etc., se transformavam em verdadeiros bordões, repetidos por todos os ouvintes. Gostava de usar a expressão “raios me partam”, se determinada situação não acontecesse. Um amigo meu, ouvinte dele, amiúde a usava; porém, cautelosamente, trocava o pronome “me” por “te”, pelo que nada sofreria se as coisas dessem errado. O Carlos Said continua a ser, quase oitentão, o mesmo homem incansável e inquieto de sempre, de forma que permanece sendo o eterno Magro de Aço – aço inoxidável e inolvidável, porque ele deixou de ser apenas professor de História para entrar na História, pelos serviços que tem prestado ao jornalismo, à cultura, à historiografia e à literatura do Piauí.

Um comentário:

  1. Muito bom poder ter conhecido melhor a história do meu avô através desde blog. Parabéns! RenataSaid

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