CANÇÃO MELANCÓLICA
Clóvis Moura
Nasci coberto de luas.
Minha mãe silenciou:
vai ser poeta das ruas,
e o vaticínio acertou.
Por isto nas praças públicas
meu verso se faz fumaça,
ama o silêncio, a penumbra
que os cadáveres fabricam
ou o riso emurchecido
dos vagabundos notívagos.
Dentro da noite navego
no meu barco sem comando
enquanto o mundo transita
em um mar feito de gritos.
Solto nuvens sonolentas
com o meu verso de fumaça:
que importa se ele naufraga
se sou poeta que passa?
A Santa me olha solene:
será Saudade ou tristeza?
Fico perdido na dúvida
e me duplico: incerteza.
Por isto é que sou poeta
pois a mãe sentenciou:
não caminho em linha reta
e fujo do que já sou.
Extraído de LB – Revista da Literatura Brasileira, nº 6
Por falar em linha reta, olhando para a linha do tempo, vejo que seu blog está às vésperas do segundo aniversário. Parabéns, nobre bardo!!!
ResponderExcluirÉ verdade. Obrigado. Espero ter perseverança para continuar, e assim realizar os meus projetos literários.
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