6 de outubro
PANEGÍRICO COM PITADA DE HUMOR
Elmar Carvalho
O advogado Daniel Gonçalves, que foi meu colega no curso de Direito, na UFPI, recordou alguns dos nossos condiscípulos. Disse que o Terceiro e o Luís Meneses haviam falecido. Eram dos mais velhos da turma, porém bem relacionados. Com referência ao primeiro, eu gostava de dizer que ele podia ser o terceiro até para a sua mãe, mas que para mim era o primeiro. O segundo, foi vice-prefeito de Timon. Meses atrás o vi na Clínica Lucídio Portella, em companhia de familiares. Algo me disse que sua situação parecia ser grave. Agora, soube que morreu. Era filho do senhor Meneses, colega de meu pai nos Correios, em José de Freitas, quando lá moramos, durante um ano e poucos meses. Nesse período, meu pai trouxe para nossa casa um prato de fina iguaria, na hora do almoço, dizendo que se tratava de um pombo. Dividiu com a família. Comi com entusiasmo e sofreguidão. Meu pai me perguntou se eu havia gostado. Respondi que sim. Perguntou que gosto tinha. Disse-lhe que era semelhante ao de uma galinha. Meu pai sorriu, e disse que havíamos comido uma gia, preparada pelo senhor Meneses. Não me dei por achado, e pedi mais. Não havia mais. Ainda hoje sinto o gosto mais que gostoso daquela gia, magia gastronômica preparada pelo Menesão, pai de meu falecido colega de farto bigode a la Sarney.
Por causa de minha tirada com o Terceiro, lembrei-me de uma outra, esta relacionada com o professor Cordão, de quem não tive a honra de ser aluno. Ia eu descendo o Alto da Jurubeba, ou seja, a colina da igreja de São Benedito, quando o avistei dentro de seu automóvel. Apesar de conhecê-lo da Academia Piauiense de Letras, inclusive tendo ido a sua posse, que por sinal fora muito concorrida, não tinha intimidade com ele. Mas ao vê-lo, me veio o impulso de fazer uma brincadeira. Nessa época, ainda jovem, eu perderia o amigo, mas não perderia a piada. Abordei-o da seguinte forma: “Professor, o senhor pode ser Cordão para sua mulher, para seus filhos, para seus netos, mas para mim o senhor é um cabo, cabo de aço, e se for cordão, é cordão de ouro!” Hoje, mais amadurecido, ou mais velho, se o leitor preferir, não sei se tiraria essa pândega com alguém mais velho, com quem não tinha maior proximidade. De Cordão, além do magistério e do profissional da saúde, na área da bioquímica, resta a lembrança imperecível de um homem que foi bom, e que prestou inestimáveis serviços no campo da assistência social, como um voluntário que envidou relevantes esforços em prol dos excepcionais, sobretudo por ter liderado a APAE por vários anos. Paraibano, fez por merecer os títulos honoríficos de cidadão teresinense e piauiense. Era formado em Bioquímica e Farmácia. Morre o homem e fica a fama, diz a música da velha guarda. E fica o exemplo, acrescento eu.
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