Ferrer Freitas, o mais jovem setentão |
Antonio Reinaldo Soares Filho (*)
Todas as cidades têm seus filhos emblemáticos, aqueles que ao se falar do lugar logo é lembrado seu nome. Assim é hoje Oeiras e Ferrer Freitas. Pedro Ferrer Mendes de Freitas completa seus setenta anos, uma dádiva Dele para sua família, amigos e dos que têm o privilégio de conhecê-lo. Atencioso, finamente educado, memória privilegiada, intelectual refinado é uma referência no meio intelectual piauiense. É muito agradável um encontro com o nosso Comendador, compartilhar uma cervejinha no final de semana, quando o tempo perde a razão de ser medido. Somos de gerações diferentes. Sou contemporâneo de seu irmão Benedito, também intelectual, amante das belas letras, cronista e um grande redator. Mas, no passado, compartilhamos das tertúlias do Velho Oeiras Clube e das sessões do Instituto Histórico de Oeiras, comandadas por Possidônio Queirós, Costa Machado e Expedito Rêgo. Hoje, é um dos guardiões de nossa memória, quando procura compartilhar, com as para as novas gerações, os nossos valores, o que somos e o que vivemos.
Ferrer pertence à geração de Luís Ronaldo Sá, Albérico Vieira de Sá, Antônio Amorim Guida, Silizinho, Paulo de Tarso Ribeiro Gonçalves Filho, Turene Rêgo, Gerson Campos, Gerardo Queirós... Tempo de anos dourados, de novas batidas do violão de João Gilberto. De romantismo, de quando a cidade adormecia e eles saíam pelas ruas, fazendo paradas nas portas das donzelas em desabrochar, de violão afinado a dedilhar canções inesquecíveis. Isso durante seu tempo de ginasiano. Depois, buscando continuar os estudos, se muda para o Rio de Janeiro, onde se graduou em Direito pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Como estudante frequentou a Lapa, a Praça Tiradentes, a Estudantina e muita boemia. Mas, com saudade dos seus, a sua terra retorna e faz morada em Teresina, onde constitui família. Por mérito, conquista o cargo de Sub-Secretário de Cultura do Estado do Piauí e, depois, Chefe de gabinete do Secretário de Fazenda do Piauí, Moisés Reis. Torna-se membro do Conselho de Cultura do Piauí, incentivando a divulgação de nossos valores. Assume a presidência do IHO por vários períodos, emprestando seus esforços na busca incessante de posicionar essa entidade com uma referência de credibilidade literária. É um paladino da sua Revista, quer como colaborador quer como seu editor, viabilizando algumas de suas edições.
Na capital, se fez amigo de todos que o procuram. De espírito boêmio, era frequentador do Bar Nós e Elis, de encontros com jornalistas e escritores e nos saraus do Ágora. Foi colaborador do jornal O Cometa e de todos os noticiosos que surgiram em sua terra, mantendo, atualmente, uma coluna no Portal da Fundação Nogueira Tapety. Estreitou laços com intelectuais consagrados, como Celso Barros, Paulo Nunes, Dagoberto Carvalho, João Gonçalves, Elmar Carvalho, Carlos Rubem e tantos outros e, mais recentemente, com Joca Oeiras. É de muitos amigos.
Em Ferrer, as letras fluem e se juntam, formando belas construções de locuções que encantam e cativam, aprisionam o leitor na sua leitura, na ânsia do nunca desejar acabar. Em suas crônicas publicadas na Revista do IHO, nos jornais de Teresina e no seu livro “Solo Distante” ele sempre nos presenteia com suas belas exposições. No seu amor telúrico à velha capital ele vai registrando fatos vividos pelos seus contemporâneos ao tempo que presta homenagens àqueles que fizeram por ser louvados. É a trajetória de um vencedor.
Que Deus lhe conceda muitos anos de vida.
(*) Ex-presidente do Instituto Histórico de Oeiras
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