7 de março Diário Incontínuo
INICIAÇÃO MAÇÔNICA EM REGENERAÇÃO
Elmar Carvalho
No sábado passado, veio de Teresina, numa van fretada
pelo Grande Oriente do Brasil – Piauí, a esta cidade de
Regeneração uma boa turma de maçons, sob o comando do eminente
Grão-Mestre Francisco José Sousa. Entre outros irmãos, faziam
parte da “trupe” o irmão emérito Cícero Veloso, Haroldo, o
Hermógenes e o magistrado Dioclécio Sousa. Saímos às 14 horas,
pois às 17 teriam início os trabalhos de iniciação dos candidatos
Abelardo Pio Vilanova, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do
Piauí, do qual foi presidente, e Genivaldo Pio Mendes Vieira, empresário.
Nem a viagem de vinda nem a de volta nos cansou, e ambas
nos pareceram rápidas, pois o mestre Hermógenes, dedicado auditor
fiscal do Estado, que conheço há alguns anos, estava imbatível na
arte de contar anedotas e piadas, com o seu vasto e basto bigode, que
me faz lembrar o cantor Bienvenido Granda, cognominado o Bigode que
Canta, enquanto o bom Hermógenes bem poderia ser chamado de “bigode
que conta”. É certo que, em alguns momentos, foi coadjuvado pelo
GM Francisco José, pelos irmãos Dioclécio e Haroldo, sendo certo
que este escriba também deu a sua contribuição, de sorte que o
anedotário foi farto, bom e variado.
O Grão-Mestre e o Venerável da Loja Maçônica
Tabelião Manoel Isaac Teixeira conduziram os trabalhos iniciáticos
com admirável perfeição. Tudo transcorreu da forma como manda o
manual. Os neófitos foram saudados pelo orador da loja, Dr. Alfredo
Nunes, que lhes fez o justo e merecido elogio, e lhes traçou breve
perfil biográfico e familiar. Vários irmãos fizeram uso da
palavra, de forma sintética e apropriada. Como se fosse para coroar
a sessão, a energia elétrica, precária como sempre, achou de
faltar, fazendo com que a solenidade fosse encerrada à luz de velas,
como nos velhos tempos dos augustos mistérios. Ao menos na
comemoração festiva, no lado de fora do templo, pudemos contemplar
as estrelas, que pareciam brilhar com mais intensidade no céu
regenerense.
Em minha breve saudação aos dois novos obreiros, fiz
uma rápida retrospectiva histórica da maçonaria no Piauí, para
que eles melhor entendessem o clima espiritual que deve permear a
sublime ordem. Disse-lhes que, na primeira metade do século passado,
alguns maçons, grandes intelectuais, trocaram algumas verrinas e
catilinárias com determinados sacerdotes da Igreja Católica, e por
isso foram considerados anticlericalistas. E de fato eles o eram, no
sentido de que se insurgiam contra certo farisaísmo e hipocrisia de
alguns poucos membros do clero.
Sabe-se que alguns se diziam agnósticos ou mesmo ateus.
Isso é fato, e foi contado em alguns livros de história de nosso
estado. Essa pose de agnóstico parecia ser um vezo da época, uma
certa postura de alguns intelectuais do período, assimilada talvez
de corifeus nacionais e internacionais, ao que parece. É claro que
eram pessoas sérias e sinceras, mas que mesmo assim não ficaram
imunes às influências da cultura de então. Mesmo porque a
Maçonaria porfia em somente admitir pessoas do bem, de bom caráter,
de boa formação moral, não significando isso dizer que não possam
existir uma ou outra exceção.
Todavia, fiz questão de enfatizar, nos dias atuais a
Ordem só admite em seu seio pessoas que acreditem em um ser supremo,
ou seja, Deus, que designamos como Grande Arquiteto do Universo. Se o
profano se declarar ateu, jamais ingressará na instituição.
Espera-se que uma pessoa que creia em Deus seja uma pessoa melhor,
por motivos que não irei discutir neste momento. De qualquer modo,
sei que alguns homens valorosos, de bom coração e cumpridores do
dever foram ateus ou agnósticos, entre os quais cito Machado de
Assis e Carlos Drummond de Andrade, para ficar apenas na seara
literária.
Falei, ainda, o que tenho pregado em minhas conversas e
em eventuais palestras ou escritos; falei que, no meu entendimento,
Deus não quis fazer o homem como uma obra perfeita, pronta e
acabada. Parece ter criado uma obra em aberto, feita para crescer e
se desenvolver, espiritual e intelectualmente, em busca da perfeição,
que será talvez para sempre um ideal inalcançável. O homem, obra
do incriado Criador, é uma obra que também se constrói a si mesma,
quando progride, quando procura tornar-se melhor.
Portanto, o ser humano deve estar sempre envidando
esforços para livrar-se de suas fraquezas e imperfeições; deve
buscar sempre estar melhor hoje do que ontem, e melhor amanhã do que
agora. Aliás, Cristo nos advertiu para sermos perfeitos, como Deus o
era. Disso podemos extrair que o nosso ideal é impossível de ser
alcançado. Contudo, devemos nos esforçar para dele nos
aproximarmos, por mais longe que fiquemos, por mais difícil que seja
o nosso esforço. Disse, ainda, fulcrado nas lições maçônicas,
que somos uma espécie de pedra bruta, que nós próprios devemos
desbastar e lapidar, escoimando-a das impurezas e imperfeições, por
mais árdua e difícil seja essa missão.
Por último, disse que a oficina regenerense tinha
adquirido dois obreiros que certamente iriam engrandecê-la e
dignificá-la. Quis enaltecer o regenerense Abelardo Vilanova ao
proclamar que ele era um paradigma para todo servidor público, um
exemplo a ser imitado, porquanto fizera suas conquistas por esforço
e mérito próprio, sem necessidade de “pistolões”. Sem ser
filho de potentados ou de encastelados próceres da política
piauiense, ascendera a conselheiro do TCE, e fora seu presidente, com
probidade e competência.
Meu irmão,aqui fazendo o caminho de volta,me atrevo a fazer esse comentário,lembrando do dia feliz,em que fui iniciado.
ResponderExcluirConservo uma imensa saudade da prática maçônica.Quando houve meu afastamento, devido às intempéries que sofri, me achei sozinho,no momento que mais precisei dessa luz. Hoje lamento,mas quero compreender, que os que estavam a minha volta,apenas não me escutaram o grito de socorro.
Continua acesa no meu coração,a mesma chama de esperança,que recebi no dia em que avistei a luz. Quem sabe um dia,se o Grande Arquiteto permitir, eu conclua a escalada interrompida. O aprendizado que tive, foi importante instrumento de auxílio na difícil caminhada que fiz.Um grande abraço.
Caro Simão,
ResponderExcluirApesar de eventuais senões, o seu depoimento em seu comentário é muito importante, e espero conversar com o GM e o Zé Ataíde sobre o que o irmão disse. O seu retorno certamente fortaleceria as colunas da Ordem.
Meu Irmão, é com grande alegria que faço esse contato, que bom encontrar irmãos como você, vigilante e preocupado com os que estão a sua volta. Quem sabe um dia, as luzes desse oriente possam me alcançar,afastando as nuvens que me desviaram desa caminhada.
ResponderExcluirmeu pobre teclado em frangalhos,engole letras, quis dizer:dessa caminhada.
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